segunda-feira, 17 de março de 2014

What have the romans ever done for us?



Paulo Baldaia, director da TSF, teve o seu momento Monty Python, quando, no programa Bloco Central, criticou o manifesto dos 70 por, e cito (de memória), Portugal ousar defender a reestruturação sem dar nada em troca aos seus credores.

Num remake do what have the romans ever done for us, podemos reformular o que disse Paulo Baldaia do seguinte modo:
● Tirando não ter entrado em incumprimento desordenado, o que evitou o colapso do sistema financeiro dos países credores;
● Tirando ter assinado o two pack, o six pack, o Tratado Orçamental - um conjunto de reformas que a Alemanha e os países credores exigiram - e estar comprometido com um projecto que, na sua essência, beneficia estruturalmente os países credores em desfavor das economias mais fragilizadas do sul...
... o que é que Portugal (e a chamada periferia) já fez pelos países credores?

Paulo Baldaia tem toda a razão: tirando isso tudo, o manifesto não dá (mais) nada aos credores, apenas ousa pedir que nos dêem condições para sair do atoleiro em que estamos metidos.

14 comentários:

Anónimo disse...

Mas alguém houve um comissário político a fazer de conta que faz jornalismo?

Semana após semana a entrevistar banqueiros e ajudantes de merceeiros?

Anónimo disse...

"... atoleiro em que estamos metidos." Atoleiro porquê? Ninguém ainda demonstrou que dívida acima dos 60% do PIB (esse número mágico que ninguém sabe de onde surgiu) é prejudicial ao crescimento (o João Galamba é capaz de referir estudos? O de Reinhart e Rogoff não vale!).
Em vez de se preocuparem com dívidas e reestruturações os signatários do Manifesto deviam era reavivar o outro manifesto sobre a necessidade de investimento público (a começar pela construção do novo aeroporto de Lisboa e do TGV)!

Anónimo disse...

Diria eu ao anónimo das 14h27 que lesse anos e anos do Ladrões de Bicicleta.

Se de cada vez que algum dos autores fizesse uma afirmação tivesse de ir provar o que já referiu dezenas de vezes e provou outras tantas, bem fodidos ficavam.

A única coisa que a crise trouxe de bom, foi parar a doideira de um aeroporto na melhor terra agrícola e ecológica nacional, e logo quando o tráfego da aviação só tende a diminuir, com preços de combustível e crise.

Anónimo disse...

Sugestão de carta a enviar aos nossos credores para renegociar a dívida.

"Caro credor,

Vimos por este meio solicitar a redução da dívida contraída junto de Vossa Excelência para que nos possamos rapidamente voltar a endividar para relançar o investimento público, acabar com a austeridade e enveredar assim pelo crescimento económico. Desta vez prometemos que é a sério.

Com os melhores cumprimentos
Governo de Portugal

P.S.: Por favor, vá lá!"

Jose disse...

O manifesto é um bolsar típico das 'elites' indígenas, que só se juntam para proclamações mediáticas inconsequentes e que em tudo mais cava diligentemente o seu nicho individual de pretensa originalidade, que tipicamente constrói pela contestação de tudo o que pareça ser o senso-comum!!!!

Anónimo disse...

"Um conjunto de reformas que a Alemanha e os credores exigiram" e os socialistas miseravelmente aceitaram... Fossem todos para a Troika que os pariu!

Pedro Estêvão disse...

O que é divertido é a preocupação obsessiva que o Paulo Baldaia e tantos outros têm com os interesses e os humores dos credores. E que tal preocuparem-se por uma vez com os *nossos* interesses?

Os credores já são crescidos e saberão certamente velar pelos seus interesses nas negociações para a reestruturação da dívida. A mim o que me preocupa é ter alguém do nosso lado que defenda os interesses do povo português e o futuro social e económico do pais nessas negociações. E isso nenhum credor, melhor ou pior humorado, o fará por nós.

Anónimo disse...

Com a devida licença transcrevo um comentário de um anónimo:
"Se de cada vez que algum dos autores fizesse uma afirmação tivesse de ir provar o que já referiu dezenas de vezes e provou outras tantas, bem fodidos ficavam."
Isto a propósito do comentário de um outro anónimo,das 15 e 16, que dá num espírito pretensamente jocoso a resposta "limitada e tola" que os troikistas mais primários usam.
Basta consultar o acervo deste Blog. Ou se se quiser o historial das relações entre credores e devedores.Ou se se quiser ir um pouco mais longe, consultar um manual de História.
Vá lá,não custa muito e evita-se tais figurinhas.
De

Anónimo disse...

