sábado, 2 de setembro de 2017

Quando a realidade tira o tapete à demagogia


«Comecemos por sublinhar que a realidade é dinâmica e que quando Hollande, Tsipras e Varoufakis tentaram aplicar receitas diferentes das impostas pelo “diktat” de Berlim e do Eurogrupo os tempos eram bem diferentes: estava-se em plena crise das dívidas soberanas e praticamente não havia contestação científica à receita que estava a ser aplicada, apesar dos resultados provarem que se estava muito longe de chegar à terra de leite e mel prometida pelos seus arautos neoliberais. (...) Reputados Prémios Nobel de Economia, como Paul Krugman ou Joseph Stigliz, colocaram em causa do ponto de vista científico o processo de ajustamento que vinha a ser seguido; mesmo no plano das organizações internacionais, como o Fundo Monetário Internacional, se ouviram declarações (...) ou foram conhecidos estudos (...) reconhecendo erros graves e consequências negativas para as economias e os povos que foram sujeitos aos programas de ajustamento.
(...) A anterior maioria dizia que queria devolver ao longo de quatro anos pensões e reformas que tinham sido cortadas entre 2011-2015; foram devolvidas num ano. A anterior maioria queria acabar com a sobretaxa de IRS em quatro anos; também já foi eliminada. O défice que, segundo a direita ia disparar de acordo com a tradição socialista, passou de 3,2% em 2015 para 2% em 2016 (bem abaixo dos 2,5% acordados com Bruxelas) e vai a caminho dos 1,5% este ano. A economia, que tinha crescido 1,6% em 2015, caiu para 1,4% em 2016 mas vai este ano ficar pelo menos em 2,5%, o maior crescimento desde o início do século. O investimento, que a direita insistia que não voltaria com um governo socialista apoiado por bloquistas e comunistas, cresceu acima de 10% em termos homólogos no segundo trimestre deste ano. (...) O desemprego, que iria aumentar com a subida do salário mínimo, não cessa de cair; de 12,6% está agora em 9,1%. Os índices de confiança dos consumidores e de clima económico estão nos valores mais elevados desde há 17 anos. E mesmo as agências de rating melhoraram o outlook da dívida pública portuguesa e provavelmente virão a tirá-la da classificação de “lixo” no próximo ano.

Convenhamos, portanto, que se as ideologias não resistem à realidade, os discursos demagógicos resistem bastante menos aos factos. E o que está escrito acima são factos, factos e mais factos revelados pelo Instituto Nacional de Estatística, pelo Banco de Portugal e por universidades. Sim, nem tudo está bem e as preocupações são mais que muitas. (...) Mas isso é o futuro – e o mais difícil de prever é o futuro. Até lá, o Governo e a maioria que o apoiam tem resultados para apresentar, a par das boas expectativas dos agentes económicos. E não, não foi a fazer a mesma política do anterior Governo: foi a alterá-la em múltiplos aspetos, por muito que a direita, interna e externa, Berlim e o Eurogrupo, o PSD e o CDS, para se consolar, digam que o que está a ser feito era o que estava na cartilha neoliberal do programa de ajustamento. Convenhamos que há quem pie pior do que aqueles que são acusados de não piar».

Nicolau Santos, Piam ou não piam? (as ligações não constam do texto original)

11 comentários:

Unabomber disse...

O Nicolau Santos esqueceu-se de alguns Factos:
- É um Facto que em 2011 ficámos sem acesso aos mercados financeiros internacionais;
- É um Facto que os parceiros Europeus exigiam (em 2011) a aplicação de medidas de austeridade para nos emprestarem o dinheiro (que ninguém no mercado nos nos emprestava);
- É um Facto que (em 2011) precisávamos que nos emprestassem dinheiro para pagar parte das importações (correspondentes aprox. ao défice da balança corrente) e para pagar os valores que se venciam da divida.

