sábado, 9 de janeiro de 2016
Em nome do Artigo 1º da Constituição
Na presente campanha eleitoral para a Presidência da República Portuguesa, nenhum candidato parece ter a ousadia de Franklin D. Roosevelt que, no discurso da sua tomada de posse em 1933, em plena Grande Depressão, afirmou: “A única coisa de que devemos ter medo é do próprio medo.”
A situação que vivemos em Portugal bem justificaria um programa de política económica com a ambição do New Deal. Porém, nem o regime constitucional português, nem a integração de Portugal na UE, permitem uma liderança política dessa natureza. De facto, sem menosprezo pelo PCP, não está (ainda) à vista uma proposta suficientemente aberta e mobilizadora dos portugueses para uma ruptura política de ataque às causas profundas desta crise.
Precisávamos de um candidato que dissesse aos portugueses que o medo é o principal obstáculo à superação dos males que nos afligem. Em particular, o medo de desafiar as políticas absurdas da UE. O medo de pensar o nosso Bem-Comum liberto da ditadura do capital financeiro e dos interesses dominantes na Alemanha. O medo de que se repita connosco o que aconteceu à Grécia. Enfim, o medo de reconhecer que traímos a nossa História quando trocámos a soberania do país pelos Fundos Estruturais.
No meio de uma profunda crise do capitalismo liderado pela finança, cujas elites ambicionam destruir tudo o que de civilizado se foi conquistando no pós-Guerra, ainda há demasiado medo de experimentar outros caminhos, outras políticas, outras lideranças. Alguém disse que “é muito difícil angariar apoio popular para pôr fim a uma união monetária (...) por causa do sentimento de incerteza que isso produz, além da inevitável grande inflação.” Ainda assim, há muitos portugueses que rejeitam a resignação e o colaboracionismo.
Talvez devêssemos pôr os olhos na liderança do general Charles de Gaulle que, a partir de Londres, sem desfalecer, liderou a resistência, enquanto a maioria das elites francesas se rendia ao ocupante ou até com ele colaborava. Não terá chegado a hora de organizarmos, também nós, a resistência às políticas cruéis e sem sentido que, mais tarde ou mais cedo, a UE acabará por também impor ao actual governo? Imbuídos de um genuíno espírito internacionalista, em nome do Artigo 1º da nossa Constituição, devíamos começar a organizar uma Frente de Libertação (ou Salvação) Nacional contra o Euro, em colaboração com os que em Itália e França querem seguir o mesmo caminho. Uma segunda volta nestas eleições ajudaria a vencer o medo.
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8 comentários:
Alguem dira´, e admito com certa razão, que criticar é fácil, difícil é consertar ou concertar as coisas. E no entanto e´ dificil resistir a tanta desfaçatez que vai desde a destruiçao do Estado Social passando pela desumana distribuiçao da riqueza produzida, ate´ ao
renascer de polos antidemocraticos e caceteiros… o endeusamento dos mercados…E quando há um objetivo latente, e, quando a oligaquia da comunicaçao corpurativa evoca a expressão do todo, para interditar a conversa urgente da população portuguesa com ela mesma.
Deixo esta questao :
“Como se fara´o país que Portugal podera´ ser, mas ainda não é?”
Por mim tenho como certo que isto já não vai la´ com promessas messianicas ou boas vontades sacripantas..!de Adelino Silva
O modelo social de que fala o Jorge Bateira é justamente o Modelo Social Europeu, não um qualquer modelo importado da Europa de Leste, onde o Socialismo Real não produziu mais do que pobreza, autoritarismo e destruição ambiental. Se entramos na Europa foi sobretudo porque ambicionávamos implementar esse modelo social, o que em parte até conseguimos, graças também aos malfadados fundos estruturais. Imaginarmos que os nossos sistemas científico, educacional ou de saúde teriam feito os progressos que fizeram com o País reduzido a uma pretensa autarcia (país que é deficitário na sua balança comercial desde os anos 50) é uma declaração risível, desculpe que lhe diga. Quanto ao Soberanismo do PCP, a que se deve reconhecer alguns méritos, convém lembrar que foi tudo o que lhe sobrou depois do colapso clamoroso do Socialismo Real. Mas o que mais assusta neste arroubos de pretenso soberanismo é a vontade meia-escondida de subverter um conjunto de garantias constitucionais que protegem um sistema que, reconheça-se, é injusto. A pertença de Portugal à UE e o cumprimento dos Tratados fazem parte da nossa ordem jurídica interna e foram sufragados pelo Povo, através dos seus representantes. O problema é que são essas as mesmas garantias que foram invocadas e bem pelo Tribunal Constitucional para devolver pensões e rendimentos à classe média. Qualquer via para alterar este estado de coisas terá necessariamente que ser uma via gradualista, como o próprio PCP já parece reconhecer. Se quiser ver o que o Populismo de Esquerda produz, só tem que olhar para o triste estado da Venezuela, e não vale a pena invocar o papão americano para justificar a corrupção e a violência do sistema ou os tiques autoritários e a incompetência de Maduro (e de Chavez antes dele)...
Comparar a nossa vida dentro da UE, com a que tínhamos antes da adesão, e olhando para o desempenho dos governantes portugueses,e como poderíamos estar se tivessem livre iniciativa,apos 1980, como tínhamos até aí, reduz os adeptos da saída da UE a uma espécie de irmandade, a lembrar os membros da Irmandade dos crentes do milagre da Fatima. Que como sabemos balbuciaram o 3º segredo, tal o ridiculo da farsa.
Que me desculpem a ignorância mas não votei para entrar na União Europeia, antes CEE. Quer eu aprovasse ou não a integração… Os dirigentes dos maiores partidos portugueses não o deixaram/quiseram. Entramos e pronto! Esta´ tudo dito. Ah a Democracia..!
