segunda-feira, 9 de outubro de 2017

Descaramento e desequilíbrio

O CDS está a perder a face e o equilíbrio. Já nem consulta o seu fiscalista de eleição, António Lobo Xavier, para apresentar as suas propostas fiscais no Orçamento de Estado de 2018.

Depois de se tornar conhecido que o Governo e os seus parceiros parlamentares iriam criar dois novos escalões de IRS e uma subida do limiar de isenção de IRS, o CDS - que sempre defendeu a redução do número de escações de IRS como forma de pôr "as pessoas a trabalhar melhor ou mais" -recusa-se a voltar a defender a sua velha ideia já que pareceria mal estar a defender, sim, a descida do IRS "para todos", leia-se, "para os 11% que pagam 70%". Mas não podia ficar a atrás.

A nova ideia do CDS é a de que as horas de trabalho extraordinário, feitas pelos trabalhadores, fiquem isentas de IRS. E o argumento é dos mais descarados: não é justo que o esforço extraordinário do trabalhador seja apropriado pelo Estado!

Na verdade, o que o CDS está a fazer é colocar o Estado a subsidiar o trabalho extraordinário, já que o rendimento líquido dos trabalhadores se reduziria e se tornaria mais atraente. O CDS que aprovou o pacote laboral de 2012 que - entre muitas medidas - cortou a metade o preço pago pelo patronato pelo trabalho extraordinário - agora quer ajudá-lo de novo pondo o Estado a contribuir, ao mesmo tempo que se afirma muito preocupada pelos trabalhadores votantes...

Ora, se o trabalho extraordinário é pouco atractivo às empresas, que se suba o seu preço, mas nunca se ponha em causa o princípio de que todo o rendimento deve ser tributado.

A nova líder está a ganhar os tiques do seu patrono Portas: é muito criativo nas suas justificações. Já quando o CDS foi o partido que defendeu o fim do imposto sucessório, o argumento foi que não era justo o Estado até tributar a morte, quando na verdade o que se estava era tributar os vivos que recebiam a herança, em nome da igualdade de oportunidades, algo que o CDS sempre defende, mas que apenas aceita quando é o Estado a pagar. E aí obviamente que os atingidos não eram os mais pobres...

O CDS tem destas coisas: inverte a lógica da intenção para ter o apoio dos pequeninos ao benefício dos outros. Eis a verdadeira face do populismo.

18 comentários:

Anónimo disse...

fora as multiplas situações em que o trabalho extraordinário é pura e simplesmente ignorado. finge-se que não existe - como na banca. 2 horas extra por dia de borla. e depois distribuem-se lucros pelo accionista enquanto se reduz pessoal.

Jose disse...

O princípio de que todo o rendimento deve ser tributado...salvo o dos coitadinhos que cabe à esquerdalhada dizer quem são.

As horas extraordinárias são um perigo para a saúde pública e devem ser tão caras que o patronato não as queira utilizar, preferindo emigrar para paragens onde não existam medidas sanitárias tão estritas.

Democrata disse...

Aquilo que o Centro Democrático Social (CDS) pretende é privatizar o Estado em proveito de uma minoria, colocando-o ao serviço do poder financeiro e clerical, bem como das empresas, grupos, e indivíduos, inseridos na órbita do partido.

Anónimo disse...

josé, sempre a defender o direito da elite escravizar seja quem for. e também o direito da elite pagar menos impostos que os mais desfavorecidos.

não, não cabe à esquerdalhada dizer quem são. é senso comum básico: são os que menos rendimentos têm.

esta proposta do CDS é uma armadilha que espero ver cair no lixo onde cabem a maior parte das propostas deste partido. rapidamente íamos ter quebras de receita fiscal sem aumentar o rendimento disponível dos trabalhadores - mas aumentando os lucros dos amigos do josé, o 0,1% lá de cima.

o josé acaba com uma das cassetes dos liberais selvagens, o papão das outras paragens - onde a escravatura é melhor tolerada.

Anónimo disse...

Para o Bangladesh, caríssimo Herr José? Pois vá o senhor andando, que a gente já o apanha, sim?

Anónimo disse...

Estou tão farto do Jose como de quem lhe responde em longos lençóis. Tiram leitores e debate. Custa progredir no meio deste diálogo de surdos. Acho que Jose faz de propósito, provoca e multiplica a superprodução opinativa para afastar a facilidade de debate.

A.R.A disse...

Com o resultado em Lisboa e com as 6 autarquias ganhas fizeram o CDS encher o peito e agora é vê-los a querem ser mais papas que o papa.

