domingo, 1 de outubro de 2017
Legalidade contra legitimidade
A Constituição é uma realidade jurídica que não dá legitimidade a si própria pois esta reside na expressão da vontade popular. Por isso, em democracia, o povo vota a Constituição. Nesta discussão sobre a Catalunha, importa não confundir legalidade (respeito pelo quadro legal existente, a Constituição espanhola) com a legitimidade de um povo (neste caso a manifestação da vontade do povo catalão em realizar um referendo sobre o seu destino político).
A realidade socio-política é dinâmica, não é uma pedra. Pode muito bem acontecer que uma nação, integrada num Estado pluri-nacional, por razões diversas (boas ou más) queira decidir se vai continuar (ou não) a fazer parte desse Estado. Aqui a questão torna-se política, envolve uma luta fora do actual quadro constitucional; o resultado final depende da relação de forças e o fim da luta pode não estar à vista.
De forma pacífica, há muito tempo que o quadro constitucional de Espanha foi posto em causa pelo povo catalão que - maioritariamente simpatizante, ou não, da independência - assume que tem legitimidade para fazer um referendo. A democracia espanhola deveria respeitar a legitimidade que emergiu da História, a legitimidade da nação catalã (ou basca, ou galega) para escolher o seu caminho.
Se o tivesse feito há anos, em condições similares à da autorização pelo RU de um referendo na Escócia, muito provavelmente os independentistas teriam perdido e o resultado ter-se-ia traduzido numa maior autonomia da Catalunha dentro do Estado espanhol. Nesse caso, a ambição da independência tenderia a esbater-se com a cada vez maior integração socio-cultural. Concluindo, a legitimidade está acima da legalidade e, quando aquela muda, a Constituição está posta em causa no plano político.
Este episódio desfigura profundamente a democracia espanhola e só posso esperar que uma larga maioria dos espanhóis se sinta muito mal com a condução política deste processo. Para bem da democracia espanhola e para bem das aspirações democráticas do povo catalão.
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28 comentários:
Democracia espanhola? Qual democracia? Monarquia é o que é, a abater! Fora com as monarquias, abaixo essa escumalha dos reis e rainhas em pleno século XXI! Dásss!
Vamos, então, às "aspirações democráticas do povo catalão".
Sempre me há de causar máxima perplexidade a irresistível queda para mergulhos no abismo que certa esquerda deste país constituiu na sua tara de estimação. Essa tara é tanto mais pronunciada quanto o advogar de acéfalos radicalismos não trás em si o mínimo risco de essa esquerda em si ver recair - que o mesmo será dizer nas suas pessoas, nas suas famílias, nas suas cidades e vilas, no seu país - os catastróficos resultados dessas voluntariosas tomadas de posição. Os casos da Jugoslávia, da Líbia e da Síria vêm-me, no que a essa postura diz respeito, à memória.
Comecemos pelo que verdadeiramente em toda esta questão que se analisa interessa.
Convenhamos, para que não caiamos em folclorismos identitários mais ou menos inventados e/ou exagerados, que a "questão catalã" que ora se coloca tem a ver com algo que, certamente, deve ser imensamente prezado por qualquer esquerda que como esquerda se conceba e comporte: o egoísmo contributivo e a renitência redistributiva da Autonomia Catalã. E é compreensível, pois prover as necessidades de 7.5 milhões de Catalães não é exatamente o mesmo que contribuir para o bem-estar de 40 milhões de Espanhóis. É aqui, é exatamente aqui, que nos deparamos com o primeiro paradoxo no subtilíssimo raciocínio dessa voluntariosa esquerda nacional.
(já lá iremos...)
(Continuando)
Esse insanável paradoxo consiste no facto de essa esquerda apontar (e com razão) como pecado capital de Alemães, Holandeses ou Finlandeses, no seu relacionamento com os países do Sul da UE, a falta de solidariedade redistributiva, ao mesmo tempo que concebe aquilo que naqueles vê como ilegítimo como uma fundamentada causa de dissolução do casamento entre a Catalunha e o resto da Espanha. Se forem os Catalães a fazerem, a gente aplaude; se o fizerem os Alemães, nós estamos contra... E a coerência, meus senhores, onde se escondeu ela?
Se já falámos de coerência, falemos agora de vergonha.
Tomando essa voluntariosa esquerda - cronicamente sofrendo de amnésia (ou será ignorância?) histórica - o atual secessionismo catalão como um movimento de massas esmagadoramente "de esquerda", esquece-se convenientemente ela das históricas responsabilidades das elites industriais catalãs no financiamento e na sustentação de todas as ditaduras espanholas do século XX: de Primo de Rivera (mais a sua selvática alfonsina guerra colonial em Marrocos) à ditadura do africanista legionário Francisco Franco, de todas essas ditaduras foram elas as pressurosas madrinhas, lucrando com a relação vastos cabedais. Ver hoje os Catalães, com os descendentes dessas elites nos bastidores, cognominarem o Governo de Rajoy (que, gostemos ou não - e eu dele não gosto - foi democraticamente eleito) de "ditadura" é de uma hipocrisia das mais obscenas.
(Há continuação)
(Continuando)
Aqui chegados, uma dúvida me assalta: fosse a "Liga Norte", mais as elites industriais que a apoiam, a pretender referendar a pertença do seu nortenho feudo à "calaceira" Itália mais a Sul, e teríamos certa esquerda a protestar o inalienável direito dos povos à autodeterminação como agora o faz para a Catalunha?
