domingo, 29 de abril de 2007
Os «novos cães de guarda»...
Penso que qualquer leitor atento da nossa imprensa concordará que um dos traços mais salientes do comentário jornalístico sobre questões de economia política é o consenso em torno da ideia de que «o mercado» (uma entidade mítica que propositadamente nunca é definida) contém em si todas as soluções para os nossos problemas socioeconómicos. Falam de mercado para não terem de falar do poder do dinheiro e da propriedade, do conflito endémico em torno da repartição do rendimento e da riqueza, da insegurança e da precariedade como reverso da expansão políticamente suportada do tal «mercado». Ou seja, para não terem de falar do poder privado, com impacto público e portanto político, que quem controla as alavancas do investimento em capitalismo crescentemente detém.
Quando alguém diz que o rei vai nú e que as políticas neoliberais dominantes são responsáveis pelo medíocre desempenho da economia portuguesa, pelo desemprego e pelo aumento da polarização social, encolhem os ombros e respondem sempre, quando se dignam a fazê-lo: só mais um esforço, se tivermos mais «mercado» tudo vai correr bem, no melhor dos mundos. A maioria continuará provavelmente a responder assim porque é escrava, tantas vezes inconsciente, de uma ideologia dominante, porque quando se tem que escrever um artigo numa base regular é mais fácil ir com o ar do tempo, com a «mentalidade de mercado», e às vezes simplesmente porque sabe que é aquilo que quem paga o ordenado no fim do mês gosta de ouvir.
Mas há excepções...
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