segunda-feira, 13 de janeiro de 2020
Um jornal com múltiplas escalas
A política externa nacional é talvez a área onde é maior o conformismo intelectual e político, sendo raras as vozes dissonantes. O chamado extremo-centro nacional é aí absolutamente dominante, imaginando-se algures entre Washington e Bruxelas. A situação em termos de debate público parece ser ainda pior do que na área da política económica, onde de resto as relacionadas determinações externas parecem ser igualmente avassaladoras. Enfim, numa área destas, Augusto Santos Silva está como peixe em águas mais ou menos profundas. Os resultados do que, apesar de tudo, não podem deixar de ser escolhas de política externa são embaraçosos e emergem nas redes sociais e tudo. Não deixem de ler o editorial, da autoria de Sandra Monteiro, no Le Monde diplomatique - edição portuguesa:
“Estas escolhas, apresentadas como «naturais», e portanto pouco questionadas, estão na origem de um debate demasiado pobre, e subalternizado, sobre as modalidades actuais de inserção no projecto europeu, nas suas instituições e na sua moeda única, responsáveis por crises de repetição. Mas ajudam também a explicar por que quase não existe debate sobre os vários tipos de embaraços externos a que expõem o país em terrenos como a América Latina ou o Médio Oriente – justamente pela transformação do «laço transatlântico» em «desígnio nacional».”
Entretanto, neste número de Janeiro do jornal podem ler, entre outros, um artigo de José Reis sobre um modelo de regionalização, tomando por referência o recente Relatório Cravinho. Trata-se de evitar uma crise territorial eminente, para a qual este economista político tem vindo a alertar nas páginas deste jornal, produto de um perigoso crescimento dito unipolar, cada vez mais concentrado na Área Metropolitana de Lisboa.
A economia política dominante gera vulnerabilidades em múltiplas escalas. E, sim, isto está mesmo tudo ligado.
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2 comentários:
Ai o Colectivo!
Se nos ficássemos pelas secções de notícias internacionais da descomunicação anti-social dominante, estaríamos confinados aos boletins de propaganda da CIA e da Mossad.
Quanto ao outro assunto, a grande causa de devastadoras consequências, como os grandes incêncios, é o abandono do interior, que anda de mãos dadas com os problemas latentes, sociais e ambientais, dessa macrocefalia lisboeta e, quando muito, também portuense.
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