Ora, perante estes Factos era possível em 2011 não haver austeridade (em Portugal)?
- Obviamente que era impossível não haver austeridade.
.......
Mesmo, a "alternativa" à troika, ou ao Pec IV, que seria entrar em incumprimento (não pagar) e sair fora do euro, iria forçosamente implicar forte austeridade.

Anónimo disse...

Mais uma vez unanomber esquece-se do fundamental.

Governa-se em função de quem é explorado ou de quem explora.

Unabomber arranjou um novo TINA aplicado desta vez aos seus factos e à trafulhice das contas neoliberais. A austeridade tida como irremediável também é uma questao de classe.

E muitas propostas havia que fariam mudar o rumo da governaçao. Da dita austeridade.

Com consequências claro para oz donos disto tudo.
E aí talvez Unsbomber dissesse:

Ai não aguentam , não aguentam

Anónimo disse...

O que sobra?

Um triste faduncho a tentar vender-nos a benignidade dos nossos parceiros e o irremediável da governação neoliberal.

Com os seus factos montados na leitura do mundo dos senhores do Euro, da Europa e do Capital.
E que de pedra e cal há anos, assistem ao lento ruir das suas certezas e dos seus factos tidos como TINA.

É o que se vê.
As desigualdades ampliaram-se com as irremediabilidades do Unabomber mas ele esqueceu-se de as nomear. A austeridade nao foi para esses. A forte austeridade ficou para os demais

Jose disse...

Para já os créditos do autor comparam com os do 'Pinóquio'.
O crescimento do investimento é homólogo, quer dizer compara com um ano miserável.
O maior crescimento da economia do século compara com a quebra do século que o precedeu...e por aí fora num mantra de um Governo que se limitou a comprar o poder e surfar uma conjuntura favorável.

Fica por dizer que dos 'erros' da receita do passado se mantém o essencial: acabar com o desequilíbrio das contas públicas.

Diógenes disse...


A continuar a escrever assim, não auguro ao Nicolau Santos, longa permanência no semanário Expresso.
É do domínio público que o grupo Impresa está atravessando um período muito turbulento,, devido à fuga de leitores e espectadores dos seus meios de informação. Outra coisa não era de esperar, face à perda de independência e ao alinhamento descarado na defesa dos mitos cavaquistas e passistas na defesa da austeridade virtuosa.
Os números e as politicas falam por si. É óbvio que é sempre possível mais.......

Anónimo disse...

Bem tenta frei jose.

Falará nos "créditos do autor" (Nicolau Santos).Como um demagogo frei jose ditará definitivo que tais créditos se comparam com os do 'Pinóquio'."

"Esqueceu-se" de justificar tal afirmação.

Treta que define um treteiro? Pio a tentar fazer coro com outro pio?

Anónimo disse...

Perante o conjunto de factos descritos por Nicolau Santos:

"A anterior maioria dizia que queria devolver ao longo de quatro anos pensões e reformas que tinham sido cortadas entre 2011-2015; foram devolvidas num ano. A anterior maioria queria acabar com a sobretaxa de IRS em quatro anos; também já foi eliminada. O défice que, segundo a direita ia disparar de acordo com a tradição socialista, passou de 3,2% em 2015 para 2% em 2016 (bem abaixo dos 2,5% acordados com Bruxelas) e vai a caminho dos 1,5% este ano. A economia, que tinha crescido 1,6% em 2015, caiu para 1,4% em 2016 mas vai este ano ficar pelo menos em 2,5%, o maior crescimento desde o início do século. O investimento, que a direita insistia que não voltaria com um governo socialista apoiado por bloquistas e comunistas, cresceu acima de 10% em termos homólogos no segundo trimestre deste ano. (...) O desemprego, que iria aumentar com a subida do salário mínimo, não cessa de cair; de 12,6% está agora em 9,1%. Os índices de confiança dos consumidores e de clima económico estão nos valores mais elevados desde há 17 anos. E mesmo as agências de rating melhoraram o outlook da dívida pública portuguesa e provavelmente virão a tirá-la da classificação de “lixo” no próximo ano"

O que faz perante isto frei jose?

