A economia é a única ciência social onde um protagonista dito de topo, como Ricardo Reis, pode ir à televisão afirmar, com todo o à vontade ideológico, que o crescimento dos salários está alinhado espontaneamente com a evolução da produtividade, ignorando um padrão de desalinhamento com décadas, dos EUA a Portugal. E tudo porque há uma ortodoxia neoclássica que declara dedutivamente que assim tem de ser.
A história económica sugere, por sua vez, que o padrão de alinhamento foi o resultado de condições institucionais específicas e a melhor teoria institucionalista prática confirma isso, das relações sociais às internacionais: de taxas de sindicalização relativamente elevadas à negociação coletiva relativamente generalizada e centralizada, passando pela existência de alternativas sistémicas ao capitalismo.
Os efeitos positivos de um maior equilíbrio social viram-se do lado da oferta – maior pressão salarial favorece investimentos em tecnologia indutora de ganhos de produtividade, que, por sua vez, favorecem a conquista de tempo livre – e da procura – ganhos salariais representam um alargamento do mercado.
Os estudantes de economia são as primeiras vítimas da ortodoxia. O resto da sociedade também paga um preço, claro.
2 comentários:
Ricardo Reis. Aquele economista que dizia em Setembro ou Outubro de 2008 que a crise financeira se resolvia num mesito.
A ortodoxia e os seus papagaios têm toda a liberdade para errar e até para mentir descaradamente. Desde que os erros e as mentiras sejam convenientes à plutocracia que é a verdadeira dona do regime. Esta é que é a liberdade fundamental...
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