sexta-feira, 21 de fevereiro de 2020

Das falhas do Estado


«A questão do "Estado que falha" é uma questão interessante. Quando eu digo que o Estado falha é versus o mercado que falha. E como sabem eu sou socialista e não sou liberal, e por isso é que estou no PS. Há quem ache que o mercado resolve tudo, mas de vez em quando há umas falhazitas e o Estado tem que lá ir. Eu tenho uma perspetiva diferente. Porque para mim o Estado é um instrumento da comunidade, é um instrumento coletivo. Não é nenhum monstro, como o é para a direita portuguesa, ou pelo menos para parte da direita portuguesa. Ok, para o PSD o Estado não é um monstro, é só um monstrinho. O Estado é um instrumento da comunidade e deve dar resposta aos problemas da comunidade. E por isso quando digo que o Estado falha, por exemplo a propósito da ferrovia, não estou a dizer que a solução não está no Estado. Estou a querer dizer que nós, enquanto representantes do povo português, não demos resposta às necessidades, coletivas, do povo português. Eu acho que o mercado não dava a resposta. Como não deu e como continua a não dar, numa série de problemas, aos quais os senhores continuam a achar que é o mercado que vai responder.»

Da intervenção de Pedro Nuno Santos, na recente Audição da Comissão de Economia, Inovação, Obras Públicas e Habitação.

12 comentários:

Anónimo disse...

Afinal existe um auto-engrandecimento marxista para além de Marx.

Paulo Rodrigues disse...

O mercado tem apenas um objetivo: o lucro de quem investe.
E o lucro é a diferença entre o valor investido e o valor faturado.
Ora, os PRIVADOS (ou seja os MERCADOS), querem que o estado faça o investimento e, depois, passe os serviços - a funcionar - para os PRIVADOS faturarem.
Nos primeiros tempos, do cavaquismo, guterrismo, barrosismo, socratismo, santanismo e passismo/portismo, foram privatizadas as antigas empresas públicas que davam (e dão) lucro.
Agora que o estado já não tem mais empresas lucrativas para privatizar, os PARASITAS PRIVADOS do mercado viraram-se para os serviços do estado que não dão lucro direto, como a saúde.
Os mercados querem a saúde, com o ESTADO por trás a FINANCIAR o sistema (que, claro está, vai custar o dobro).
Mais ou menos o que se passa nos states, onde o estado gasta 17% do PIB em saúde, um sistema tão eficiente, que deixa de fora 21 milhões de pessoas sem qualquer tipo de assistência médica.
Ah, falta dizer que, depois, acabam as NOTÍCIAS sobre mortes nas urgências: ACABAM AS FALHAS!

Anónimo disse...

Pedro Nuno Santos em várias ocasiões tem posto em sentido alguma gente do PS que está no partido apenas para o esvaziar, parece ser o único com condições para liderar o partido socialista.

Geringonço disse...

Será Pedro Nuno Santos genuíno?

Pergunto isto porque esta pessoa faz parte de um partido que é co-responsável com outros partidos pela degradação dos serviços públicos, emigração, aumento da desigualdade, aumento do desemprego e precariedade.

E também é extremamente importante saber se Pedro Nuno Santos é um euro-fanático como o Primeiro Ministro António Costa. Porque a degradação que se tem assistido tem tudo a ver com o "europeísmo" realmente existente...

Alguém que afirme o que Pedro Nuno Santos afirmou não pode de maneira nenhuma ignorar a realidade "europeísta", se ignora então não é sério...

claudio disse...

e como sabem eu sou socialista e por isso estou no PS!! bem quantas coisas erradas nesta frase. o PS já deixou de ser socialista no termo clássico há muito!! ja se prostitui perante o capital! isso de estarmos no sec XXI e ainda nos designar mos com etiquetas do sec XIX... nao Pedro, nao es socialista, senao estavas noutros partidos na esquerda! é que ser socialista implica ser anti capitalista...... estes discursos poéticos honrosos a bater com a mao no peito pelos feitos (nao foram erros, foram feitos deliberados) do passado irrita me profundamente. e eu acredito que ele seja genuíno em muitas coisas, mas num partido burguês, do poder, capturado pelos grandes grupos económicos, media, advogados, velhos baroes etc, ele bem que se pode espernear muito que nao lhe adianta de nada!

Jaime Santos disse...

Há um pequeno problema com esta linha de raciocínio, Nuno Serra. Se o problema das falhas do Estado está não no Estado agir per si, mas sim na incapacidade conjuntural dos seus agentes particulares o fazerem, o mesmo pode ser argumentado relativamente aos Mercados.

Se calhar, a melhor posição seria dizer que no meio é que está a virtude. Por vezes as soluções de mercado podem ser as melhores, por vezes podem sê-lo as políticas públicas...

Chama-se a isto pragmatismo... Pedro Nuno Santos parece em grande medida ser um político pragmático mesmo se menos do que António Costa. Mas se não for, não lhe auguro grande futuro...

Anónimo disse...

Se Pedro Nuno Santos está a falar a sério, espero sinceramente que tenha a pele muito dura porque vão chover tentativas de o neutralizar.
Coletinho de kevlar e curso de Krav Maga são um "must".
E talvez possa pedir uns conselhos àquele senhor inglês magrinho e grisalho que ia para o parlamento de bicicleta.

Mas antes de mais deve colocar-se sériamente as questões que o Geringonço enuncia em comentário acima. É que a ser genuíno, Pedro Nuno Santos está a comprar uma grande briga, e nesse caso... Boa sorte! (Sem ironia).

Jose disse...

O colectivo é que vale!
O colectivo erra, quem paga? O colectivo!
O colectivo errou, quem é responsável? O colectivo
Viva o colectivo!

Geringonço disse...

Se os Banqueiros e restantes Capitalistas erram ou comentem crimes, quem paga?

O Estado, o colectivo!

Viva a socialização da porcaria da responsabilidade dos Banqueiros e restantes Capitalistas!

Anónimo disse...

O banco é que vale!
A administração do banco erra, quem paga? O estado, ou seja, todos nós!
A administração do banco erra, quem é responsável? Ninguém...
Viva a alta finança!

Anónimo disse...

Perdas totais na crise do subprime nos USA e na UE até 2010: 2.8 triliões de dólares (escala curta).

Numero de executivos processados e condenados nos Estados Unidos: 0 (zero)

Para se perceberem as dimensões da responsabilidade do colectivo e dos indivíduos.

Jose disse...

O Estado não regula?
O Estado não fiscaliza?
O Estado define políticas de alavancar o consumo e o que mais calha?

Quem é o Estado? É o glorioso colectivo!

Viva o colectivo!