Quando, e se, as inconciliáveis diferenças (muitas delas voluntária e grosseiramente mitificadas e/ou inventadas, note-se) entre Catalães e os restantes Espanhóis os levarem ao inevitável e amaríssimo divórcio, muito gostarei eu de ver a cara de certa esquerda quando a independentíssima Catalunha aderir à UE e à NATO... Chegaremos então à conclusão de que a grei catalã é cosmicamente diferente de Andaluzes, Castelhanos ou Galegos, mas é irmã siamesa de Alemães, Belgas, Holandeses, Polacos, Finlandeses e... Turcos e Norte-Americanos...
Mais: aquilo que, pelos vistos, os Catalães se recusam a dar ao resto da Espanha, dá-lo-ão eles, com agrado e em triplicado, às burocracias da UE e da NATO.
(Há continuação)
(Continuando)
Há uma esquerda que ainda não entendeu que a atomização de Nações inteiras, com a consequente criação de minúsculos territórios de peso político irrisório e controlados pelos sábios políticos locais que preferem ser os reis de 500 a serem os ignotos representantes de uns quantos milhões é o programa da selvajaria neoliberal transnacional. E o seu sonho mais acalentado. E no que resulta essa falta de discernimento? Pois resulta numa efetiva cooperação dessa esquerda com a mafia capitalista transnacional e globalista de um só sentido. Só assim se compreende que aquilo que hoje é para ela sagrado na Catalunha, tenha sido por ela visto como uma heresia na Crimeia: a independência da Catalunha da "ditadura" de Rajoy e do seu PP (cuja presença no poder é, como tem sido, temporária) criará um país diminuto que, mais tarde ou mais cedo, se verá a braços com as incursões predatórias das grandes corporações transnacionais, logo, há que apoiar a secessão; a Crimeia escolheu esmagadoramente retornar ao colossal país a que sempre pertenceu (e isso para que não sofresse a sorte dos seus irmãos étnicos, linguísticos e culturais do Donbass às mãos dos neonazis de Kiev) , país esse que não admite ajoelhar-se frente a poderes estrangeiros, logo, a coisa não vale. Mudam-se as gentes e as latitudes, mudam-se as oportunidades de proveitoso esbulho disfarçadas de lutas pela dignidade alheia e pela democracia, mudam-se as legitimidades referendárias...
Há que, para concluir este já extenso comentário, notar algo: a construção de não poucos Estados-Nação europeus é, em termos históricos, coisa recentíssima. Muito mais recentes do que a unificação nacional espanhola são realidades nacionais como a Bélgica, a Itália ou a Alemanha. É por isso sabermos que devemos ter em conta um velho e sábio aviso: que se acautele certa esquerda - e todos nós com ela - com o que deseja numa Europa que assiste ao duplo ressurgimento dos nacionalismos inflamados e da medonha víbora bicéfala do neonazismo e do neofascismo.
1640... não fosse a Catalunha e não saberíamos que Portugal teríamos hoje.
Seríamos mais uma província autónoma?
Teria, sem duvida, havido lugar a uma guerra Ibérica com consequências sócio-culturais que trespassariam a Historia capaz de chegar aos nossos dias, tal como aos catalães, fosse qual fosse o resultado. Portanto se Espanha e França tiveram a sua guerra dos 30 anos, qual o tema que estaríamos aqui hoje a discutir ao falarmos de Portugal (o país com as fronteiras mais velhas da Europa)?
O mais certo era termos, uma vez mais, corrido com os espanhóis mas o plano das suposições fazem com que hoje se olhe para a Catalunha como um povo secularmente amordaçado por uma bandeira e uma língua que não são suas, anexado por uma monarquia que asfixia com uma legislação constitucional parida com um propósito: assimilar e de aculturação a médio-longo prazo.
Contudo, a tão esperada assimilação temporal e ou geracional nunca foi uma realidade mas apenas uma conveniência que nunca se quis confundida com o terror basco mas que ganhou vida com o referendo escocês.
Assim, a minha simpatia por uma Catalunha livre e independente não tem apenas a haver com a minha constante desconfiança para com o(s) governo(s) de Madrid - que, secularmente, por exemplo, utilizam a agua como ameaça constante ou, como actualmente, constroem centrais nucleares junto a fronteira com Portugal - tem a haver principalmente com uma sã realidade de possíveis vários estados Ibéricos independentes que partilham a mesma península sem o jugo de um qualquer monopólio de dependências que Portugal (com as suas razões) e as ditas regiões autónomas têm em relação a Espanha.
Um positivo "dividir para reinar" em igualdade Ibérica dentro de um quadro unitário Europeu mais complexo, sem duvida, mas onde Portugal passaria a ter um papel bem mais preponderante como fiel de uma balança Ibérica, estreitando relações varias que já não teriam que passar forçosamente, por Madrid.
Resta saber é se Portugal terá estatura suficiente para chamar a si os desígnios Ibéricos numa realidade em que a chamada Escola Centrifuga possa se tornar constitutiva num país que, actualmente, se chama Espanha.
Não consigo compreender o argumento que um referendo não vinculativo sobre a independência seja inconstitucional. Pela mesma ordem de ideias um referendo sobre possíveis alterações à constituição seria sempre inconstitucional e a constituição tornava-se imutável e eterna o que também seria anti constitucional por não ser democrático e ofender vários direitos universais. Se o referendo fosse vinculativo aí sim contrariaria a constituição mas não o sendo é simplesmente uma manifestação de liberdade de expressão.
Anónimo
Eu pertenço a essa "certa" esquerda e, embora ache validos muitos dos pontos acima mencionados, não posso deixar de lhe colocar umas certas questões:
- É ou não o factor linguístico de um povo ou de uma nação, considerada nas suas características próprias, o ponto maior da sua cultura?
- É ou não verdade que, in rem propriam, qualquer cidadão "anexado" tenha o direito de ser livre de decidir em liberdade os desígnios da sua gente?
