quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Para além da crise: regras para uma economia decente

Uma das ideias mais interessantes do último livro de James K. GalbraithO Estado Predador – diz respeito às virtudes económicas da existência de regras apertadas capazes de diminuir a discricionariedade do poder empresarial privado: das normas ambientais exigentes às normas salariais igualitárias negociadas por contrapoderes sindicais fortes. Galbraith assinala que certas fracções do mundo dos negócios podem ter vantagens em apoiar muitas destas regras e que este é um dos segredos para a sua adopção em muitos países capitalistas: «Uma estrutura de regulação funcional é um instrumento competitivo para as fracções mais progressivas do mundo dos negócios que desejam – para a sua própria vantagem – forçar todos os outros concorrentes a alinhar por um conjunto comum de regras».

Na questão dos salários, Galbraith cita o exemplo dos países escandinavos e a importância da existência de uma estrutura relativamente centralizada de negociação colectiva que favorece a emergência de um padrão salarial mais igualitário: «O efeito disto na disciplina dos negócios é magnífico. Para ser bem sucedida, a empresa tem de encontrar formas de competir que não envolvam a degradação dos standards salariais da sua força de trabalho. Manter a produtividade elevada e investir na busca permanente de inovações tecnológicas é a melhor forma de o conseguir. Isto significa que as indústrias avançadas prosperam na Escandinávia, enquanto que as atrasadas morrem (…) Salários altos, protegidos por sindicatos fortes, garantem que a empresa não tem alternativa a não ser manter-se competitiva».

Galbraith defende que muitos economistas cometem um erro crasso quando declaram que os salários variam mecanicamente de acordo com a produtividade. A produtividade não é determinada fora do processo produtivo por inovações tecnológicas exógenas ou por outras circunstâncias que a empresa não controla: «No mundo tal como ele é, as estruturas salariais são, em larga medida, fixadas pela sociedade; as empresas ajustam-se. A tecnologia e os métodos de negócio são inventados e adaptados dentro da empresa para se conformarem às regras que a sociedade impõe à empresa. E estruturas igualitárias são mais exigentes e, portanto, até um certo ponto, mais produtivas». Em Portugal, regras pouco exigentes favorecem os sectores empresarias mais retrógrados e predadores. E ainda há economistas que querem subsidiar as empresas que pagam o salário mínimo aos seus trabalhadores. De qualquer forma, e como mostra o estudo do Ricardo Mamede, os recentes aumentos do salário mínimo têm um impacto «moderado» na estrutura de custos das empresas.

A mensagem de Galbraith deveria ser escutada pelos decisores políticos portugueses: «os standards salariais exigentes que empurram a indústria para as melhores práticas são apenas uma versão do que pode ser feito nas áreas ambientais, da saúde e da segurança do trabalhador ou do consumidor. Impor standards e assegurar que estes são respeitados é uma resposta política à emergência do Estado Predador. Este último reduz-se a uma coligação das forças empresariais reaccionárias que tentam manter a competitividade e a rendibilidade sem melhorias tecnológicas, sem controlos ambientais , sem respeito pelos direitos laborais ou pela segurança dos produtos que fabricam».

4 comentários:

Anónimo disse...

As empresas escandinávias não têm bons resultados pq pagam bem. Pagam bem pq têm bons resultados. E têm bons resultados pq pagam mal a outras empresas que lhes fornecem a matéria prima ou o trabalho semi-escravo. As empresas de países do 3º Mundo da China, da India etc..onde os custos de trabalho são baixos, são o sustentáculo da "Welfare State". Estado possível, apenas em países onde a divisão dos mercados lhes é vantajosa.

Meus amigos:
Concordo que as nossas empresas deviam pagar melhor, é uma verdade q todos temos obrigação de saber. O problemas é q os nossos micro empresários não o podem fazer.
Para o poderem fazer no futuro é preciso uma Banca ao serviço das peq e médias empresas. Não interessa ter um sector financeiro eficiente, se esse sector não está ao serviço da economia real,
ou se direcciona a maior parte dos seus principais Investimentos para o exterior.
Parafraseando o camarada Guevara é preciso criar 1 2 ou 3 Bancos Públicos.
Depois disso sim, fala-se com os pequenos capitalistas e dá-se-lhes meios para terem lucros pagando bem, aos seus trabalhadores.

jb2

P.S A social democracia escandinávia viveu e vive da opressão dos países pobres.É 1 modelo q não serve o Portugal.

Anónimo disse...

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