terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

Os offshores e a «economia do pingo»

«No fundo, no fundo, o núcleo duro de ideias sobre a sociedade e a economia do Governo Passos-Portas foi que a recuperação do país passava pelo aumento da riqueza dos mais ricos, que traria por arrasto uma melhoria das condições de vida dos mais pobres. Era em cima que deveria haver “liberdade”, enquanto em baixo deveria haver “ajustamento” e cortes, até porque os de baixo já estavam mais acima do que deviam e tinham que ser postos na ordem e devolvidos “às suas posses habituais”. Da legislação laboral ao “ajustamento”, este era o programa. Dêem as voltas que derem, esta era a concepção e ainda o é, como se vê na questão do salário mínimo. Qualquer ideia, aliás na base do ideário social-democrata, de que o Estado deveria garantir um equilíbrio social, era e é tida como uma violação das regras da “economia”, com os de baixo a quererem mais do que a “economia” lhes pode dar. Em cima, não há essas restrições e, por isso, a indiferença face ao que acontece com os offshores é completamente natural».

Pacheco Pereira, A afronta de nos tomarem por parvos

Em artigo no Público do passado sábado, que merece ser lido na íntegra, Pacheco Pereira assinala uma dimensão crucial do «episódio» dos offshores: o «pano de fundo» em que o mesmo se encaixa. Ou seja, o enriquecimento do topo à custa do empobrecimento na base, a coberto das «imposições» do memorando de entendimento, para que a «economia do pingo» se instale (mesmo que nunca acabe por pingar).

Tudo ligado portanto e o resto é apenas poeira para os olhos: do «esforço de sacrifício (...) repartido rigorosamente por todos» (Vítor Gaspar) à «ética social na austeridade» (Pedro Mota Soares); da ideia de que os pobres «não foram afetados por cortes nenhuns» (Passos Coelho) à acusação da atual maioria por «tirar a muitos para dar relativamente pouco a alguns» (Maria Luís Albuquerque). Poeira para os olhos e lata, muita lata.

5 comentários:

Anónimo disse...

O espectáculo desta governança de Passos Coelho Portas Maria Luis Albuquerque é o de um bando de mafiosos ao assalto. Ao assalto a tudo o que permita encher os seus bolsos ou aos bolsos dos que servem.

Por isso a irritaçao crescente, o insulto, o ódio que patenteism perante este derreter da sua máscara. Um panorama deprimente e patético mas que esconde a sede do poder e da vingança.

Há dias um dos que se serve do prato do PP, não se ensaiava em espumar o seu ódio perante quem após ter sido posto em chegue, lhe desmascarou o amigo.

E ao insulto seguiu -se a calúnia por entre os hinos aos offshores e as cumplicidades com a família Portas/ Nuncio.

Jose disse...

O Pacheco não arranja maneira de ser expulso do PSD para ir a leilão na geringonçada!
~
Quanto a esta, só pede aos ricos que lhe peguem nos fundos europeus (e na quota nacional)e façam alguma coisa que os alivie do destino de serviçais de europeus reformados ou em férias, que a tanto montam os seus sucessos. Ah! e já agora que metam uns dinheiros em obrigações da Caixa que há uns tantos projectos 'estratégicos' em espera.

Anónimo disse...

Ah, esse ódio inquieto e turbilhonar contra Pacheco Pereira, agora reduzido a um salivar mas significativo "O Pacheco". Familiaridades paridas noutros antros?

É ver como a extrema-direita apoia Passos e como vomita rancor a um fulano que apenas é o que é - um social-democrata.

Aqui está o ranger de dentes e os sonhos húmidos em torno da "expulsão". Antes, durante a governança, era o apelo directo à cacetada, por parte de quem se espraia (sempre inquieto) pela pieguice viscosa e ranhosa em torno dos "ricos"

Pede aos ricos? Mas não é em nome dos ricos que este tipo defende os offshores e as pulhices em torno destes?

Jose disse...

Alzira,
interpretas mal a bonomia d' 'O Pacheco'.
Ódios e raivas é o que te povoam em doses que por extensão impinges a tudo que não seja esquerdalgada.
O Pacheco até que tem seu valor como paradigma do abrilesco que perdeu o pé com a realidade e imaginou poder prolongar o delírio distributivo que já gerou três bancarrotas e que não sobreviverá à quarta.
Quanto aos off-shores não te vou maçar com o direito do capital à legítima defesa pois apraz-me ver-te esganada com tuas raivas.

Anónimo disse...

(Alzira?

Quem será a personagem? Um alter-ego do próprio herr jose aquando das suas confessadas inquietações de identidade?

Pode assim herr jose ficar com a Alzira ou a Alzira assumir o jose. Não interessam estes pormenores um pouco sórdidos que afinal são testemunho do desvairar e do destrambelhar de quem assim a invoca.

E é também indicação indesmentível que por aqui passa a raiva e o ódio esganando o pobre coitado, que se mostra assim tão impudicamente)

Mas a questão dos offshores é importante e é a isto que herr jose foge. E pela qual esperneia.

Porque se confirma que é em nome dos ricos que este tipo defende os offshores e as pulhices em torno destes.

E se confirma "o ranger de dentes e os sonhos húmidos em torno da "expulsão". Antes, durante a governança, era o apelo directo à cacetada, por parte de quem se espraia (sempre inquieto) pela pieguice viscosa e ranhosa em torno dos "ricos"