Tenta provar a tese de pinóquio? Mas vejamos:

Mete os pés pelas mãos e fala que afinal o crescimento do investimento é homólogo e compara com um ano miserável ( anos de autêntica miséria foram os de Passos Coelho, mas adiante). Silêncio completo sobre a denúncia atempada e certeira do discurso da direita que insistia que não voltaria investimento com um governo socialista apoiado por bloquistas e comunistas ( afinal cresceu acima de 10% em termos homólogos no segundo trimestre deste ano)

Tenta atamancar mais um argumento e só lhe sai esta bojarda:

"O maior crescimento da economia do século compara com a quebra do século que o precedeu..."

Alguém diga aí ao pobre e agitado frei jose que a economia registou o maior crescimento deste século.Não se comparou com mais nada, nem se recuaram 17 anos para trás. É assim tão difícil perceber?

E que mais temos?
Um tenso, apressado e sussurado "e por aí fora".

Nada mais. Niente. Silêncio total e absoluto sobre tudo o dito por Nicolau Santos. O tal que fora comparado a um Pinóquio. Fica-se frei jose por um oco, vazio e acobardado "e por aí fora"

É a isto que está reduzida a direita e a sua extrema?

Podia-se adjectivar de várias formas este tipo de atitudes. Mas o que sobressai é mesmo uma enorme desonestidade intelectual

Anónimo disse...

O pregador das virtudes da troika, o sentido entusiasta da austeridade uberalles, o perfilado defensor das virtudes de Passos, o repetido caluniador do mundo do trabalho, o incontido adepto do ajuste de contas com Abril de 74 o que tem mais a dizer?

Um" Governo que se limitou a comprar o poder e surfar uma conjuntura favorável".

"Comprar o poder"? Ah, o verniz democrático sai com tanta facilidade nesta turba agitada e inquieta, ávida por golpes anti-constitucionais e caceteiros

"Surfar uma conjuntura favorável"? Ah, a repetição da discursata desonesta e fraudulenta de Passos a confirmar que não é apenas o termo "coitadinhos" que impregna o corpo, a mente e os sonhos de frei jose

Anónimo disse...

"A realidade em Boliqueime
Cavaco Silva na Universidade de verão do PSD/CIP/CAP , disse que a "realidade tirou o tapete à ideologia"
Será que o douto prof se estava a referir ao facto de ter aconselhado os portugueses a continuarem a comprar papel do Espírito Santo garantindo que o Banco era sólido e de toda a confiança !
Ou será que se estava a referir ao facto de ter vaticinado a catástrofe com este governo, na senda dos vaticínios , de então , de Shauble e de Passos com o "vem aí o diabo "!
Na verdade a dura realidade é muito dura"

(Pena Preta)

Anónimo disse...

“A palavra presidencial deve ser escassa "
Cavaco Silva 2017 na Universidade de Verão do PSD

“Ontem eu reparava no sorriso das vacas, estavam satisfeitíssimas olhando para o pasto que começava a ficar verdejante”, contou Cavaco Silva em Santa Cruz da Graciosa.
Publico 21 de Setembro de 2011

(Pena Preta)

Anónimo disse...

A propósito desta afirmação referente a um tal Jose

Silêncio completo sobre a denúncia atempada e certeira do discurso da direita que insistia que não voltaria investimento com um governo socialista apoiado por bloquistas e comunistas (afinal cresceu acima de 10% em termos homólogos no segundo trimestre deste ano).

Relembra-se o que disse o mesmo tal Jose há um tempito e completamente fora de si:
"Ter crédito é ter credibilidade e neste país de comunas abrilescos só um louco é que mete cá dinheiro!"