domingo, 29 de abril de 2007

O que é visível e invisível? E porquê?

De vez em quando Pacheco Pereira lembra-se de uma parte dos muitos livros que já leu, sai do seu casulo neo-conservador, sacode as suas responsabilidades como intelectual público comprometido com os silenciamentos que agora critica, e é então certeiro na identificação de certos processos políticos:
«Só a transformação deste 25 de Abril "popular", ou seja, da "esquerda", numa fantasmática irrealidade é que permite que o Presidente e os seus ecos governamentais digam, com absoluta calma e naturalidade, aquilo que, pelo menos para esta data, não é verdadeiro: que existe um problema de interesse e mobilização à volta do feriado do 25 de Abril. Bem pelo contrário, o 25 de Abril é um dos poucos feriados "vivos" que ainda existem, contrastando com a morte do 5 de Outubro (para todos menos os mações e os monárquicos) e dos outros feriados cívicos.
(...) Tudo o que aqui digo sobre o 25 de Abril se aplica ao 1º de Maio, que também é um feriado "vivo", mas comemorado do lado não-existente. Pode aparecer um milhão de pessoas nas manifestações que a intelligentsia mediática aborrece-se com o evento com a mesma sensação de inutilidade que lhe dá a imprensa "económica" cheia de yuppies: são restos do Portugal "velho" que não quer reformas, nem progresso económico, nem dinamismo e flexibilidade empresarial, logo não existe para a política do presente.»

3 comentários:

A. Cabral disse...

Para o Pacheco e' um Portugal Velho, ainda que quem engrosse as avenidas se tenha rejuvenescido nos ultimos anos.

E' imperativo que a juventude entenda bem o que e' ser moderno, nao se a pode permitir que ande por ai na aventura da descoberta.

João Rodrigues disse...

A. Cabral,

O PP pode ser lido assim. Mas repara que quando o PP fala em Portugal velho está colocar essa expressão na boca dos yuppies e dos intelectuais orgânicos das classes dominantes. A classe contribui para determinar a forma como nós vemos as coisas? Não é impunemente que se anda tanto tempo a escrever sobre o comunismo em Portugal!

A. Cabral disse...

tens razao, fui eu que li mal... (ressaca!)