- É ou não verdade que a Palestina pode, a grosso modo, ser comparada a Catalunha?
Conflitos haverá sempre quando se radicalizam posições e, pese embora os exemplos supra mencionados, também existem outros em que a legalidade e o bom senso imperam onde uma referendo é uma das armas que, em democracia, o povo terá a sua palavra.
O nacionalismo extremado é um perigo bem presente num futuro próximo mas a perante uma ditadura monarquica escondida por leis de propósitos tendenciosos é uma realidade actual normativa "normalizada" pela História.
Pois então que se mude a constituinte para que o povo possa votar e decidir o seu futuro ou que é valido para nós não serve para os outros?
O Sr. ARA pertencerá à esquerda a que quiser pertencer, mas eu certamente à sua esquerda é que não pertenci, não pertenço e não pertencerei. E explico-lhe porquê.
Eu não pertenço a uma esquerda que se revê no velho atavismo português do "se não posso ser grande, então que os outros sejam reduzidos ao meu reduzido tamanho", atávica idiossincrasia essa agora avisada e inteligentemente aplicada à geopolítica peninsular.
Eu não pertenço a uma esquerda que tem a falta de decência de comparar a limpeza étnica do povo palestiniano pelo racista e genocida Estado de Israel e o seu recorrente massacre intramuros no maior campo de concentração do mundo, bem como a sua errância de setenta anos por campos de refugiados com o "caso catalão". A pergunta impõe-se: ao dar-se a estúpida liberdade do exercício de tais analogias, para onde foi a decência dessa esquerda?
Eu não pertenço a uma esquerda que vê numa língua falada por uma comunidade o fator que radicalmente a distingue de uma outra comunidade vizinha que uma outra língua fale, porque, se o argumento serve para os divórcios, parece que um senhor chamado Adolfo Hitler dele se serviu para casar à força tudo o que lhe cheirasse a germanófono. Para mais, se o argumento de divórcio pega, melhor será o senhor preparar-se para a implosão da Bélgica, da Itália e da Suíça e de todo o país europeu que nas suas fronteiras inclua uma minoria linguística qualquer, por diminuta que ela seja. Ser a língua uma pátria é uma "boutade" pessoana e não mais que isso, e ver essa "boutade" transformada num alto princípio de uma certa esquerda é deveras hilariante e trágico a um tempo só.
Eu não pertenço a uma esquerda que torpedeia a legalidade democrática de um país com apelos ao "bom senso" daqueles que legalmente reagem às estudadas provocações de nacionalistas líderes videirinhos.
Eu não pertenço a uma esquerda que utiliza, por tudo e por nada e com uma ligeireza acéfala, a palavra "ditadura", porquanto muito grita essa esquerda por lobo, mas, quando o lobo realmente vier ninguém lhe dará ouvidos.
Eu não pertenço a uma esquerda que compara o nada com o coisa nenhuma: aproximar a birra de há 800 anos do Afonsinho com a mamã e os seus protetores da atual situação autonómica espanhola é, desculpe-me a franqueza, completamente imbecil.
PS- E olhe, caríssimo ARA, é mais do que evidente que a esquerda de cada um de nós não é a mesma esquerda. Se me não falha a memória, já consigo troquei uns acesos argumentos - aqui ou em outro lado - acerca da situação que então se vivia na Ucrânia. O senhor, como não poderia deixar de ser, acertou em cheio nas previsões que fez na altura; eu, como de esperar seria, falhei miseravelmente nos meus prognósticos. É só confirmar... Assim sendo, pertence o senhor à esquerda clarividente, pertencendo eu à esquerda cega, surda e muda. Pelo que, dadas as minhas notórias incapacidades, fiquemos por aqui, sim?
Fiquemos por aqui? Desculpe, como diz que disse?
Não, meu caro, longe disso ... pois acéfalo será sempre aquele que se "esquece" da História quando lhe convêm e a chama à liça para sustentar argumentos. A isso chama-se desonestidade intelectual, meu caro, e se lhe apraz fazer disso um manifesto deixe-me humildemente discordar com factos Históricos e o porquê da minha simpatia pela causa Catalã, Basca, Galega, Escocesa ....
Ao exemplo que lhe dei da Palestina, e segundo o qual achou estapafúrdio, eu, vou-me dar ao trabalho de lhe relembrar que a Catalunha viveu durante 150 anos como um Estado soberano e independente e que, após a sua anexação, se rebelou contra Espanha, pelos 2 séculos seguintes de excessiva taxação real imposta pela coroa (lá está, uma coincidência com presente não é?) aliando-se a Luís XIII contra o rei Espanhol Felipe IV e entre 1640 (esta data diz-lhe alguma coisa?) e 1652 foi mesmo uma república autónoma sob protecção francesa que apenas durou 12 anos até nova reocupação Espanhola.
Mas o espírito revolucionário e independentista Catalão nunca esmoreceu e entre 1713 e 1714 deu-se um cerco a cidade de Barcelona com um resultado de 20 mil mortos (se quer saber porquê, leia!) com consequente castigo severo para os rebeldes da Catalunha que virão o seu Parlamento suprimido, o uso do catalão pelos funcionários do Estado na região abolido e o sistema legal autónomo do resto do reino desmantelado.
Mesmo assim a resiliência deste povo não esmoreceu e no seguimento da instauração da segunda república em Espanha deu-se a criação de um governo regional, a Generalitat, mas com a repressão Franquista da Guerra Civil Espanhola, a Catalalunha tornou-se num dos principais palcos de resistência anti-fascista do qual se destaca o papel do POUM (Partido Operário da Unificação Marxista) como maior combatente.
A vitória do regime franquista em 1939 (com a preciosa ajuda de Salazar) deu lugar a mais de três décadas de ditadura militar e a uma nova supressão da autonomia, cultura e língua catalãs até aos dias de hoje.
