sábado, 28 de abril de 2007

Liberalismo intransigente (III)

Julgo que é agora claro que André Azevedo Alves (AAA) é um «liberal» apostado numa forma particularmente insidiosa de revisionismo histórico do salazarismo. O objectivo é o de reabilitar a «obra» do regime ditatorial fascista. É evidente que como bom «liberal» AAA não se pode declarar abertamente salazarista. Então opta por um estilo de propaganda em que a sua opinião como que se apaga para ser tantas vezes substituída pela de outros que não têm os pudores (ou a boa dose de hipocrisia) de AAA.

Quanto a L. von Mises, leiam com atenção a citação que AAA amavelmente nos disponibiliza. É retirada do livro «Liberalismo». É um primor. Como apoiar um regime fascista sem comprometer os ideais liberais. Uma excelente divisão do trabalho: quando é preciso os fascistas fazem o trabalho sujo de esmagar o movimento operário e os liberais ficam a assistir na bancada ou quem sabe nalgum gabinete ministerial (batendo discretamente palmas ou até aplicando algum destrambelhado programa de «reformas»). Neste campo AAA sabe escolher bem os seus mestres. A verdade é que Mises não hesitou em apoiar soluções fascistas «cheias das melhores intenções» e que salvaram a «civilização europeia». Não só em Itália, mas também na Áustria. A manutenção incontestada da propriedade privada e do correspondente poder do capital vale bem uns mortos e até, quem sabe, umas missas.

Hoje com AAA vale apenas umas boas citações de liberais e uma série de posts salazaristas, mas bem encapotados claro.

3 comentários:

AA disse...

Fascism was an emergency makeshift. To view it as something more would be a fatal error.

"Fatal" quer dizer "mortífero"

Pedro disse...

"Então opta por um estilo de propaganda em que a sua opinião como que se apaga para ser tantas vezes substituída pela de outros que não têm os pudores (ou a boa dose de hipocrisia) de AAA."

Se o sr. João Rodrigues tivesse lido com alguma atenção (nem é preciso muita) o post do "de outros" que nest caso sou eu, constataria com facilidade que esta sua passagem, acima citada, não se aplica a este caso e torna-se mesmo teimosamente descabida. Mas, fique com a sua bicicleta.

Ricardo Alves disse...

Experimentem perguntar directamente ao AAA se se considera um democrata. O resultado costuma ser elucidativo. ;)