Os jornais portugueses de 30/12/1956 deram relevo à notícia de que o Governo de Kadar [Hungria, em plena revolta anti-soviética] tinha proibido que se continuasse a pagar aos operários que não se apresentassem ao trabalho.
Na cidade do Porto, há poucos meses, meia dúzia de trolhas recusou-se a trabalhar enquanto lhes não fosse aumentado o salário de 28$00 para 30$00. Foram presos e perante o terror de deixar os filhos na miséria, quatro desistiram do intento e só dois se mantiveram renitentes. Foram espancados e acabaram por se render também. Isto aconteceu na Polícia de Segurança, que nem foi necessário fazer intervir a PIDE. Restabelecida a ordem, um chefe da polícia foi dar contas ao empreiteiro nestes termos: “Até me doem os braços de tanto bater!”
E noticiaram os jornais de 30/12/1956, em Portugal, que na Hungria escravizada se pagava aos operários que se mantinham em greve! Meu Deus! Não haverá então no mundo um país mais escravizado que Portugal?
Nota (caso não tenha sido devidamente enfatizado): a "ordem restabelecida" pela força policial impediu a subida dos salários. Um Estado e comunicação social com funções precisas.
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