domingo, 24 de abril de 2016
União Bancária?
Note-se a ironia de que as ajudas estatais são invocadas por Bruxelas para impor uma solução que resulta, ela própria, numa subsidiação a um grupo espanhol. A ajuda é boa quando está ao serviço de um processo de concentração à escala europeia, com grandes grupos monopolistas estrangeiros no controlo. Esta é, aliás, a economia política da União Europeia, em geral, e da União Bancária, em particular. O seu efeito é claro: aumentar a instabilidade, já que um sistema bancário controlado a partir do exterior está ainda mais exposto a movimentos bruscos de capitais, como a experiência dos países da Europa de Leste atesta. Note-se ainda, outra ironia, que muitos europeístas nacionais, que celebraram a transferência, em curso, de poderes regulatórios na esfera bancária para o centro europeu, queixando-se quanto muito da timidez do que é um reforço dos poderes do BCE, vêm agora defender a rápida resolução adoptada.
Partindo deste excerto, procurarei desenvolver, em mais um plural encontro do Instituto Europeu, dirigido por Eduardo Paz Ferreira, um conjunto de argumentos críticos em relação à União Bancária, tentando indicar como a defesa política de uma maior integração é, pelo menos desde Maastricht, uma receita para uma economia política da estagnação e do rebaixamento nacionais. Não se aprende nada? Enfim, precisamos claramente neste campo de desintegrar, de desconectar, de desfinanceirizar, ou seja, de fazer com que a finança e o seu controlo sejam estatais. De resto, precisamos, também nesta área, de um campo de estudos sobre a desintegração europeia, capaz de inspirar novas políticas.
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2 comentários:
Mais uma vez na mouche.
Algumas intervenções sobre a União Bancária, bem caracterizada como um passo mais na integração capitalista europeia, numa iniciativa recente.
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