terça-feira, 23 de julho de 2013

Leituras

«O que BdP nos diz [Boletim de Verão] deveria suspender, de imediato, o corte de €4,7 mil milhões previstos para 2014, corte esse que além de politicamente inviável é economicamente estúpido. (...) €4,7 milhões representam cerca de 2,85% do PIB e, se usarmos o multiplicador actualizado, os cortes previstos provocariam uma queda no PIB de €9,4 mil milhões - ou seja, superior ao previsto no Boletim de Verão. Por si só, esta queda aumentaria a dívida de 125% para 132% e implicaria uma diminuição de receitas de €3,3 mil milhões. (...) Uma conversa que [terminasse] com a manutenção dos cortes prometidos por Passos/Gaspar no fim da 7ª avaliação não [teria] nada de salvífico. [Era] apenas mais um acto de uma tragédia nacional.»

Pedro Adão e Silva, Para início de conversa

«Cavaco cava a crise; Cavaco não nos tira do buraco. À troika externa, o Presidente junta agora uma troika interna: uma coligação a três, Cavaco-Portas-Passos. (...) [O] Presidente apoia o medo como a principal arma da política económica contemporânea. Perante qualquer medida dir-se-á: cuidado, os "investidores" não gostarão; perigo, os "mercados" desconfiarão. Um presidente, uma maioria absoluta, uma coligação irrevogável ... má sorte ter nascido "troika". Pior renascer enquanto "troika" ao quadrado.»

Sandro Mendonça, Partidário

«Como se dizia há anos a respeito do Brasil, o problema não é que Portugal esteja a atravessar uma crise. O problema é que não está a atravessar a crise, está parado no meio da crise. E o pior ainda é que a crise não está parada. Ela aprofunda-se, levando cada vez mais pessoas para o fundo, para o desemprego, a miséria e o desespero. (...) A democracia, já explicaram Cavaco Silva e Passos Coelho, é muito cara. (...) Um novo governo assustaria os credores. Para comprar uma democracia ficávamos sem dinheiro para pagar pensões. Não temos dinheiro para comprar mais democracia. Temos de ficar com esta democracia de plástico comprada na loja chinesa.»

José Vítor Malheiros, Temos dinheiro de sobra para pagar os juros, mas não sobra para uma democracia (no Público de hoje)

2 comentários:

Ricardo disse...

Esse é o desígnio deste governo,cumprir com a troika custe o que custar para voltarmos aos mercados(quais juros?)ou acatar mais uma troika sem fmi.Acho que o interesse nacional na boca desta gente é um código para "interesse privado de nossos amigos tugas(no ex-bpn etc etc)e dos nossos credores estrangeiros".

Jose disse...

Tudo textos de enorme profundidade de pensamento!
Aparentemente tudo conduz a que se sustente a actividade económica em despesa financiada em dívida ou investimento financiado em dívida.
Estando o crédito público e privado fortemente condicionado, só sobra o corte sa despesa ou o investimento estrangeiro a atrair.
Este último é uma mera miragem numa sociedade em que o ruído socializante e irrealista é a dominante em quase 40 anos!