Eu bem sei que um jornal do passado fim-de-semana já só serve para embrulhar peixe, mas quero ainda assim recuperar duas notícias de capa do jornal i, já que em ambos os casos temos os efeitos de nos estarmos a tornar numa espécie de Flórida na Europa.
Por um lado, temos o peso crescente do capitalismo medíocre do turismo, um sector onde o trabalho é tendencialmente visto como uma mercadoria barata e descartável e onde, perante uma suposta falta de trabalhadores, a ideia de aumentar salários e de oferecer melhores condições de trabalho não passa pelas cabeças patronais dominantes. Estas só pensam em reforçar o aguilhão da fome, clamando preguiçosamente contra prestações sociais que de resto mal protegem. No seu melhor, estas servem precisamente para melhorar a posição dos trabalhadores, reduzindo a compulsão de mercado. O peso crescente do capitalismo do turismo pode de resto ajudar a explicar materialmente a posição do PS em matéria de relações laborais.
Por outro lado, temos os efeitos da pressão especulativa no sector do imobiliário, onde alguns vêem o dinheiro cair do céu sem qualquer trabalho, é assim o rentismo, pondo em causa, na ausência de controlo público robusto sobre preços e quantidades, o direito à habitação nas grandes cidades. Teixeira dos Santos, agora transformado em banqueiro, dizia na segunda-feira ao Negócios que não se trata de uma bolha porque o aumento brutal de preços assenta no turismo, uma actividade económica real. Enfim, um factor explicativo da bolha é apresentado como um factor para a sua inexistência. Será que nunca houve bolhas imobiliárias na Flórida, um estado onde a percentagem de trabalhadores pobres é particularmente elevada nos EUA? Desde pelo menos os anos vinte do século passado que não houve outra coisa.
Este é o capitalismo, financeirizado de formas sempre variadas, a que temos direito nesta região europeia periférica a que já só por hábito chamamos país. É um bom hábito, claro, mas faltam os instrumentos de política económica que lhe dêem uma base material. É por estas e por outras que as questões nacional e social também não podem ser desligadas neste, é o hábito que não se perde, país.
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11 comentários:
Então porque é que não vejo mais elementos deste blogue (os do PS, compreendo) a defender de forma clara que temos de preparar a saída do Euro? Porque, sem isso, não me parece que consigamos mudar grande coisa.
« controlo público robusto sobre preços e quantidades» - o verdadeiro orgasmo ideológico da esquerda
porque quem manda no Ps ainda sao os baroes burgueses do regime. por mais aplausos que os jovens recebam em congressos, nao mudam nada. eu ja nem digo porem a saída no programa politico, mas um estudo e um plano para um eventual fim do euro (ate pq cheira me que o euro vai acabar nao por vontade nossa, mas la na Europa, seja pela Itália ou seja pela Alemanha). nao o fazem, nao o exigem...... sao cínicos lamento dize lo. no euro tal como na negociação da divida publica
Durante décadas, desde pelo menos 1980, ninguém podia viver nos centros urbanos. Ora estavam degradados e habitados por idosos que pagavam ninharias de rendas, ora as casas novas tinham preços há muito proibitivos. De repente, aqueles que sempre morararm em Vila Franca, Bobadela e na Rinchoa, acharam-se no direito de habitar em Lisboa. O que mudou desde então? O turismo!
Em 1980 Lisboa tinha mais de 800 mil habitantes e em 2006 já só tinha 500 mil, uma redução de quase 40%, e ninguém se queixou, pelo menos desa forma assertiva! A partir de 2011 temos o turismo, que revitaliza a cidade e promove o crescimento económico, et voilá surge o grito da revolta a favro daqueles que não conseguer habitar nos centros urbanos.
Marx tinha razão, haja produção de riqueza e o povo quer logo o socialismo. Quando não há geração de riqueza, nem há nem capitalismo nem mantras para o socialismo.
Pimentel ferreira entra em cena e diz o contrário do que disse ontem
Mas para além daquele insulto simiesco aos “ velhos”, só diz asneiras ,num testemunho claro de que faz falta o estudo de outras disciplinas para além da sua auto-contemplação ao espelho
Por exemplo podia publicar um paper sobre a sua análise sociológica face ao arrendamento urbano, o turismo e os mantras
Ou podia publicar outro sobre os escritos ocultos de Marx que ele descobriu na sua relação com o aonio
Claro que essa coisa de orgasmo é coisa que deve perturbar o jose
Por vários motivos
Mas sinceramente estes assuntos pessoais são delicados e da exclusiva competência do dito cujo
Que nos poupe a estas cenas e que se porte como um homenzinho.
Sentiu- se retratado, foi?
Um muito bom post. A chamar o nome aos bois com a frontalidade habitual em João Rodrigues
E a causar incómodo às hostes do capitallismo medíocre, que até invoca a sua actividade onanista como meio argumentativo
E aos mascarados neoliberais que, de tão basbaques com o Passos, pregam as promoções criminosas do dito, como a do desemprego, a do roubo de salários, a do roubo de pensões, a do roubo de feriados, a dos despejos... enfim, todas as promoções da trupe neoliberal, travestidas de tretas para turista ver
Pimentel ferreira costuma debitar mentiras com a desfaçatez característica da sua ausência de escrúpulos
Mais uma vez é apanhado com a boca no trombone, com que tenta trompetear os feitos daquela espécie de coisa que é Passos Coelho.
Assim reza pimentel ferreira: "A partir de 2011 temos o turismo, que revitaliza a cidade e promove o crescimento económico"
A realidade é tramada.
Fonte: INE
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Promover,promover, passos só promoveu o desemprego, a fome, a miséria, o saque, a destruição do SNS, enfim todas aquelas coisas próprias de um neoliberal revanchista
Pimentel tenta promover Passos
A propaganda idiota em torno da actividade de Passos não passa.
É pena,ó pimentel
Quando é que o Cuco vai para as novas oportunidades aprender a fazer hiperligações?
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“A partir de 2011...promove o crescimento económico “
Ahahahahah
Para se desfazerem mitos de "recuperações...
https://braveneweurope.com/john-weeks-eu-degenerates-immiserizing-growth
S.T.
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