terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

Querido diário - Ah liberdade!

E no dia seguinte, durante o Conselho Europeu em que se discutia a questão do empréstimo à Grécia, de novo surgiu a questão do que fazer aos repórteres da TVI. Como se a Liberdade de Imprensa estivesse na mão de alguém decidir... Mas é assim que funciona a União Europeia. 

Não foi disso que se queixou Varoufakis? Tal como Larry Summers explicou a Varoufakis, 

"Há dois tipos de políticos: os insiders e os outsiders. Os outsiders dão prioridade à liberdade para contarem a sua versão da verdade. O preço da sua liberdade é serem ignorados pelos insiders, que são quem toma as decisões importantes. Já os insiders seguem a regra sacrossanta: nunca se viram contra outros insiders e nunca falam com outsiders sobre o que os insiders dizem ou fazem. A sua recompensa? Acesso a informação interna e uma oportunidade, mesmo sem garantias, de influenciar pessoas poderosas e desfechos.". (Yanis Varoufakis, "Comportem-se como adultos - a minha luta contra o stablishment na Europa", 2017, Marcador, pag.19)

E quando um insider decide se comportar-se como um outsider, a reacção é imediata. Nem que seja um repórter ou um membro de governo que decidiu apenas libertar declarações de representantes de governos, escolhidos pelos representantes dos povos. 


2 comentários:

Lowlander disse...

Caro Joao Ramos de Almeida:

Herman, E. S., & Chomsky, N. (1988). Manufacturing consent: The political economy of the mass media. New York: Pantheon Books.

Baratinho:

https://www.waterstones.com/book/manufacturing-consent/edward-s-herman/noam-chomsky/9780099533115

Tambem esta disponivel como audio-livro na Audible.

https://www.openculture.com/2017/03/an-animated-introduction-to-noam-chomskys-manufacturing-consent.html

Indispensavel ponto de partida para quem quer compreender os "merdia" na minha humilde opiniao. Eu diria que o Larry Summers leu este livro.

JE disse...

Mais preciosidades, ignorando esta de Maria Rui Fonseca, porta-voz da REPER (Representação Permanente de Portugal junto da União Europeia portuguesa)

Esta disse posteriormente ter agido "em articulação e segundo instruções do Ministério das Finanças" e explicou que estas decisões ficam aquém do defendido por Portugal: "A recolha de imagens pelas televisões devia acabar e passar a ser feita pelos serviços do Conselho, que posteriormente as distribuiriam".

Nessa altura o ministro das finanças era Vitor Gaspar. Mas podia ser qualquer benemérito ministro passisto/troikista, com toda a certeza um qualquer insider diplomado no género