quarta-feira, 25 de outubro de 2017
Como se reconstrói um velho Estado?
As medidas e investimentos anunciados pelo governo no seguimento dos incêndios contêm elementos positivos, ainda que o diabo do regime austeritário europeu possa estar em alguns detalhes. Para lá dos naturais apoios directos às populações afectadas, que têm de ser rápidos e em força, destaco três medidas: aumenta o emprego público, com quinhentos novos sapadores florestais e cinquenta novos vigilantes da natureza; o Estado torna-se accionista, para já majoritário, da rede SIRESP; as forças armadas são valorizadas, com a força área a assumir tarefas de gestão dos meios aéreos de combate aos fogos, esperando que esta mudança possa vir a contribuir para acabar com as prebendas oferecidas ao capitalismo do fogo.
O que é que estas três medidas podem ter em comum? Em contratendência com o espírito de uma época no campo das políticas públicas já com demasiados anos, reconhece-se implicitamente que a neoliberalização do Estado falhou. Note-se que o PS foi e ainda é, por exemplo no crucial sector bancário, um dos seus executores. Numa crónica de 2009, inspirado por uma formulação de Marx, associei este processo de neoliberalização ao tempo da corrupção geral, da venalidade universal. Mal imaginava. Contra esta confusão de esferas, é necessário mais emprego público, mais propriedade pública e instituições públicas com autoridade e prestígio para desenvolver uma acção pública adequada.
É claro que para tornar este processo consistente e profundo teremos de recuperar instrumentos de política entretanto perdidos. Sim, sem soberania, a autoridade democrática é desfeita, sendo preciso não esquecer, já gora, que esta autoridade é sempre exercida num território com fronteiras, questão também de identidade e de responsabilização colectivas.
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17 comentários:
Não falta soberania para ter «instituições públicas com autoridade e prestígio», e sempre haverá meios « para desenvolver uma acção pública adequada» desde que às instituições se atribuam objectivos compatíveis com os meios disponíveis.
Quando 'de letra' se define o muito que se sabe não poder atingir-se, não há autoridade nem prestígio que se aguente. É esse o mantra abrilesco: grandes tretas, fraca obra.
E nas voltas da demagogia não raro fazem jorrar meios abundantes para cima do que é público, quando este não passa de um amontoado de instituições sem autoridade nem prestígio e incapazes de uma acção pública adequada.
Daí pulularem as 'Unidades de missão' e congéneres.
"Grandes tretas"
Quem o diz?
É quem anda por aí a combater Abril, viúvo assumido dos mantras do "estado novo". E dos canalhas que o governaram e se governaram. Mesmo que à custa da imensa carne para canhão, condenada à fome, miséria e ignorância. Ou a ir matar e morrer nas colónias, onde os senhores do regime tomavam o gosto das indígenas e se apropriavam das riquezas alheias
É assim mesmo.
Primeiro desmantelam o estado e depois dizem que funciona mal.
Vê-se que está incomodado o sujeito das 22 e 50 ou 22 e 52:
São apontados alguns meios ainda que modestos para a reconstrução de um velho estado: reforço da intervenção deste, limitação das prebendas ao capitalismo do fogo.
Terá sido este o motor para aquela idiotice sobre as tretas do "sempre haverá" e do "não poder atingir-se"?
A pergunta tem que ser feita às claras porque não se pode pactuar com cumplicidades néscias.
Porquê? Porque os senhores padres não o disseram na missa de domingo? Porque o que tem prestígio é o SIRESP resultante de uma parceria público-privada e de um contrato assinado por um Governo de gestão PSD/CDS-PP por um ministro com ligações ao Grupo SLN/BPN, que é, por acaso, uma das empresas que constitui o SIRESP, e custou ao Estado 485 milhões de euros? Porque o que tem prestígio são os DDT? Os António Borges e restante cambada que por outorga da canalha nem sequer pagava impostos do que ganhava no FMI?
O que tem prestígio são os banqueiros privados do BPN e do Banif e do BES e do BPP?
