“Em abstracto, Vital Moreira é um bom candidato. Primeiro, porque é um intelectual prestigiado. Segundo, porque é um grande comunicador e muito duro no combate político. Terceiro, porque tem um pensamento estruturado sobre a Europa: elevará com certeza a qualidade do debate sobre o tema. Porém, apesar do seu estatuto formal de independente, tem estado sempre demasiado colado ao governo e à sua “linha dura” e, por isso, dificilmente conseguirá aplacar a tendência para a penalização do governo nas europeias, pelo contrário, deverá provavelmente potenciá-la.
Recordemos alguns aspectos fundamentais em que Vital tem estado muitíssimo colado ao governo. Na saúde, defendia não só a política de racionalização da rede (e bem) mas também que, tal como o governo fazia antes de mudar de ministro… (inflexão a que Vital se opôs), se fechassem os centros de saúde do interior antes de se providenciarem as alternativas. Na reforma da segurança social, bastou-lhe, tal como ao governo, que se mantivesse essencialmente como pública, sem dar nenhuma atenção à equidade na distribuição dos custos dos ajustamentos entre capital e trabalho. Na governação em geral, e na educação em particular, tem sido um dos mais ferozes adeptos da governação musculada e da ideia de que só é possível fazer reformas contra os funcionários (apelidados, na linguagem neoliberal que a terceira via adoptou para si, de representantes de interesses corporativos), além de alinhar na ideia do combate aos sindicatos que tem marcado a legislatura. Defendeu ainda o regime fundacional nas universidades: a porta aberta à privatização.
Por tudo isto, um ilustre militante socialista, desde que menos colado ao governo (como Alegre, Ferro, Cravinho), poderia contribuir melhor para estancar o eventual castigo por via da penalização do governo. Não será por acaso que alguns destes nomes foram inicialmente ventilados…”
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