João Cravinho ou Ferro Rodrigues apagariam melhor os traços das políticas públicas de «mimetismo mercantil» dos últimos quatro anos. VM defendeu-as com denodado empenho. Isto para não falar nas suas acríticas posições europeias. Infelizmente, os assuntos ditos europeus contam pouco. São os custos da captura do projecto europeu por vanguardas iluminadas. A crise global e as falhas da UE, em conjunto com a qualidade dos candidatos à esquerda, onde se irá travar o debate que importa, podem fazer com que os cidadãos ganhem uma consciência mais aguda do que está em jogo. De qualquer forma, isto está tudo ligado e a distinção entre questões nacionais e europeias é já muito difícil de estabelecer na teoria e na prática políticas.
quinta-feira, 5 de março de 2009
De derrames percebo pouco
Concordo com a avaliação de Marina Costa Lobo. A excessiva personalização da política reflecte e, talvez até aprofunde, a falta de debate sobre o que importa. O PS transformou-se no Partido de Sócrates. Discordo de Marina Costa Lobo quando afirma que Vital Moreira (VM) é «a pessoa mais indicada da área de influência do PS para combater o derrame de votos à esquerda do partido». Eu não sou cientista político e de derrames percebo pouco, mas aposto que para os sectores que conhecem a sua intervenção pública, VM surge naturalmente como o mais competente ideólogo do Partido de Sócrates, ou seja, o ideólogo do fim da tradição socialista no PS. Muitos professores, por exemplo, lembrar-se-ão da forma como VM se referiu aos seus justos protestos. Sim, as questões ditas nacionais acabam por contar e muito. Facilita-se por isso a escolha a muitos socialistas que estão hoje à esquerda do Partido de Sócrates.
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