Os patrões que fogem ao fisco e escondem negócios desonestos à custa dos bordéis tributários?
Mas este tipo, a direita, a extrema-direita pensará que somos todos estúpidos para engolirmos estas patacoadas de alguém apostado em dar cabo do Estado Social e que berrava todo contente pelo fim dos direitos adquiridos e pela austeridade para além da troika?
Ou o que terá despoletado o rancor do mesmo sujeito foi a afirmação serena e indesmentível que "a neoliberalização do Estado falhou"?
E aqui já se percebe tão mal paridas tretas sobre "de letra... autoridade... prestígio...
mantra...grandes tretas, fraca obra..."
E em estribilho de novo "autoridade e prestígio"? Acondicionadas com um idiota "unidades de missão e congéneres"?
Jose.
Larga o vinho.
O velho Estado, essa respeitosa referência, deve o seu prestígio, não a memórias longínquas, mas a 48 anos de construção de uma Administração Pública, séria e prestigiada.
Nem os tolos nem os treteiros ignoram que essa memória e essa cultura é ainda o cimento de um serviço público fragilizado pela indisciplina, pela boyada e pela verborreia legislativa.
"Como se levanta um Estado" Atomic Books 2007 ISBN 9789899537705
Não passa.
Jose faz mais uma vez o elogio dum canalha.
Aquando dum post exemplar de João Rodrigues,que tinha como título "Como se destrói um velho estado", Jose fez um conjunto de afirmações falsas.Desmentidas uma a uma.
Impotente resolve fugir e atascar-se num hino de trampa às botifarras dum néscio
https://ladroesdebicicletas.blogspot.pt/2017/10/como-se-destroi-um-velho-estado.html
Agora, pela calada, Jose tem o desplante de fazer propaganda a um vómito bilioso emitido pelo seu ídolo.
O boy salazarista mostra aquilo que é. Um boy do regime, dum regime conspurcado até à medula pela merda que criou, pelos crimes que praticou, pelas pulhices que promoveu, pelas guerras que encetou. O cimento citado é o cimento que ligava o informador ao agente da pide que vigiava e condicionava o trabalho de todos os portugueses. Incluindo os funcionários públicos da altura.
FP que para poderem trabalhar tinham que recitar o código elaborado às ordens do fdp que mandava matar e morrer em África. Código que foi papagueado por Cavaco, naquelas cenas tristes a que para sempre ficou ligado
Agora vemos a publicidade de um boy para o seu mestre, nestes termos pegajosos e enjoativos, a lembrar as cenas patéticas do beija-mão da flor do entulho ao seu regime criminoso em vésperas da data libertadora.
Estas coisas são assim. Saltam dos cueiros salazaristas a gritar que Angola é nossa, para as calças de Schauble (ou outro idêntico) a gritar que Portugal é da Alemanha. O cimento que os une chama-se simplesmente ganância e exploração
Os amigos que o ídolo do Jose tinha, passavam-lhe entre as botas cardadas da tropa, os cassetetes da Pide e a bênção do Cerejeira. Reuniões de amigos e confrades, pois então. O ditador despachava meticulosamente todos os assuntos da PIDE, mostrando que essa história de amigos era apenas uma outra agenda para contar aos coitadinhos
Os ministros chafurdavam entre as negociatas africanistas e os bordéis de que o escândalo do Ballet Rose foi uma das pontas do Iceberg. Escândalo que rebentou em 1967 em Portugal, em que diversos homens ligados às mais altas cúpulas do Estado Novo participavam em orgias com crianças entre os 8 e os 12 anos e em práticas de sado-masoquismo, as quais levaram à morte de, pelo menos, uma mulher.
Coitado do Jose. A tão impoluta função pública era vigiada pelas bestas da Pide e dos informadores. Para a sua entrada, como já citado, era preciso recitar o catecismo de salazar. E a expulsão, com o seu cotejo de fome,miséria ou emigração foi o destino de muita gente de facto impoluta que não gostava nem de canalhas nem de fascismo.Muitos foram expulsos só por assinarem listas da oposição.