Portanto, falando francamente, o Anónimo ao opinar sobre tudo de modo tão "assertivo" deveria ao menos tentar saber do que fala ao invés de vociferar coisas só para não estar calado passando para quem o lê a imagem de alguém menor intelectualmente (coisa que me parece que não seja) na busca incessante de atenção (lamento).
Ah! E sem duvida alguma que a minha esquerda não é a sua pois, podemos até partilhar a mesma bandeira, a História também me ensinou que foram demasiados os comunistas que morreram pela mão de outros pseudo-comunistas.
Quer falar sobre a Palestina? Vamos a isso, mas aviso-o que eu faço uso da História para pensar o presente ao que o Anónimo parece fazer-se valer em prognósticos e clarividências afins para acertar no totobola.
«Os homens fazem a sua própria história, mas não a fazem como querem... a tradição de todas as gerações mortas oprime como um pesadelo o cérebro dos vivos»
Karl Marx
1º A Catalunha nunca foi um país independente
2ª A aprovação do referendo na Catalunha violou as próprias leis da Catalunha e obviamente a constituição de Espanha
3º Na minha opinião qualquer política que leve à desagregação territorial de Espanha é criminosa.
Decididamente, libérrimo ARA, fiquemos por aqui, porquanto todo o seu anterior comentário contém nele mesmo toda a contra-argumentação que ele necessita, ou seja (e resumindo): um conjunto de dislates sectários devora-se, na sua raivosa cegueira, a si mesmo. E "esquecer a História" (uma curiosa observação vinda, como vem, de quem ainda anda a cavalgar a mítica onda do POUM e do seu incontornável contributo na salvação da República Espanhola, só lhe faltando - para o dislate ser homérico - rapar dos escritos do bufo Blair - o escritor "de esquerda" mais adorado pela direita reacionária deste planeta - em honra da sua adorada Catalunha e da sua magna contribuição guerreira contra a moirama fascista) a ser pecado meu (que não é, pois dei-me, de há muito, o gosto e o proveito de compulsar os Paul Preston e os Angel Viñas que, a julgar pela sua adoração Poumista, o senhor não leu ou, se leu, não entendeu) é pecado bem menor do que a distorcer sob a lupa do fanatismo sectário e dos inconsequentes (ou, por vezes, inesperada e sangrentamente consequentes) extremismos pueris.
Quanto à sua insistência na analogia Palestina/Catalunha eu só lhe posso responder da única maneira que humanamente a um ser humano se impõe: vá Vossa Excelência bardamerda mais as suas sociopatas analogias, certo? E, se por acaso, o senhor não entender por que, deixando o meu educado registo, para tal sítio eu o mandei, isso só significará uma coisa: Vossa Excelência - cego como está pelo alheio fanatismo revanchista que seu reclama - há muito perdeu o sentido do ridículo. Passar bem.
( Terminando). Eu opino quando quero, sobre o que quero e da forma como quero, aqui no LdB. Os únicos que a essa liberdade podem pôr travão são os moderadores aqui do blogue e não alguém que se dá a desfaçatez de querer condicionar - com lamentáveis e grosseiras observações "ad hominem" - a forma e o conteúdo daquilo que escrevo.
Acresce que eu estou-me borrifando para a imagem de mim com que possa o senhor ficar. Quem se acha o senhor para eu me preocupar com o que de mim possa pensar?
Quanto a atenção, mesmo que eu a persiga a todo o custo, como a autêntica Pitonisa que Vossa Excelência é jura que eu persigo, dela nada sobrou para mim: creio que Vossa Excelência conseguiu que ela em si por inteiro recaísse ao sacar da sua muito marxista cartola a hiperbólica javardice de cotejar a Palestina e o seu povo com... a Catalunha. Cotejo esse que, diga-se, é o mais notório sinal de uma inteligência privilegiada como é, sem dúvida nenhuma, a sua. Passar bem.
Uma última coisa: faz o caríssimo ARA uso da História para pensar o presente? Não me parece... Não pensa o presente quem nele não acautela o futuro. E pensar o presente como um serôdio e impossível ajuste de contas com um passado histericamente hiperbolizado, historicamente descontextualizado, mal entendido e ainda pior digerido (ainda lhe estarão entalados na garganta os ossinhos do tio Trotsky mais os dos seus seguidores, o fantasma de Andreu Nin, os miasmas do poderosíssimo POUM e os mumificados ecos dos consequentíssimos anarquistas - em resumo, os aliados de Casado - que ajudaram a enterrar a democrática República Espanhola?) é receita certa para o desastre futuro. Há quem com o passado nada aprenda e queira no presente tirar desforço dos supostos culpados da pretérita desgraça que eles próprios fizeram recair sobre si e (ainda mais) sobre os outros. Ver os independentistas catalães, essa chusma circense de oportunistas,de antigos responsáveis governamentais corruptos (quem foi que obscuramente privatizou o abastecimento de água na Catalunha, quem foi?),de fanáticos ignorantes e intolerantes, de racistas "tout court" (sim, racistas em relação aos Andaluzes e Galegos e outros Espanhóis - credo! - que na Catalunha procuraram ganhar o seu pão e para a riqueza dessa região contribuíram com o seu suor e as suas vidas) e de alguns indispensáveis idiotas úteis que, no futuro, lamentarão amargamente a sua aliança com a anterior escumalha, a honra resgatada da luta antifranquista de 1936-1939 é surreal.