Isto da politica preconizada pela direita nacional dava um verdadeiro "case study" (para não dizer vergonha e falta de carácter) tal a esquizofrenia populista que por lá abunda passando de governo, por exemplo, com um "brilhante" Mota Soares que resolvia a falta de creches sem ter que fazer obra distribuindo criancinhas por metro quadrado pelos equipamentos já existentes, para, em oposição, apresentar esta proposta isentando de taxação as horas extraordinárias que, se bem me lembro, com o novo código de trabalho (também rectificado pelo CDS) estabelecer um banco de horas individual onde consta trabalho extra com um máximo de 150 horas anuais, 50 semanais e duas diárias (a juntar às habituais oito, já que o limite de trabalho total são as 10 horas diárias). As horas trabalhadas a mais são compensadas em tempo, com horas livres ou mais férias ou mesmo pagamento em dinheiro.

De então para cá, certo é que os empregadores já pouparam "alguns" euros no pagamento de horas extraordinárias mas como seria demasiado evidente, ao invés de proporem o fim de tal artigo no C.T, avançam com este premiar o "mérito"(?) do trabalhador.

Se não estivessem a brincar com quem trabalha isto dava era vontade de rir.

ps- O PSD que não se ponha a verter lágrimas de crocodilo quando o CDS lhe roubar o poleiro. O que era conveniente e conivente no passado passará num ápice a assimilação e refundação de um dos maiores partidos Portugueses no futuro. O CDS sempre foi um ovo de Cuco e quem o chocou foi Durão Barroso e Passos Coelho portanto aqueles laranjinhas que começarem a cair do ninho por lealdade ideológica têm 2 caminhos: deixar a politica (não creio) ou piscarem o olho ao PS da "rosa" criando uma clivagem ao PS do "punho". Não sou lá grande coisa em futurologia mas tal situação parece-me plausível.

A.R.A disse...

«Comentário rectificado»

Como o resultado em Lisboa e 6 autarquias (parece tão longínquo o tão só queijo limiano) ganhas fizeram o CDS encher o peito e agora é vê-los a querem ser mais papas que o papa.

Isto da politica preconizada pela direita nacional dava um verdadeiro "case study" (para não dizer vergonha e falta de carácter) tal a esquizofrenia populista que por lá abunda passando de governo, por exemplo, com um "brilhante" Mota Soares que resolvia a falta de creches sem ter que fazer obra distribuindo criancinhas por metro quadrado pelos equipamentos já existentes, para, em oposição, apresentar esta proposta isentando de taxação as horas extraordinárias que, se bem me lembro, com o novo código de trabalho (também rectificado pelo CDS):
estabelecer um banco de horas individual onde consta trabalho extra com um máximo de 150 horas anuais, 50 semanais e duas diárias (a juntar às habituais oito, já que o limite de trabalho total são as 10 horas diárias). As horas trabalhadas a mais são compensadas em tempo, com horas livres ou mais férias ou mesmo pagamento em dinheiro.

De então para cá, certo é que os empregadores já pouparam "alguns" euros (foi comovente ouvir à saída de Belém o presidente do CCP a queixar-se da perseguição estatal feita aos gestores do sector) no pagamento de horas extraordinárias mas como seria demasiado evidente, ao invés de proporem o fim de tal artigo no C.T, avançam com este premiar o "mérito"(?, eu diria mais obrigação) do trabalhador.

Se não estivessem a brincar com quem trabalha isto dava era vontade de rir... de nervos.

ps- O PSD que não se ponha a verter lágrimas de crocodilo quando o CDS lhe roubar o poleiro. O que era conveniente e conivente no passado passará num ápice numa assimilação e refundação de um dos maiores partidos Portugueses, no futuro. O CDS sempre foi um ovo de Cuco e quem o chocou foi Durão Barroso e Passos Coelho portanto aqueles laranjinhas que começarem a cair do ninho por lealdade ideológica sabem a quem pedir explicações pois ficaram apenas com 3 saídas:
- Baixam as calças e deixam-se sodomizar com um sorriso nos lábios (coisa que já é costumeira nos bastidores da nossa real politik cá do burgo)
- Deixarem a politica (não creio, demasiados políticos de profissão)
- Ou, por ultimo, piscarem o olho ao PS da "rosa" criando uma clivagem com o PS do "punho" (não sou lá grande coisa em futurologia mas tal situação parece-me plausível)

João Ramos de Almeida disse...

Caro José,

Convinha que o tema fosse debatido com algum conteúdo e elevação. Assim, perde argumentos muito facilmente. Mas admito que há dias em que a oposição não ajuda.

Anónimo disse...

Não se percebe muito bem o comentário de João Ramos de Almeida a 9 de outubro de 2017 às 16:22.

Até à hora a que escrevo, José só falou uma vez, sem contraditório pois. É seu o comentário de 9 de outubro de 2017 às 10:12.

Ao proteger José e ao dizer-lhe que a oposição às vezes não ajuda JRA está a criticar quem exactamente?

Anónimo disse...

O CDS aprovou o pacote laboral de 2012 que - entre muitas medidas - cortou a metade o preço pago pelo patronato pelo trabalho extraordinário.

O CDS é o que é.

(Também jose é o que é)

Tiago Rodrigues disse...

"mas nunca se ponha em causa o princípio de que todo o rendimento deve ser tributado."