O ódio a Abril vive em jose paredes meias com esse ar de viúvo inconsolável pelo regime defunto.
Em Abril morria de facto um regime de merda e de assassinos. Assassínios directos pela voz directa de Salazar. Assassínios indirectos num regime que enviava os portugueses para uma guerra onde se aprendia a matar em nome duma Pátria ao serviço dos Donos de Portugal e dos capangas que o parasitavam.
As mortes, tanto dum lado como do outro, eram apenas a factura necessária para se cumprir a ideologia e a pilhagem
Como se levanta um estado fascista é apenas uma leitura recomendada dum votante de Passos Coelho.
Jose,
Presta bem atencao: larga o vinho.
Se querem ver o que seja a histeria é falar-se dos 48 anos em que se levantou um Estado, falido e entregue à república maçónica que mandou morrer e matar na Europa e em África para salvar a África.
Mas uma tal gente tem da História a visão que vai do mesquinho umbigo ideológico aos pés das passeatas que são a sua mais expressiva manifestação de espírito.
Do alto do palanque alguém apregoa:
"Se querem ver"
Seguem-se as ruminações apologéticas dos tempos de braço estendido, a gritar aquelas palavras de ordem características da canalha institucional.
O umbigo dos serventuários do regime surgia-lhes debaixo dos ventres bem nutridos com a miséria do povo português. Salazar papagueava as virtudes fundamentalistas ao som do futebol, fado e Fátima. Pela calada da noite reunia com os seus energúmenos de estimação e concubinava com Cerejeira ao som dos "Angola é nossa" e dos "Para Angola e em força".
O negócio da morte crescia na exacta medida das ordens directas da cúpula do regime. No dizer da propaganda néscia deste, tratava-se de "salvar" África, enquanto se saqueavam as riquezas alheias que permitissem àqueles sebentos barrigudos continuarem a crescer em forma de batráquios de olhos paposos e esbugalhados. Os Donos de Portugal instalavam-se e, quais verdadeiros vampiros, comiam tudo sob a batuta da Pide, o olhar benevolente e idiota de Thomaz e ao som das marchas dos legionários, nas suas passeatas de braço dado com um patronato reles acoplado à sombra do estado novo e dos seus capangas
O cheiro a podre saltava-lhes das bocarras escancaradas. O elogio da iliteracia e do vinho com que se tentava dar alimento a um milhão de portugueses, faziam crescer idiotas e sicários, alguns verdadeiros fiéis servidores regimentais, que propalavam o cacete e onde pululavam os patos bravos, de cachucho no dedo e dente de ouro a adornar-lhes os orifícios naturais.
Lá fora matava-se e morria-se em nome dum deus, duma pátria e duma autoridade. Salazar mandara já matar e Humberto Delgado e do seu umbigo ideológico, naquela voz roufenha de beato contrito, doutrinava o afocinhamento de um País e dum povo em nome dos interesses dos abutres da nação.
O alevantado Estado, papagueado pelos ideólogos do regime, afinal era uma alevantada pocilga infecta e apodrecida, onde a miséria e o opróbrio viviam paredes meias com a opulência dos Senhores à força, mandadores sem lei.
(O 25 de Abril sacudiu-lhes as carnes putrefactas, suspendeu-lhes o esventrar do país e cessou-lhes o colonialismo, alimentado até aí com o sangue dos inocentes
Ainda hoje têm agonias e indisposições, quando aquela data histórica é lembrada)
Cuco é isso mesmo: parasita e dissimulador.
Não.
Não se discutem os entolhos e os pesadelos dum sujeito que faz publicidade às bestas de botas, cardadas ou não.
O que se aborda e discute é a recuperação de instrumentos de soberania essenciais.
Mas não se deixa passar a publicidade ao vomitado podre de quem tentou transformar Portugal numa pocilga infecta. Um parasita e um dissimulador com voz de cana rachada. Mas muito mais do que isso.
Por isso o 25 de Abril é também uma festa
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