quinta-feira, 21 de abril de 2022

O que começa a correr mal na guerra comunicacional?

Fonte: Jornal DN, 21/4/2022

Parece ser a primeira sondagem realizada sobre o assunto, neste caso para o DN/JN. 

A corresponder à realidade, a percentagem dos descontentes com a presença do presidente Zelenskii no Parlamento português é bem mais alargada o que a própria presença comunista no hemiciclo. Parece, pois, estender-se a comunistas, votantes do Bloco de Esquerda, mesmo de parte do PS. Ou parte da população que sente já em demasia a forma como está a ser feita a comunicação oficial do Governo ucraniano - apelando a uma escalada militar de tal ordem e com tal veemência que parece mobilizar todo o mundo a participar - com ele - na explosão do mundo, ao defender soluções que criariam um conflito mundial, de consequências fatais. 

Mas não apenas ele. Recordo o ex-presidente da Ucrânia entrevistado pela RTP em Kiev, quando apelava para que a NATO não tivesse medo de Putin, que avançasse que ele se agacharia. Ou parte dos nossos comentadores e jornalistas que rasgam a camisa em directo defendendo que apenas uma solução militar resolverá a situação e que é preciso maior ousadia por parte das instituições europeias.  

Pivot: O que é que é preciso fazer? António Costa (jornalista comentador da CNN Portugal): "É deixar de comprar gás e petróleo, porque são esses os financiamentos importantes." Pivot: Mas os países são muitos dependentes... AC: Pois, mas aí é que.. a Alemanha depende em mais de 50% do gás russo. Obviamente que isto não é neutro. Mas nós estamos numa guerra! (voz zangada) Não podemos é dizer que ajudamos a Ucrânia e depois não queremos ter nenhuma consequência desta lado. Vai ter de haver um momento. (CNN Portugal, 6/4/2022, 13h)

"Acho isto grave. (...) Tenho imenso respeito institucional pelo PCP e o que representa... mas não há outra forma de dizer que é um suicídio político em directo. (...) Eu já estava de alguma maneira indignado porque um jornalista deve ser imparcial, mas não somos neutros em relação às coisas que acontecem. E quando vemos uma líder parlamentar do PCP (...) assumir com – perdoe-se-me a expressão um bocadinho mais popular – uma enorme cara de pau que o que estão a fazer ao rejeitarem que venha ao Parlamento fazer uma transmissão em video do presidente Zelenskii... – o que, lembro, no ultimo mês e meio já discursou no Parlamento Europeu, nas Nações Unidas, em parlamentos tão poucos democráticos como o da França, Japão, Alemanha, Itália, Dinamarca, Holanda, não digo dos EUA porque o PCP tem um problema como os norte-americanos - mas estes países que citei são nossos aliados, amigos, irmãos e não viram este problema...(Martim Silva, SICNotícias, 6/4/2022, 14h43)
"O medo de Putin e das suas ameaças nucleares não pode condicionar as decisões da Europa e dos Estados Unidos sobre esta guerra. As ameaças tenderão a aumentar na proporção directa das suas derrotas no terreno. Temos de saber lidar com elas. Não as ignorando, obviamente, mas fazendo-lhes frente. Não deixando, por exemplo, que elas impeçam os governos ocidentais de fornecer à Ucrânia as armas de que necessita. Temos de fazer uma escolha, por mais difícil que seja. E temos de entender que Putin não precisa de um pretexto para utilizar armas de destruição maciça, como utilizou na Chechénia ou na Síria. Recorrerá a eles, de acordo com a sua visão apocalíptica do mundo ou de acordo com o seu instinto de sobrevivência. Não sabemos." (Teresa de Sousa, Newsletter Público, 19/4/2022)

A deriva belicista que a comunicação social adoptou e transmitiu num primeiro momento, numa reacção emotiva de salvaguarda de um país agredido parece, pois, começar a ganhar no terrreno duas dinâmicas: a primeira, a dos comissários políticos que acentuam a mensagem que é preciso ser dada - continuar a guerra e em linha com a estratégia da NATO, de desgaste da Rússia à custa da Ucrânia. A segunda, que começa a fazer o seu caminho e que, diante dos discursos desvairados a pedir mais armas em vez de mais negociação ("Armas, armas, armas", como dizia o ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano), se pergunta: Como é que se pode parar a guerra, se mais guerra não acaba com a guerra? Ou como é que se vai parar, se mais guerra forçar a uma escalada e se nenhum dos lados aceitar perder?

Esperemos que a segunda ganhe. E que tudo o que levou a esta guerra seja trazido, sim, para cima de uma mesa de uma conferência internacional de paz.  


3 comentários:

Mozgovoy disse...

Pergunta a fazer a Volodymyr Zelensky, o novel santo padroeiro da "democracia ocidental", na Sessão Solene da nossa impolutamente democrática Assembleia da República: "Quem sequestrou, torturou e assassinou Gonzalo Lira?"

Anónimo disse...

ACORDAI................

Anónimo disse...

Lo que se sabe sobre la desaparición del periodista chileno Gonzalo Lira en Ucrania, crítico al Gobierno de Zelenski
"¿Quieres saber la verdad sobre el régimen de Zelenski? Googlea estos nombres: Vlodimir Struk, Denis Kirev, Mijail y Aleksander Kononovich, Nestor Shufrych, Yan Taksyur, Dmitri Djangirov, Elena Berezhnaya. Si no has tenido noticias mías en 12 horas o más, pon mi nombre en esta lista", escribió.
https://actualidad.rt.com/actualidad/427599-gonzalo-lira-periodista-chileno-desaparecido-ucrania