E se for o rendimento de quotas do PCP ou da bilhética da festa do Avante?

Jose disse...

Caro João,

Todo o contrarguento depende da qualidade do que lhe dá origem.

Se um imposto está calibrado para diferenciar pela progressividade uma relação tipificada de esforço/rendimento do trabalho, tal imposto não é adequado para tratar esforço acrescido penalizando-o como se cumprisse a norma que lhe está na origem. Em concreto, um trabalhador, pelo seu esforço suplementar pode vir a perder dinheiro por uma mudança de escalão.
Por outro lado, as exigências de uma economia aberta e que não se quer conduzida à clandestinidade (pagar 'por fora'), requer disponibilidade de meios em situações de necessidade ou de oportunidade a que toda a regulação avulsa tende a pôr obstáculos.

Toda a cultura abrilesca instrumentalizou as horas extraordinárias como factor adverso da criação de emprego, tornando o seu preço obsceno - uma cretinice 'revolucionária' como todo um rosário de outras a que só o reacionarismo abstruso chama direito adquirido.

Anónimo disse...

Tiago Rodrigues está perturbado com o "rendimento" das quotas ou da bilhética da festa do Avante.
Parece o Insurgente ou a Sábado mais as suas preocupações.Ou o CDS mais as suas birras em busca de offshores em plenário e fora dele.
https://eco.pt/2016/11/28/cds-acusa-pcp-o-unico-offshore-que-existe-em-portugal-continental-e-a-festa-do-avante/

Temos assim Tiago R.,um preocupado com preocupações "sociais", fazendo figura de pantomina para ocultar a fuga fiscal a que se assiste por esse país fora

Aqui está a legislação
http://www.cne.pt/sites/default/files/dl/legis_financiamento_19_2003_consolidada-01-2017.pdf

Verdadeiramente preocupado o Tiago. Como consegue conciliar o sono com tais preocupações? O PCP mete assim tanto medo ao Tiago?

Ainda bem.

A.R.A disse...

Tiago Rodrigues

Ehehehehe! Essa foi boa eheheheh mas ... e para o banco de horas, não vai uma piada?

A.R.A

Anónimo disse...

"as exigências de uma economia aberta e que não se quer conduzida à clandestinidade (pagar 'por fora')"

Pagar por fora não era o que jose defendia quando defendia as falcatruas dos patrões ao colocarem o dinheiro em offshores, vulgo prostíbulos fiscais?

Anónimo disse...

Percebe-se que um patrão faça propaganda ao que lhe convém, a saber, a aumentar a sua taxa de lucro, custe o que custar. Sobretudo à custa do trabalhador.

O retrocesso social conduzido pela canalha neoliberal tem também aqui a expressão devida. A prova provada da razão argumentativa de João Ramos de Almeida vem directamente da boca deste patrão. Ouvir da boca de um deles o choradinho que os trabalhadores podem perder dinheiro só por mudarem de escalão de IRS é por demais demonstrativo que o negócio fede e que o CDS dá a mão a estes processos de gatunagem. Tanto mais que o mesmo sujeito que aqui se vem lastimar pelos pobres trabalhadores pelo risco de mudança de escalão é o mesmo que mais acima gozava com o facto das horas extraordinárias serem um perigo para a saúde publica.

Registe-se também como o carácter de desregulação do mercado de trabalho ser um dos maiores apetites desta gente, traduzida nesta frase colorida com que travestem as ideias mais sabujas: "as exigências de uma economia aberta e que não se quer conduzida à clandestinidade (pagar 'por fora'), requer disponibilidade de meios em situações de necessidade ou de oportunidade a que toda a regulação avulsa tende a pôr obstáculos".

A reivindicação de terem as mãos livres para o assalto ao pote. Sem regulação nem obstáculos

Anónimo disse...

Eu percebo que, para quem lê e tenta seguir um fio condutor, seja incómodo estar sistematicamente a tomar conhecimento de comentários sobre um determinado sujeito. (Registe-se que o meu primeiro comentário a esta posta do JRA foi ontem às 20 e 15)

Cansa e monopoliza o debate. Acontece que o mesmo sujeito de que falamos já por diversas vezes foi objecto de postas censuradas noutros blogs por fazer apologia de coisas abjectas proibidas por lei. Nos outros blogs de extrema-direita que frequenta não tem estes problemas nem complexos por se exprimir mais a vontade

Mas não defendendo tal tipo de actuação (eliminação de comentários) não se pode deixar de dar resposta a toda uma série de comentários continuados e persistentemente reveladores dum posicionamento de saudosista dum tempo em que o crime campeava e em que se mandava matar e morrer em África para proveito daqueles tubarões donos de Portugal

Pelo que estes babares continuados, vesgos, ressabiados e odiosos sobre a "cultura abrilesca", " cretinice 'revolucionária'", "direito adquirido" têm que ter uma resposta.

Deixar impune a serpente que eclode do ovo tem sempre, mais tarde ou mais cedo, maus resultados.