Quanto à sua ameaça de me zurzir bem zurzido (que medo!) com os seus vastos conhecimentos da História da Palestina (suponho que, entre presunção e água-benta, escolha invariavelmente o senhor, "um comunista à séria", a primeira, certo?),não sendo eu masoquista e vendo a sua risível interpretação de toda a "questão catalã", acho melhor poupar-se a tal trabalho, não vá repetir a triste figura que anteriormente fez ao ensaiar inteligentíssimas analogias entre o nada folclórico e o humanamente insuportável. Se, por outro lado, me não quiser ficar por um registo tão urbano como o foi o anterior, terei que instá-lo a palestrar História, seja ela a da Palestina ou outra qualquer, aos seus filhinhos, se os tiver e estiverem eles com pachorra para lhe beberem as mui modestas baboseiras, pois eu não tenho idade, não tenho formação e, sobretudo, não tenho cultura tão baixas que permitam ser iluminado pelo inacreditável quadrado intelectual que Vossa Excelência mostra ser.
"Comunistas"? "Comunistas a fingir" que, aleivosamente, os primeiros matam? Olhe, meu caro ARA, eu, que saiba, disse-lhe não ser eu da sua esquerda; se a sua esquerda é a dos "verdadeiros comunistas" eu, não lhe tendo dito que era "comunista a fingir", não sei como apareço metido nessa sua mortífera salada. Para mais, uma salada, digamos, um pouco rançosa, porquanto foi largamente confecionada e consumida (terá Vossa Excelência precavida e saudosamente guardado alguma porção dela no frigorífico?) nos idos de 1936-1939. Para a próxima vez, a ver se acerta no tal totobola de que diz não ser apostador, tente "cripto-comunista", "filo-comunista", e... por aí adiante...
Já no meu segundo comentário bem o avisei que o melhor seria ficarmos por ali, mas Vossa Senhoria insistiu no prolongar do seu voluntarista militantismo sectário e vesgo e,crescentemente, desnecessariamente agressivo. Espero que por aqui se fique uma conversa que tende seguramente a azedar, e que me não faça o senhor descer ao seu nível tão polida e "verdadeiramente marxista".
De uma vez por todas, passe o caríssimo "verdadeiro marxista" muitíssimo bem mais a sua (mais sua do que de muitos Catalães que se não querem separar de Espanha, pelos vistos) "Independência Catalã".
Anónimo
Prendar-me com impropérios de alta estatura tais como "bardamerda" e afins demonstram o quanto a cegueira (essa sim, sectária) do contraditório lhe tolda o raciocínio que numa enxurrada voraz mistura alhos com bugalhos com o intuito de ficar com a ultima palavra que, curiosamente a fala porque «a birra de há 800 anos do Afonsinho com a mamã» lhe deu essa faculdade mas que o próprio desdenha pois acha que a língua de um povo não é a sua pátria mas sim «uma língua falada por uma comunidade o fator que radicalmente a distingue de uma outra comunidade vizinha que uma outra língua fale» não é um diferenciador mas sim uma casualidade folclórica concluindo com os tais alhos e bugalhos comparativos com ... Hitler?!
Pois lhe darei a bicicleta como prémio visto que uma discussão "séria" e "elevada" consigo é uma tarefa enfadonha e masoquista (enfadonha pois não acrescenta nada de novo e masoquista pelos adornos "literarios" só possiveis de serem partilhados atrás de um teclado) e não mais manterei este patético medir de "pilinhas" ,que propõe e tanto parece apreciar, sobre qual delas está mais a esquerda pois quando apenas lhe apresentei uma suposição enfiou o barrete até ao pescoço e, com o frio que tem estado, se calhar foi a sua melhor opção.
Olhe escreva o que quiser visto que nunca lhe o disse para não fazer (até lhe partilhei que gosto de o ler) mas se lhe apetece rasgar a camisa revolucionário por um suposto condicionalismo da sua liberdade de expressão pois que o faça ... só tenho pena de não opoder ver pois uma boa gargalhada precisa-se!
Portanto, fiquemos então por aqui, eu com a minha verdade e V.Exc. com a sua .... passe como quiser!
O seu primeiro parágrafo deste seu último comentário é o apropriado prefácio do conjunto de sandices de mão cheia que ele é no seu todo e é, igualmente, a flagrante confissão de que o libérrimo ARA não entendeu peva do que eu anteriormente escrevi.
Enfiou Vossa Excelência o barrete do meu primeiro comentário até às orelhas, reclamando-se dessa tal "esquerda" que eu nele criticava, e vem agora, depois de curvas e contra-curvas, piruetas e cabriolas, dizer que eu reclamo o monopólio do ser de esquerda? Afinal é o senhor de uma esquerda, sendo eu de outra ou quer o senhor ser, à uma, o "verdadeiro comunista" que em si contém todas as esquerdas possíveis e imaginárias, existentes ou que virão a existir? Decida-se, homem... E, depois de fazer com que o seu folclórico catalanismo exógeno achincalhasse a luta do povo palestiniano, ainda se faz de chocado por eu o ter mandado à...? A sério? Não lhe agradou a sugestão? Não? Pois, por continuar a não me agradar a sua canalha comparação, aqui vai ela (a sugestão) mais uma vez: vá Vossa Excelência bardamerda mais as suas analogias entre a Palestina e a Catalunha, certo?
E para que os circunstantes apurem da pureza meridiana do seu raciocínio, basta que eles leiam os nossos anteriores comentários e averiguem se sou eu que quero ter a última palavra ou se foi o senhor que insistiu nas suas imbecis catilinárias de "verdadeiro comunista" mais pró-catalão que o mais pró dos Catalães pró-independência, enfadando-se muito por ser Vossa Rubra Senhoria dessa esquerda (palavras suas) que eu tanto critico.
