sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Elogio ao Banco de Portugal

A actuação do Banco de Portugal (BdP), nas suas diversas facetas, tem sido pouco mais do que uma tragédia para todos nós.

No entanto, o BdP acertou claramente na recente decisão relativa ao Novo Banco, revertendo a anterior decisão de preservar os credores seniores dos efeitos da resolução do BES. Com a transferência de dívida sénior para o banco dito mau – aparentemente, escolhendo séries de obrigações sujeitas à lei nacional e sem garantias públicas –, o BdP poupou 2 000 milhões de euros ao Tesouro, valorizando na mesma medida o banco público dito Novo. Os credores de uma empresa devem estar sujeitos ao risco de perdas quando o devedor vai à falência. Foi o que aconteceu.

As acusações de que parecemos a Argentina são infelizmente infundadas, já que o mesmo tipo de discricionariedade seria mais facilmente identificável no recente caso do Banco Hypo na Áustria, só para dar um exemplo mais a norte. Credores privados não podem ter os seus créditos garantidos por todos nós.

Finalmente, a atitude de distanciamento do Governo. Qualquer outra alternativa teria sido mais custosa. Este é, aliás, um bom, embora limitado, exemplo de como se faz uma reestruturação da dívida externa nacional.

P.S. Em relação à suposta discricionariedade do BdP em relação à divisão de activos entre BES e Novo Banco, vale a pena lembrar que tais poderes estavam previstos desde a resolução do banco, no Verão de 2014.

6 comentários:

Anónimo disse...

Muito bom post.

Anónimo disse...

Elogio ao Banco de Portugal
A actuação do Banco de Portugal (BdP), nas suas diversas facetas, tem sido pouco mais do que uma tragédia para todos nós.
E´ isso mesmo, para além da tragedia em si, ainda lhe acrescentaram um pouco mais…
Não há volta a dar…O sistema foi montado com esse fim…Depois de tanto erro ainda tem direito a nota positiva, A Tragedia já foi..! De Adelino Silva

Anónimo disse...

Desfazer o que se fez mal é uma obrigação, não é um mérito. E falta o fundamental. Falta que o Novo Banco se mantenha público. Senão é mais outro presente ao Santander ou outro qualquer desse género.

Anónimo disse...

O problema que temos com o B.Central é que se tornou, ao longo do tempo, uma caricatura ideológica neoliberal. Não há nenhuma inocência nisso. Corporativismo puro. Um BC neoliberal rouba dinheiro do povo e transfere para os ricos.
Não temos sequer um BC.capitalista…Ele reside fora de portas.
No caso do BC, o objetivo único é o suposto controle da inflação…?!
A democracia vive longe, muito longe dele… E seja governo de esquerda ou de direita todos eles se desculpam com a independencia do BdP. Já agora questiono… para que serve mais um ministro das finanças ou um governo para alem de obedecer as ditas regras do BCE/CE?
É necessário muito pouco para demonstrar que a atuação do B. Central no deixar correr a tinta, é um escândalo de incompetência e de má fé. De Adelino Silva

Anónimo disse...

Pelo que se diz, parece que também quem investiu apenas no Novo Banco foi prejudicado, como por exemplo a PIMCO. Mas não se percebe bem.

Luís Lavoura disse...

Aquilo que os investidores prejudicados contestam não é que as suas obrigações tenham sido perdidas, mas sim que outras obrigações não o tenham igualmente sido. Ou seja, um tratamento discriminatório. O que é que o Nuno Teles diz sobre o assunto?