Além da anunciada reunião entre o BE e o PCP na próxima sexta, abrindo assim espaço para a importante concertação de estratégias entre os dois partidos na actual conjunctura, devem ser assinalados os progressos feitos por ambos os partidos no campo da proposta política. De facto, face à gravidade da situação, os dois partidos à esquerda têm que se afirmar como alternativas imediatas de governo, indo além da recusa desta suicidária austeridade. São necessárias soluções de esquerda, não só no campo da crise de financiamento do Estado, mas também nos problemas estruturais (défice externo, endividamento privado) que estão por detrás do primeiro.
Ao ler as notícias de ontem relativas aos dois partidos, foi com satisfação que identifiquei muitas das propostas que aqui temos defendido: controlo público da banca comercial, renegociação das parcerias público-privadas, reestruturação da dívida pública, aliança das periferias no campo europeu, etc. Outras medidas como a venda de títulos detidos por instituições públicas, defendida pelo PCP, ou empréstimos do BCE, intermediados pela CGD, propostos pelo BE, são propostas originais que respondem às urgências do momento. São interessantes e merecem atenção. A reflexão aqui defendida sobre a União Monetária e o seu futuro é também oportuna.
Este é, no entanto, um caminho longo em que as propostas têm de ser bem ponderadas, debatidas sem tabus e honestas nas suas implicações. Precisamos de um programa sistémico, de articulação sectorial entre o sistema financeiro, indústria, agricultura e o Estado, que aponte os caminhos para uma economia com crescimento, ambientalmente sustentável, geradora de emprego e de trabalho com qualidade. Não começamos do zero e não precisamos de GPS exacto para um futuro governo. Exigimos esperança, sabendo que o caminho se faz caminhando.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
12 comentários:
Bravíssimo, Nuno!
Diz-se: "os pontos nos is"... ou é "os pontos nos ii"?
e já agora as pescas - não se pode deixar paulo portas com esse pelouro - que tb podem contribuir para o equilíbrio da balança comercial. e não nos podemos esquecer que com as alterações na definição do território marítimo de um país, o português irá certamente aumentar.
no mesmo sentido, falta tb qq coisa que se refira concretamente à energia.
de certo modo, sem resolver estes dois pontos (no primeiro, não me refiro às pescas em concreto, mas ao défice produção/consumo de alimentos) tudo o resto é miragem.
mas sim, é um bom começo.
fica-me é uma coisa atrás da orelha: a venda de títulos quer dizer exactamente o quê? privatizar?
(não sou contra por princípio. mas também depende dos sectores e de quanto se pretende vender, assegurando-se o controlo público. é só uma dúvida.)
exigimos quê?
devo ter lido mal
o possível ou o impossível?
«alternativas imediatas de governo»
para isto convém que falem menos em "esquerda" e mais em algo de concreto, numa linguagem que o povo entenda. Até aqui, no entanto, não se vê que se fale claramente de que é preciso prescindir de alguma coisa: queremos gasolina barata, auto-estradas sem portagem, etc. É tudo muito avulso. Temo, mais uma vez, que o Louçã vai usar e abusar até à náusea de expressões como "esquerda moderna", socialismo, etc. que não dizem rigorosamente nada de concreto para o eleitor comum, algo desesperado com o que espera no futuro próximo. Precisamos de quem fale uma linguagem simples, séria e corajosa, que admita que teremos que ser exigentes, não de fórmulas vagas.
Como diz o José M Sousa, não compreendo a barreira cultural que o BE e PCP insistem em erguer com potenciais eleitores com a linguagem que usam, a somar à total falta de identificação com os líderes, demasiado idosos ou demasiado académicos.
Para quem acha que isto é secundário que olhe para os exemplos do Obama e do Lula, que conseguem fazer esta ponte.
Não se trata de ser populista, mas de conseguir chegar ao povo.
Um dos dados mais preocupantes para o BE, um partido que cresceu bastante com o apoio dos jovens, é que Sócrates consegue bastantes votos dos jovens (acima dos 55%, diz-se). Eu não compreendo porquê mas não pode ser ignorado.
A rua é muito diferente dos corredores da Universidade de Coimbra...
Esta é a melhor anedota que já ouvi desde 25 de Abril. Pcp (verdes incluídos)e Be (ex-Udp, ex-Lci, major Tomé) a governarem este país?
É pá ou queres dizer a governarem-se, como têm feito até aqui, à conta deste país!
Vai tocar tangos para a tua rua!
Anedota da semana. Estes andam a mamar sem fazer nada a não ser falar mal de tudo e todos, sem nunca terem tido a coragem de assumir um compromisso e responsabilidades para ajudarem ao progresso deste país que os sustenta na boa vida á decadas e agora como que por magia, lembram-se de querer o poder. Linda cantiga, claro que não querem, assim continuam no bem bom comodamente e vão convencendo mais uns quantos que não lhes foi dada oportunidade, mas que tinham a varinha de condão para num passo de mágica, salvar Portugal.Nem PATRIOTAS SÃO.Desculpem, mas é a minha humilde opinião.Mas vou aguardar com expectativa para ver o que acontece.
O caminho faz-se caminhando, vamos a isso, que Pavia não se fez num dia.
Está na altura de mandar borda fora os clichés (do século passado?) lançados de forma sistematica( “só protestam”, dizem eles). Já estamos cansados de anos a fio de tanta “sabedoria e experiência governativa”, de “tantos bons quadros” que “só deus sabe”… Ainda acredito que haja gente melhor para o país e para a UE, que ponha cobro a tanta incompetência e corrupção que nos conduziram até aqui, à desgraça. É preciso um sinal de esperança e de mudança!
Já há bastante tempo que vêm sendo referidas as linhas gerais das propostas alternativas de esquerda. Contudo elas vêm sendo silenciadas pelos orgãos de comunicação e em especial pela televisão. Comentadores, analistas, especialistas e as mais variadas entrevistas são centradas exclusivamente nas soluções dos partidos que defendem as políticas de direita dos banqueiro e grande capital, nacional e estrangeiro (se é que o capital tem nacionalidade). Fico satisfeito por ver algum rompimento na barreira do silêncio a essas propostas de esquerda. Esperemos que cheguem até aos eleitores.
Uma análise à de cisão de pedir ajuda financeira externa é que era. Fico expectante. Cumps
Aos iluminados bota abaixistas crónicos, que só sabem falar mal e sempre desinformados, só pergunto uma coisa:
Como podem afirmar que "só lá estão para se governar" os deputados (sim, falo do PC) que pelos seus estatutos são OBRIGADOS a dar ao "partido" a diferença entre o que ganham a mais na AR do que ganhariam na sua vida profissional? Como? Então não é tudo igual, não querem só tacho, eu pergunto, algum deputado do PS/PSD/PP aceitaria um tacho destes?
Não são uns mais iguais que outros???
Expliquem lá isso então se faz favor...chamem-lhes utópicos, cassetes, demagogos, mas tachistas nunca! O partido que tanto abominam não deixa.
Enviar um comentário