O PSD não pode dizer que quer um sistema de saúde caro (não necessariamente bom) para quem pode pagar e um sistema de saúde barato e mau, para quem não pode. Se dissesse a maioria das pessoas que quer viver numa sociedade decente nunca votaria no PSD. A justiça social é um valor importante para (quase) todos.
Como não pode dizer o que quer e o que pensa, o PSD diz coisas como: “A filha do homem mais rico de Portugal não pode pagar por uma consulta num hospital o mesmo que um desempregado”.
A isto chama-se usar a justiça contra a justiça. Explico porquê:
1º Não vejo por que é que a filha do homem mais rico de Portugal haveria de pagar o tratamento no hospital. Se o homem mais rico de Portugal pagar impostos e se estes impostos forem progressivos o tratamento no sistema de saúde já foi pago.
2º Se a filha do homem rico tiver de pagar a consulta pelo seu custo no SNS não se vê por que razão irá recorrer ao SNS e não à medicina privada.
3º Se a dita filha passar a recorrer à medicina privada não se vê por que há-de continuar a contribuir para o SNS.
4º Se ela deixar de contribuir para o SNS, o sistema público passará a ser financiado apenas com as contribuições dos que não são ricos.
Em suma: com a saída do homem rico do SNS e depois do menos rico e ainda do remediado cria-se um mercado para a medicina privada; o que fica é um sistema público sub-financiado e mau para pobres.
O PSD sabe isto tudo tão bem como eu. Sabe também, por simples observação de outras experiências, que o sistema privado é mais caro para todos os que terão de o pagar e pode ser pior que o público. Mas o privado convém aos grupos financeiros. Nos últimos anos, em cooperação com um governo que jura a sete pés defender o SNS, os grupos financeiros construíram os alicerces. Falta agora o resto. Melhor que o sector da saúde, disse uma vez uma senhora de um destes grupos, só o tráfico de armas.
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10 comentários:
Melhor que o sector da saúde, disse uma vez uma senhora relações públicas de um destes grupos, só o tráfico de armas....falou o defensor do sistema
Os militares também diziam venham de lá os 240 milhões ou não nos responsabilizamos
Pois uma pessoa passa 14 horas nas urgências de um hospital público, tirando o facas, moço quase da minha criação, que foi ali parar porque dois ukres lhe deram um apertão na mão direita por umas questões micro-económicas presumo
o hospital rodopia de fornecimentos vários 2 velhos desidratados recebem soro, um com uma pneumonia permanece abandonado, umas duas dúzias de acidentes vários
e velhotes que são deixados ali porque ninguém os quer ter em casa, alguns têm estatuto alto
um juíz ou procurador com um anel grande da ordem, que o facas apesar de não ser canhoto, consegue fazer desaparecer, há um tuberculoso que tosse para todos os lados, umas miúdas com escaldões, duas com intoxicações alimentares, três velhas que se queixam das costas e que têm pulseirinha verde
a um que vem de um acidente e diz que está bem vai para o TAC
o velhote com pneumonia chega aos 40ºC e atão vão-lhe fazer uma radiografia são 3 da matina
há dois médicos de serviço um gajo a entrar em coma alcoólico
um a vomitar sangue provavelmente devido a uma úlcera
uma família de ciganos espera lá fora acho que por causa de um miudo com uma otite
há uma gaja grávida de umas 20 e tal semanas que só grita e grita e cujo acompanhante deita olhares de fúria em volta
há dois seguranças, 70 e tal pessoas na sala e nas urgências
não há poliça qué tardote
um gajo borra-se todo na maca, gastroenterite há umas 6 ou 7 horas mas ao que parece não há ultra levuri ou ôtros saccaromyces pra lhe darem estabilidade na tripinha lá na farmácia do hospital
e nem lhe dão uma receita para se ir cagar em casa, porque tem que ser um médico a analisar-lhe as tripas
ao fim de 7 horas sai com uma receita de amoxicilina e ácido clavulâmico uma de ultra levur
e paracetemol para a febre ou para as dores de barriga tanto faz
uma gaja das insolações sai com nimed e creme ou loção de barbear nã sei
o facas sai com a mão ligada e receita pra brufen
sai com 20 euros meus e com as contribuições involuntárias dos restantes
bom moço empreendedor
é gente desta que o país precisa
tamém levou umas palmilhas descartáveis para a filha umas luvas descartáveis que estavam ali à mão de semear e 6 hipodérmicas usadas qu'estes gajos iam jogar fora
eu levo umas olheiras enormes e às
8 e 30 da matina estou a pagar 25 euros num hospital do grupo espirito santo
curiosamente os ciganos também trouxeram práqui o puto
uma das velhotas com ADSE
e o juiz procurador advogado ou o raio que o parta também tá cá
jus? atiça?