Depois, nunca ficaremos a saber se viveríamos melhor doutra forma – Nunca tivemos tempo para viver outra experiencia em “Liberdade” senão a que estamos a viver agora, em tempo útil….Esta e´ a verdade!
Mas sem sombra de dúvidas que vivo hoje muito melhor do que vivia a´ 40 anos… sem querer dizer que nem só do pão vive o homem. Sinto-me somente mais velho…
Sou português e nunca reneguei minha Pátria, sem querer dizer que nunca erramos. Mas acertar em bem-governar também e´ próprio do ser humano.
E´ de Portugal que se trata e que havemos de tratar com todo o rigor, não que não tenha de ter cuidado com o vizinho descuidado ou prepotente..! Ah os ódios fruto dos medos..! De Adelino Silva
Admito!
Eu antes também pensava +- como Jorge Bateira, contudo, não era feliz…
Felizmente, um dia destes cruzei-me com um ser de grande benignidade e equidade, não era uma figura comum, era uma quimera, tinha vários rostos e asas não de penas mas de chamas!
Tal era gloriosa a imagem que via à minha frente que me esqueci que não era crente em nenhuma religião e o que via extravasava muito qualquer tipo lógica.
Este ser maravilhoso aproximou-se de mim e disse:
- Chamo-me Pedro Portas €uro Troika da Silva não temas! Sou um Querubim da primeira ordem celestial e venho-te anunciar uma boa-nova.
Pausou por um instante e continuou:
- Venho-te anunciar a Utopia Neoliberal Capitalista Financeira Globalizante e o teu coração vai-se encher de bondade e felicidade!!
Depois estendeu um dos braços, tocou-me na testa e apenas vi a mais brilhante luz eclipsando tudo o resto, e neste momento eu vi a verdade! A verdade não é nada do que o Jorge Bateira defende, esqueçam os direitos dos trabalhares e os direitos humanos, não passam de impurezas que vos impedem de atingir o nirvana!!
Quando recuperei a visão normal já o Querubim lá não estava, ficando apenas um aroma sulfúrico e um grande sentimento de júbilo em mim.
OBRIGADO QUERUBIM PEDRO PORTAS €URO TROIKA DA SILVA!!! Serei-te eternamente grato!!!
A minha vida nunca mais foi a mesma desde do advento do Querubim Passos Portas €uro Troika da Silva, posso dizer que estou a viver a Utopia Neoliberal Capitalista Financeira Globalizante a 110%! É tudo tão, tão, tão difícil de descrever…
ps.: Por favor, parem de atacar o Santo Jose, eu antes também não o compreendia, hoje vejo-o como um cruzado pela justa e boa causa Utopia Neoliberal Capitalista Globalizante!!! É inútil resistir a esta cruzada gloriosa, conformem-se à vontade divina.
Jorge Bateira, os €urofilas vão arruinar cada país que tiverem que arruinar só para manterem o seu €uro fetiche, inclusive a Alemanha, recordo-lhe que a Alemanha (Alemanha povo, não Alemanha oligárquica) só parece que está bem porque os vizinhos estão ou mal como é o caso da França, ou muito mal como é o caso de Espanha, Itália e Portugal, ou pessimamente como é o caso da Grécia.
Aqueles que defendem o €uro e a UE sem apresentarem soluções viáveis a esta integração anti-democrática, sim anti-democrática pois tem sido imposta através do medo, da chantagem e terrorismo financeiro, vão ser também eles responsáveis por tudo o que as Le Pen vão fazer quando chegarem ao poder (parece ser neste momento uma questão de tempo), quando isto acontecer, nem UE, nem €uro e nem políticas do tipo New Deal.
Os €urofilas, ao que parece, preferem a Le Pen ao Jorge Bateira, um democrata que defende que o poder regresse às nações, contudo não embarca em chauvinismo idiota e perigoso, que gostava que fosse possível uma UE não neoliberal e democrática mas já percebeu que não é, nem existem condições para que seja assim, pelo menos, por agora e se estou enganado corrija-me.
O fanatismo dos €urofilas é tal que até dizem que aquilo que o Jorge Bateira defende são políticas que só trazem miséria e tirania, ora que eu saiba o Franklin D. Roosevelt nunca foi um revolucionário, era antes sim um elitista, rodeado de elitistas, mas pelo menos ainda tinha alguma lucidez (ao contrário do €urofilas) e nem o New Deal trouxe miséria, antes pelo o contrário! O que aconteceu foi que os oligarcas americanos da altura (os quais admiravam Mussolini e Hitler) tiveram que abrir a bolsa e pagar algum bem estar da população americana, por mim até tinham pago muito mais ao ponto de deixarem de serem bilionários e oligarcas, mas isto sou eu que sou revolucionário! hehehe
Há quem fique parado no tempo. É precisamente o Modelo Social Europeu que tem vindo a ser destruído após Maastricht e sobretudo com a criação do Euro. Ainda por cima, Portugal nunca chegou a atingir um verdadeiro Estado Social comparável aos do norte da Europa e o pouco, ainda que significativo, que conseguiu corre o sério risco de desaparecer. Por outro lado, uma reforma fiscal a sério poderia ter proporcionado mais recursos que os fundos estruturais, sem os incentivos que estes proporcionaram a gastos supérfluos (autos-estradas sem sentido, etc., etc.) e corrupção, já para não falar na especulação imobiliária resultante da adesão ao euro e consequente baixa dos juros que está em boa parte na origem das sucessivas falências de bancos. Ou alguém acha coincidência que 3 ou 4 bancos (um deles centenário) tenham falido precisamente no periodo pós adesão ao Euro?
A ingenuidade de Tsipras e Varoufakis, bem assinalada neste artigo
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