sábado, 19 de novembro de 2016

Linhas vermelhas?


«A Alemanha e os EUA estão ligados por valores. A democracia, a liberdade, o respeito pelo direito, a dignidade do homem independentemente da sua cor de pele, da sua religião, do seu sexo, da sua orientação sexual ou das suas convicções políticas. É na base desses valores que eu proponho uma cooperação estreita ao futuro presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.»

Angela Merkel, naquela que foi, surpreendentemente, uma das reações mais frontais, claras e corajosas à vitória de Donald Trump. Para ser consequente, como deve - e retirar todas as ilações que resultam da sua própria declaração - a chanceler terá contudo que começar por assumir o impacto que as políticas de austeridade e os atropelos à soberania dos Estados tiveram no recrudescer da extrema-direita na Europa (como sucedeu de forma particularmente clara e grave na Grécia) e tomar posições concretas, e igualmente firmes, caso a administração norte-americana ponha em causa os tais valores de que depende, segundo Merkel, a futura cooperação com os EUA.

(post editado)

5 comentários:

R.B. NorTør disse...

A Dona Ângela de fim de ciclo parece querer limpar a imagem do que foi o seu papel na gestão de uma UE que respeita a diferença...

Anónimo disse...

Será que Merkel merece louvores depois de ter arrasado deliberadamente a vida de milhões de europeus de forma a sustentar por mais uns anos o falido Deutsche Bank?

Se eu torturar alguém e depois reconhecer que fiz mal deixo de ir para a cadeia? Duvido…

Anónimo disse...


Convínhamos que vivemos um período bestial em que predomina a mentira de estados e estadistas que por sua vez impõem sistemas fracturantes aos trabalhadores produtores e aos povos europeus.
Madame Merkel tem mostrado quanto vale nesta globalizante frustração ao manter a tradição alemã desde a derrota do império romano às mãos da barbárie (diga-se dos germanos) ate ao IIIº Reich.
Como se deve perceber ela não esta´ a retratar-se, ela esta´ a querer ser mais papista que o Papa. De Adelino Silva

Jaime Santos disse...

Não deixa de ser irónico que nos tempos que correm seja a Alemanha o mais coerente defensor dos valores da Democracia Liberal, em particular de uma solução global para o problema dos refugiados (que contribuiu para criar ao retirar recursos à ACNUR, é certo, mas pelo menos sempre teve uma atitude bem mais prudente que a França, o RU e os EUA relativamente aos problemas líbio e sírio). Quem conhece o País e a sua Lei Fundamental não estranhará. E a postura relativamente à Grécia ou à imposição de medidas de austeridade aos restantes Países da zona Euro nada tem que ver com o comportamento da Alemanha Nazi, e quem se põe a brincar com tais coisas ou não sabe do que fala e é ignorante ou sabe e é no mínimo irresponsável. E, convenhamos, entre a rigidez estúpida e algo hipócrita dos alemães, e as soluções que andam na cabeça de muitos dos novos nacionalistas de todas as cores, e que já foram aliás experimentadas nos mais diversos sítios com os lindos resultados que se conhecem, eu prefiro de longe os chatos dos alemães...

Anónimo disse...

Sim, sim, claro que a "cooperação" europeia com os EUA de Trump só se fará se o recém eleito POTUS se reger pelos altos princípios da impoluta chanceler alemã. Que valimento terão esses elevados princípios (típica e exclusivamente europeus ou singularmente alemães?) da Senhora Merkel se tivermos em conta a recente história da política externa alemã - o reconhecimento prematuro da independência eslovena, o apoio flagrante (em dinheiro e em armas) aos "ustasha" croatas, a participação em sucessivas aventuras da NATO (a Alemanha tem, neste preciso momento, tanques estacionados na fronteira ocidental da Federação Russa), a destruição, pura e simples da Grécia, o apoio à subida dos neonazis ucranianos "europeístas" ao poder por meio de um golpe de estado - isso é coisa que não é chamada para a avaliação das sinceríssimas palavras do nosso querido Bismarck de saias.