Muito certo, o post.
É certo é. É pena esta malta dos posts das bicicletas não frequentar os hospitais públicos. Pena para os posts, claro, que eu não quero ninguém doente.
Olhe que não Eduardo, olhe que não... Ainda muito recentemente pude (uma vez mais) confirmar (em diferentes unidades, além do mais) a impressionante qualidade técnica e humana dos serviços públicos de saúde. E pude aliás constatar, acrescidamente, que quando a coisa se complica na afamada medicina privada é ao público que os utentes acabam por se dirigir.
Caro Hussein Fernandel,
Parabéns pelo seu comentário.
Estes políticos demagogos e idiotas, como são todos eles, sabem muito bem que «os mais ricos de Portugal» não usam o SNS, nem a escola pública, nem os transportes públicos...
O problema é que a demagogia e a tolice ainda funcionam amplificadas nos meios de submissão de massas, nesta sociedade que é fundamentalmente «do espetáculo».
Por acaso tive a sorte de ouvir esta frase sobre a saúde e o negócio de armas. Registei-a num caderninho com o nome da Senhora que a proferiu e a posição que ocupava no Banco que lhe paga. Não queria acreditar nos meus ouvidos.
Mais tarde, e após um artifício publicitário com um futebolista reformado muito famoso, o tal hospital para sobreviver lá fez um contrato com o Estado para este lhe mandar doentes da dita função pública. Nada de espantar pois do Banco em questão é normal saírem Ministros, Secretários e Sub-Secretários de Estado e demais consultores. Afinal tinha razão José Rodrigues Migueis, a "Gente de Terceira Classe" numerosa e muito mal tratada é que paga a parte maior do custo do bilhete da gente da Primeira Classe. Lamentável que hoje seja assim, e ainda pior, impunemente e sem pudor.
Falta à esquerda portuguesa a coragem de assumir objectivos políticos concretos para reverter este assalto aos serviços sociais do estado. Saída da UE, nacionalização da banca (depois de lhes cortar o apoio estatal e os deixar falir, não antes, para não inventarem mitos de a culpa da crise é do estado), nacionalização e todos os hospitais e proibição de seguros de saúde e afins, etc.
Enquanto a esquerda permanecer à defesa, com falinhas mansas (medo de perder votos do "centro"?), não há de ganhar nenhum apoio. Nunguém aposta em em quem não mostra vontade de vencer. Os votos devem ir buscá-los não ao "centro", aos idiotas que em 30 anos ainda não perceberam que PS e PSD são duas faces da mesma moeda que os lixa ano após ano, mas aos abstencionistas (que já são a maioria!) que já perceberam isso. Tragam-nos de novo para a participação política e terão o apoio que precisam para um governo de esqueda pela primeira vez desde 1975. E se não o fizerem... se a esquerda não ocupa o terreno da ruptura, há de aparecer alguma extrema-direita a sério para o fazer. O próximo ano vai ser decisivo.
Caro José M.Castro Caldas,
Fiz link... e agradeço.
Um abraço.
Muito bem visto...
Este post merece ser lido juntamente com um publicado por estes dias no Areia dos Dias sobre o mesmo tema.
Este é um exemplo da demagogia e do populismo de certas propostas que, afirmando-se portadoras de justiça social e da liberdade e direito de escolha, procuram disfarçar toda a injustiça, insegurança e os custos sociais e financeiros que comportam. A saúde não é uma mercadoria, os cuidados de saúde não são uma mercadoria, os utentes e os prestadores de cuidados de saúde não são agentes consumidores e fornecedores do mercado. São agentes sociais que se sujeitam ao determinado pelos outros. São agentes cuja relação tem que basear em fortes laços de confiança. Não existem escolhas que poderão ser corrigidas pela transferência de consumos.
Não são mercadorias, SÃO VIDAS!
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