Quanto a "adornos literários", é natural que o senhor os não aprecie, porquanto educação literária foi coisa que, certamente, passou ao lado de quem confunde troca de ideias (mais elevada ou, "malgré moi", menos elevada) com a medição(mais patética ou menos patética) de partes baixas. Mas tal confusão entre a parte superior que deveria pensar e a parte inferior que torrencialmente evacua é no libérrimo ARA, pelo menos a avaliar pela qualidade extraordinária dos seus argumentos e pela elegante e sofisticada prosa que esses argumentos enforma, algo de muito natural, não é verdade?
PS - Obrigado pela lembrança de que foi o Afonsinho o inventor do Português. O mais breve possível, irei até ao Mosteiro de Santa Cruz - de joelhos e vergastando-me fartamente pelo caminho - colocar uma coroa de flores no túmulo do Nosso Primeiro em penhor da minha eterna gratidão por falar a língua que falo, redimindo-me assim do meu pretérito e gravíssimo crime de lesa-portugalidade por si tão bem apontado. Bem haja, meu caro ARA, pela sua filológica descoberta da certidão de nascimento que faz remontar o Português de lei aquém da "Notícia de Torto". Bem haja.
Ah, já me esquecia: fiquemos, então, por aqui. O senhor ficará com a sua verdade e eu ficarei com aquilo que tenho como minhas (sempre reavaliáveis) opiniões, pois, para mim, a "verdade" é algo só alcançável por seres intelectualmente superiores e cheios de fé revolucionária como Vossa Senhoria. Passar bem, sim?
PS- E não se esqueça de comprar um bom feixe de foguetes, pois parece que, dentro de 48 horas, vai haver festa rija. Divirta-se.
Só tenho pena de que a anunciada declaração da independência catalã não coincida com este nosso hoje celebrado 5 de Outubro. Poderíamos ter assim o supremo orgulho de, fazendo um agradável dois em um, associarmos (como já vi a nossa equilibradíssima e muitíssimo neutral comunicação social, passando o lustro à nossa tão multissecular quanto vivíssima azia antiespanhola, associar) a "libertação" da Catalunha não só ao seu claramente equivalente 25 de Abril de 1974 (aqui entra uma sonora gargalhada...) como também à nossa calendariamente coincidente revolução antimonárquica de 1910 (mais umas quantas sonoras gargalhadas...). Ainda tenho esperanças que um qualquer bardo buarquiano (talvez o António Zambujo, dadas as suas conhecidas sensibilidades com as "revoluções" dos outros) entoe uma bem afinada ode em que expresse a esperança de ainda poder ver a Catalunha tornar-se, sem tirar nem pôr, "um outro Portugal".
Anonimo
Torcido e retorcido , bem espremido, sai-lhe sempre mais um caganito! Não é? Ehehehe!
Acabei de chegar do meu labor (enquanto a "profeta" idade descansa revolucionariamente os ossinhos no colo de Morfeu ... o mui merecido descanso do guerreiro do dedilhado) mas não podia deixar de salutar o enredo criado através do uso de desobstruídas esculturas e afins criações que só um Ser de vísceras a sério era capaz de me fazer escrever a estas horas.
Verdadeiro comunista? Eu? Nah! Tenho lá eu estudos e estatura intelectual para rivalizar com tamanha evacuação do seu Saber? Aliás nem comunista sou, sou, isso sim, apenas um comuna de parca inteligência que não entende peva de palavras caras ... pessoa simples que quando não entende costuma partir para a ignorância ... pessoa a evitar, portanto!
Assim o meu sentido bem haja pelo seu radiante Ser revolucionário educador que ofusca os demais com tamanhas bizarrarias ... mas vide Vossa Sabedoria com a devida cautela com tais lembranças pirótecnicas pois ainda estamos em época de incêndios e, por precaução e cidadania, guarde para si os foguetes na sua mui nobre cavidade onde o sol não brilha.
Tenha um bom dia ... a dedilhar .... já já sairá algo mais interessante para comentar
Mais uma achega para percebermos do que falamos quando falamos do atual secessionismo catalão: em 2014, a CIU, de Jordi Pujol e de Artur Mas, ferrenha defensora da independência catalã e governante da Generalitat, votou, numa das sessões do benfazejo parlamento autonómico, contra... o reconhecimento do direito à autodeterminação do povo palestiniano, sarauí e curdo. Três anos passados, há quem entre nós quase se voluntarie para dar o peito às balas pelo sagrado direito dessa gente se tornar... independente. É esta a gente (gente de direita, refira-se) de quem gente "verdadeiramente de esquerda" orgulhosamente se declara condiscípula e, juntado a ofensa à injúria, compara ao... povo palestiniano. Que tristeza.
"Partir para a ignorância" (ui, que medo!)? Engano seu, iludidíssimo ARA, o senhor o que faz é, isso sim, partir da ignorância. Todos os seus anteriores arrazoados são disso exemplo ao tratarem (?) de questões complexas abordando-as com o voluntarismo oco dos crentes cegos pela sua crença, crença essa que se basta a si mesma e dispensa bem as pesadas realidades do mundo que a rodeia.
Gostei sobremaneira dessa sua oposição entre trabalho (seu) e sonolento ócio (segundo diz, meu) temperada com o indispensável molho do muito em voga anti-intelectualismo (andará o caríssimo ARA a emular o pato-bravo do Donald e o seu twitter?) que faz hoje a imbecilidade passar por ciência e transforma os hodiernos analfabetos funcionais nuns autênticos sábios.
A si, rapidamente descendente ARA, aplica-se, com propriedade e muitíssimo proveito, o velho adágio "Quanto mais se baixa, mais se lhe vê... aquele sítio onde o sol não brilha. E eu, sou-lhe sincero, para ver espetáculos desses ele há situações, locais e géneros bem mais adequados e agradáveis do que os que aqui encontro.
