segunda-feira, 17 de junho de 2019

Produtividade, crescimento e emprego

Na edição deste mês do Le Monde diplomatique - edição portuguesa, assino um artigo onde analiso criticamente a narrativa construída pelo pensamento económico conservador em torno dos temas do crescimento do emprego e a sua relação com a evolução da produtividade.

Retomo assim um tema que já tinha abordado de modo menos aprofundado num momento num anterior post do blogue (aqui). Aqui fica um excerto do que podem encontrar por lá:

A direita procurou basear parte da retoma da sua narrativa económica na ideia de que o crescimento significativo do emprego deveria ter gerado um crescimento económico muito superior se o país conseguisse apresentar valores de produtividade semelhantes a países com igual nível de desenvolvimento. Pretendia assim demonstrar a ineficácia das políticas da actual maioria parlamentar em estimular a produtividade. Como vimos, esta narrativa está duplamente errada. Num primeiro plano, porque a evolução da produtividade foi, neste período, essencialmente endógena e esteve relacionada com a alteração de estrutura da economia. Sem essa alteração, o emprego nunca teria crescido tanto, pelo que pensar as duas variáveis de forma independente não faz sentido. 

Adicionalmente, porque as medidas propostas para aumentar a produtividade no longo-prazo são contraproducentes: ao defender o aumento da flexibilidade laboral e ao manter uma postura acrítica face ao enquadramento económico europeu que determina uma especialização adversa para a economia nacional, o pensamento económico conservador está, na verdade, a contribuir para que o problema da baixa produtividade persista.

1 comentário:

Jose disse...

Se lá explicar como «defender o aumento da flexibilidade laboral» é um contributo negativo para a produtividade, vale a pena ir ver.

E se a produtividade provar não ser um elemento estruturante da economia, estamos a caminho de descobertas extraordinárias.