O artigo da The Economist, arauto do liberalismo económico, desta semana sobre Portugal é um exemplo paradigmático das confusões e mistificações que a crise dos mercados financeiros desencadeou. Vindo de uma revista que se orgulha por ser lida pelas elites internacionais, o artigo mostra a desorientação e volatilidade reinante:
- O artigo começa por assinalar que a nossa dívida pública (em % do PIB) é igual à média Europeia. No entanto, o nosso défice estaria nuns “alarmantes” 9,3% do PIB, conseguindo assim introduzir a racionalidade por detrás dos ataques especulativos. O défice do país de origem da The Economist (11,2 % do PIB) não parece ser tão “alarmante”, já que os custos da dívida pública britânica até caíram durante o último ano…
- A revista assinala correctamente que o problema da economia nacional é o da falta de crescimento na última década. Mas elogia toda a política de ajustamento público recessivo da última década. Melhor, mais à frente, dá como bom indicador para o futuro do país, a redução das necessidades de financiamento do sector privado em 7%, devido aos cortes no investimento. Em que é que ficamos?
- A máquina de propaganda do governo parece estar a funcionar bem. A revista enumera e elogia a performance governo (aparentemente avaliada através dos powerpoints de apresentação do PEC): o sucesso dos anteriores programas de austeridade, os cortes no número de funcionários público, as reformas na segurança social, o Simplex, etc… Mas, parafraseando os termos do debate em que o João Rodrigues participou (ali abaixo no blogue), pede-se mais “sangue”. E, surpresa das surpresas, o que é destacado é o corte no subsídio de desemprego. Aquela medida cujos impactos orçamentais o primeiro-ministro não conhecia.
- O artigo dá conta que se o Governo vendesse as suas participações nas empresas públicas, conseguiria 15 mil milhões de euros, o suficiente para pagar o défice do ano passado. Não sei onde foram buscar o número, mas as projecções do Governo apontam para 6 mil milhões de euros de receitas até 2013…
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4 comentários:
As alterações nos subsídios de desemprego não tinham qualquer objectivo “orçamental”… não são 40 milhões que vão fazer a diferença até porque as taxas não vão baixar e o estado, balofo, há de o ir gastar noutro lado como é costume com as poupanças dos ditos “cortes”.
Visava era combater a VERGONHA que é ver os “caça carimbos”, que andavam de empresa em empresa a ver quem “lhes carimba os papeis da seg.social”. Quando são confrontados com uma oportunidade de emprego recusam arrogantemente, assim como arrogantemente respondem a quem se recusava a compactuar com esta pouca vergonha! 50% das ofertas nos centros de emprego do ano de 2009 não foram satisfeitas!
O estado social não é feito só de direitos! É feito igualmente de deveres! E um deles é não nos encostarmos a ele!
Esta mentalidadezinha tuga já fede! Aceitar um emprego menos bom nesta altura não é assinar um emprego menos bom para a vida.. as pessoas não perdem a possibilidade de continuar à procura de melhores oportunidades… mas enquanto o fazem estão a trabalhar e a produzir.. e não alapados na esplanada! E é a trabalhar e a produzir que se leva este país para a frente, possivelmente, até se contribui para aumentar a probabilidade de se encontrar melhores oportunidades no futuro.
A economia cresce com trabalho e produção… não com “emprego” encapotado e subsídios!
De maneira mais suave, de facto temos que convir que muito boa gente sem grandes habiliações estando pelo subsidio de desemprego,vem a recusar ofertas de emprego - compativeis - para estar sem nada fazer e a receber. Atitude a mudar.
E também mudar atitude para quem recebe por exemplo mais de 3.500,00 euros de reforma /mês, com mais taxação.
Acabar com os Governadores Civis
Acabar com despesas excessivas e mordomias de cargos publicos que agravam a despesa do Estado, desncesariamente.
Apostar mais em novas tecnologias.
Apostar em mudar para melhor com mais "ser" e não sempre só mais "ter".
Falar menos e fazer mais....
a.Küttner
Bom arigo. Permite, de uma forma simples e clara, dar a conhecer as "trapalhadas" em que estamos metidos.
O Economist de facto publica muito lixo.
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