Passar bem.
PS- Lá está Vossa Excelência com a sua pouca higiénica fixação pelas baixas partes corporais... Não lhe agradam os foguetes? Pois arranje serpentinas, confettis, apitos, cornetinhas e estalinhos de Carnaval, e vá dar largas à sua alegria independentista. Quem sabe se encontra por lá os impolutos Pujol e Mas fazendo, de braço dado com algum colono israelita, a mesma festa que o senhor faz. Divirta-se. Sempre em boas companhias, claro...
Bem sei que uma visão muito própria do que se explana fora da "nomenclatura" sempre fez com que muitos bovinos olhem de cernelha prontos a investir (não vestisse eu de vermelho!) mas o Anónimo, qual guerrilheiro do dedilhado, é alguém com quem se pode sempre contar numa qualquer largada só que não passa de uma vaca chocalheira com pretensões a touro.
Enfim... contudo, pelo meio das divertidas trocas de "farpas" passo a partilhar o seguinte:
Pujol e Mas são exactamente aquilo que se conhece em virtude de querem que o seu publico segredo (a própria ERC os denunciou para depois negociar em prol de algo maior) seja levado a avante embora perante (mais) uma oportunidade única de se fundar uma republica ao invés de uma monarquia que de democrática tem muito pouco, e renegando um legado de luta republicana de esquerda Catalã faz me confusão ler Joan Josep Nuet declarar-se democrata e não independentista perante um juiz do TC depois de ver sua casa "escrutinada" pela policia muito ao estilo do que por cá já se viu sair da boca de um pobre coitado (parecido com o guerrilheiro do dedilhado) que se abstinha violentamente, demitindo-se da responsabilidade do momento.
Assim, perante um referendo não vinculativo que demonstrava apenas e só a máxima do direito de liberdades de expressão e de associação, a tal monarquia democrática imbecilmente defendida até por "comunistas" demonstrou na perfeição como métodos repressivos que se pensavam extintos apenas provaram a quem duvidas tinha que apenas estavam enferrujados por um estado monárquico colonialista (daí a comparação à Palestina) que subjuga e perpetua de forma "light" a repressão de povos que pretende assimilados perante uma só bandeira.
Bom, aqui chegados, depois de muita conversa enviesada e contraproducente (lá e aqui ... no blog) as Izquierdas Unidas propuseram, algo que desde há muito era o que eu próprio sempre defendi, com Alberto Garzón ( coordenador federal da Esquerda Unida ) a propor a criação de uma Republica Federal como modelo alternativo ao vigente e, quando, implementada e solidificada, pensar no fim da monarquia constitucional espanhola que mais não é uma farsa para uma suposta unidade nacional de pendor colonialista.
Não é perfeito ... mas é um começo.
ps- Empírico Anónimo, enquanto se olvidar que presunção e agua benta cada um toma a que quer continuará no mesmo ridículo registo de alguém que lida mal com o contraditório refugiando-se numa ideia de si próprio como um "intelectual" progressista quando não passa de um morto vivo, estagnado, com a pretensão delirante ao Saber absoluto e ou premonitório.
Passe como e com quem quiser.
Depois de lhe ter eu aturado longamente as baboseiras, depois de Vossa Excelência ter inteligente e videirinhamente contornado todo e qualquer escolho que lhe fizesse naufragar o tão enfunado quanto alienado discurso pró-independência da Catalunha, depois de ter Vossa Senhoria ignorado olimpicamente os laços de não poucos independentistas catalães com o colonialismo sionista (vide o meu comentário das 03:55, de 5 de Outubro) e, acanalhadamente, ter a estultícia de comparar a Catalunha à Palestina, e, sobretudo, depois de a esse autêntico atrasado mental, esse débil mental ordinário e reles, que é o Sr. ARA lhe ter dado para as canhestras metáforas tauromáquicas (reminiscências da sua árvore genealógica, aficionadíssimo ARA? Corresponde esse "touro" àquele senhor que Vossa Excelência toma, erradamente e desde sempre, por seu legítimo paizinho e essa "vaca chocalheira" terá nela implicitamente plasmados os dadivosos atributos da sua santíssima mãezinha ou os da sua impolutíssima cônjuge?), terei que fazer aquilo que, provavelmente, deveria ter feito para começo de conversa com tão insigne imbecil: olhe, meu caro, vá - mais todas as suas ideias de merda - para aquele sítio que é verdadeiramente a pátria de um e de outras: o esgoto. Ou seja, à merda.
PS - Peço aos outros comentadores que me desculpem o pouco urbano registo e que gentilmente compreendam que aquilo que se atura a um filho de uma nota de quinhentos tem os seus limites, limites esses que são os mesmíssimos da paciência. E esta, como todos sabemos, está muito longe de ser infinita. E eu fui, como podem facilmente constatar, o último a desejar que as coisas aqui chegassem.
Anonimo
Ora aqui esta o esplendor do guerrilheiro do dedilhado que quando ... olé ... se vê enredado no seu mui entroncado e rebuscadamente " intelectualizado"... olé ... discurso, investe desenfreadamente contra as barreiras com um olhar esbugalhado de um autentico bovino em furia... olé ... dando pinotes de impropérios e merdas afins ... olé!!!!!!
Mas o pobre olvida com frequência a sua condição de vaca chocalheira e, quanto muito, apenas pode admirar ao longe na lezíria os seus anseios de vir a ser um touro bravio e isso cria-lhe um certo engulho, raiva e angustia como tão bem explanou e que bem que ficou latente no seu escrito acima sobre o qual não vou, nem devo descer a tal bosta, tão frequente no seu habitat mas onde a qual não me consigo situar pois se assim fosse baptizaria de igual modo a família do dito cujo visto que sem duvida alguma terá a sua culpa no cartório por ter criado alguém a "quasi" mas culpa alguma terá por esse "quasi" fazer disso o seu modo de vida porquanto tendo atingido a maior idade e começar a pensar pela sua própria cabeça ... de vaca e ou até que culpa se pode atribuir á familia que o próprio constituuuuuui? Nenhuma. portanto.