Fia mais fino o comentário de um tal joseg em que qualifica o manifesto como um "bolsar das elites indigenas" etc e tal.
Para além de pessoalmente considerar o manifesto como tardio, como incompleto, como subscrito nalguns casos por pessoas que têm responsabilidades acrescidas pela presente situação,considero-o um documento importante.
Por isso considero perfeitamente desajustado o modo e a forma como josé se debruça sobre a questão.Como se ele, josé procurasse um argumentário assente no insulto e em juízos ocos (porque sem fundamentação), para conter todas as possíveis vozes críticas ao governo neoliberal extremista de passos coelho.
Ou seja, poder-se-ia com alguma legitimidade dizer que estamos perante uma voz do dono a trabalhar contra quem se atreve a contestar a voz do dono.
Convenhamos que é feio.E muito
De

Jaime Santos disse...

Pois Pedro, mas não se esqueça que a defesa dos interesses dos credores não é inocente. Haverá quem a defenda por convicção, seguindo o argumento moral de que temos sempre que pagar as nossas dívidas até ao último cêntimo. Sucede que o contracto de dívida abre a possibilidade de incumprimento (implica risco, quem não o quer correr não deve investir em dívida, abre antes um depósito a prazo), de outro modo não faria sentido pagar o respectivo prémio, que pode, por exemplo, ser utilizado para comprar uma opção (seguro) contra o default de dívida (o que faria perder o diferencial que se ganhou relativamente a uma aplicação segura, claro). Portanto, esse argumento é ingénuo... Ora, se não for por convicção, é por interesse... E a quem interessa que se esmifre o povo para pagar a dívida? Aos credores, evidentemente... Aos estrangeiros (que estão fartos de saber que Portugal vai reestruturar, veja a entrevista de Helmut Schmidt em Dezembro ao Bild, por exemplo) mas também aos nacionais, a saber os bancos... E qualquer renegociação da dívida vai deixar ainda mais à mostra a triste situação da nossa banca... Daí o 'Aguenta, aguenta' do Ulrich. É que se não aguentamos nós, quem não aguenta é ele... Claro, ele sabe que tarde ou cedo vai pagar o pato (na realidade, quem o vai pagar são primeiro os accionistas e depois os depositantes), mas quanto mais tarde melhor... Naquilo que eu discordo seja da Direita e Esquerda institucionais (onde se incluem muitos dos subescritores do Manifesto) é que a Alemanha e quejandos se preste a fazer de 'Deus ex Machina' para nos tirar deste atoleiro. Até porque eles próprios têm problemas que cheguem, a começar pelo triste estado dos seus bancos (e o João Galamba tem toda a razão quando diz que a transferência de parte da dívida nas mãos desses bancos para o Fundo Europeu ou a sua renacionalização, por exemplo por via da sua compra pelo Fundo da Segurança Social, foi um grande favor que lhes fizemos). Mas isso não é uma razão para não termos com eles uma posição de firmeza, bem pelo contrário...

Unknown disse...

tirando os 240 mil milhoes que vindos da UE que alguns dos ditos do manifesto ajudaram a torrar realmente estamos apenas empenhados até as orelhas sem ajuda dos sanguessugas da UE.

Anónimo disse...

Foi numa sexta-feira 13, em Abril de 2012, que a Assembleia da República aprovou o Tratado Orçamental - um tratado que impõe, na prática, a austeridade perpétua. Quase todos os deputados do PS votaram a favor, e o João Galamba foi um deles.

Anónimo disse...

Anónimo das 22:34: Olhe que não, olhe que não!

Anónimo disse...

Notícia da agência Lusa na sexta-feira 13 a que o comentário das 22:34 se refere:

"A Assembleia da República aprovou hoje as duas propostas de resolução para a ratificação do Tratado que cria o Mecanismo Europeu de Estabilidade e do Tratado sobre Estabilidade, Coordenação e Governação na União Económica e Monetária.

Os dois novos tratados europeus foram aprovados com os votos a favor dos deputados do PSD, do CDS e do PS, a abstenção dos deputados socialistas Pedro Alves e Rui Cordeiro (os dois da Juventude Socialista) e os votos contra das bancadas do PCP, BE e Verdes.

Por outro lado, a Assembleia da República rejeitou três iniciativas do BE, PCP e PEV para a realização de referendos sobre os pactos orçamentais europeus. Votaram a favor os deputados destes três partidos, mas as propostas foram rejeitadas com os votos contra do PSD, CDS e PS."

[http://sol.sapo.pt/inicio/Politica/Interior.aspx?content_id=46667]