Assim, para quem nos lê, perguntarão de certeza se hoje é 5ªfeira e se há alguma corrida RTP no Campo Pequeno? Pois ... não, caro leitor, temos apenas uma vaca chocalheira a ter um espasmo e ou vários, quiçá, contudo, caro leitor, se ainda está a perder o seu tempo a ler isto, devo-lhe, por resistência do próprio (do leitor, leia-se) informar que a vaca foi para abate e que na sua hora H partilhou o seguinte (...) esse autêntico atrasado mental, esse débil mental ordinário e reles, que é o Sr. ARA (...) e pereceu num tombo só, podendo, no presente ser ainda vislumbrados os seus despojos mortais, nas vitrines do talho Fricarnes na Azambuja (passo a publicidade) com um carimbo A.R.A em cada peça.
Mais informo que a carne é demasiado rija, com muito nervo e que nem para ração é aconselhável.
Despeço-me com amizade
A.R.A
ps- O próximo episódio desta nova temporada terá como titulo:
« Reparem, senhores telespectadores, neste avantajado bovino de raça charolesa»
Episódio esse que terá por herói, como não poderia deixar de ser, o seu paizinho, certo?
Como gostoso e mui romântico enredo secundário, teremos a agradável surpresa do televisivo desvendar das peripécias amorosas que fizeram os seus progenitores encontrarem-se numa qualquer manhosa ganadaria de conforto, sabe-se lá onde...
Vossa Excelência ainda não aprendeu, com a idade que tem, que o mandarem-no à merda não é propriamente um amistoso convite que lhe façam para continuar a debitar os seus enxurros de cloaca? Chiça que Vossa Excelência possui na sua pessoa imbecilidade suficiente para tornar Portugal autossuficiente em matéria de bovina estupidez.
PS- Apreciei sobremaneira o seu último esforço, agudíssimo ARA, de intelectualizar o seu agradabilíssimo estilo redatorial. Mas, convenhamos, a coisa saiu-lhe um pouco insípida na sintaxe e no vocabulário. No particular da articulação das ideias (?!!!), então, melhor será nem falar. Tente novamente.
E quanto a essa "vaca" que foi para abate, caríssimo ARA, não terá Vossa Excelência confundido seres e circunstâncias vivenciais muitíssimo diversas? É que a única "vaca" que, sem ter sido previamente abatida como Vossa Excelência erroneamente referiu, sempre foi para consumo geral, foi a sua mãezinha, certo? Se a sua carne foi e é demasiadamente rija para que deveras agrade à vasta freguesia, isso eu não sei, pois nunca a provei, não a provo e estou mais do que certo de que jamais a provarei... Queira Vossa Excelência dar-se ao trabalho de fazer um inquérito de rua, e estou convicto que encontrará resposta massiva e cabal para a sua pertinente dúvida.
Se há lá coisa a que não se pode acusar a vaca chocalheira é a de falta de persistência pois mesmo feito em bifes rançosos ainda teima nos impropérios. Prova de vida? Nada disso, são gases próprios do material biológico em decomposição que, embora seja a "sua" natureza em acção não deixa de ser ... desagradável.
Contudo, devo registar o lento raciocínio do ex-exemplar que ainda não se inteirou que a pretenciosa vã gloria de mandar alguém a algum lado não é sinónimo de que esse alguém lhe ache autoridade para tal, portanto, além de lento raciocínio, o ex-exemplar, também é provido da soberba própria dos principiantes a déspotas tornando-o incoerente para com a vasta prosa progressista que por aqui tem defendido, um impostor deveras afectado e armado ao pingarelho.
Pois que continue que eu, humildemente, cá estarei, seja para debater ou para relatos da tv rural onde o Anónimo será sempre o actor principal, que a continuar assim pouco ou nada saberemos sobre opinião politica mas sem duvida alguma ficaremos com um profundo conhecimento de agro-pecuária à custa das excelentes prestações do Anónimo.
A.R.A
De agropecuária saberão, certamente, muito mais Vossa Excelência e, por mor do apego ao ramo (pelo lado zoológico do "pecus"/"pecoris" que a si e a eles é comum, claro está), o seu suposto papá e a sua dadivosa mamã do que eu, pois não sou frequentador de estábulos. Para que eu, que aqui longamente lhe aturei as mui progressistas diatribes acerca da "questão catalã", aprenda o básico sobre o assunto, melhor será que o senhor tenha a fineza de me facultar um daqueles didáticos videozinhos com muita ação e pouco diálogo protagonizados pelo seus progenitores, está bem?
Essa sua acusação de "principiante de déspota", vinda de quem acamarada com a ERC e o PUC e os demais alucinados e muitíssimo democratas (Lol, Lol e Lol até à exaustão de tanto rir) independentistas catalães, é verdadeiramente hilariante.
Moral da história: veio Vossa Excelência por lã (que eu, reiterada e respeitosamente, lhe disse que não havia), caríssimo ARA, e, no longo e entediante explanar da sua esplendorosa ignorância panfletária, acabou tosquiado. Acontece.
E agora, pelo que me toca e definitivamente, porquanto Vossa Excelência está a um passo muitíssimo curto de me fazer ter por si aquele sentimento - a saber, o de pena - que é o último sentimento que eu acho digno que se tenha por quem quer que seja (até pelo senhor, veja lá), passar bem, sim?
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