segunda-feira, 18 de agosto de 2025
Como se o blogue fosse um diário: haja rostos, haja povos
domingo, 17 de agosto de 2025
Como se o blogue fosse um diário: haja vida
Coimbra, 16 de agosto de 2025
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sábado, 16 de agosto de 2025
O que fazer?
O que fazer quando tudo arde? O que escrever quando tudo arde? É fraco consolo saber que está tudo limpo à volta da casa cercada por castanheiros, árvore resistente, árvore protetora. É só um lugar, ainda que seja o nosso lugar familiar, mas e o resto? A Presidente da Câmara Municipal de Penedono, do PSD, denunciou: fomos deixados ao abandono.
sexta-feira, 15 de agosto de 2025
Maquete
Chama-se “Maquette for a monument to the contemplation of the possibility of mending a hole in a sock” [Maquete para um monumento à contemplação da possibilidade de remendar um buraco numa meia] e é da autoria de Jeff Wall, fotógrafo que tem uma retrospetiva no Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia (MAAT), junto ao Tejo, em Lisboa. Não há tradução na exposição, ouça.
quinta-feira, 14 de agosto de 2025
A esquerda brâmane em Portugal
quarta-feira, 13 de agosto de 2025
Da falência moral
A Al Jazeera oferece o espelho onde a comunicação social dominante no Atlântico Norte pode mirar a sua falência moral: “nos campos de morte de Gaza, o jornalismo enfrenta a sua hora mais negra”. 238 jornalistas foram assassinados por “Israel” na Palestina.
terça-feira, 12 de agosto de 2025
Descobrir
segunda-feira, 11 de agosto de 2025
Aposta, fim, começo
Esta fotografia mostra uma idosa de mais de oitenta anos a ser carregada pela polícia para ser presa. Pode ser acusada de terrorismo e condenada a 14 anos de prisão por ter exibido um cartaz numa concentração. Apelava ao fim do genocídio e dizia Palestine Action, nome de uma brava organização. Ontem, a polícia prendeu mais de quinhentas pessoas em Londres, metade com mais de sessenta anos.
domingo, 10 de agosto de 2025
Grande
No seu último livro – The Road to Freedom: Economics and the Good Society –, Joseph Stiglitz, economista social-democrata de matriz neoclássica (“Prémio Nobel” de Economia), refere o grande Antonio Gramsci, mas omite a sua estatura marxista gigantesca.
sábado, 9 de agosto de 2025
Contrariar a corrosão de caráter
sexta-feira, 8 de agosto de 2025
Várias bombas, várias medidas
quinta-feira, 7 de agosto de 2025
Guerra e paz em Portugal
Escrito em coautoria com Paulo Coimbra o artigo Guerra e paz em Portugal saiu no Le Monde diplomatique de agosto e começa assim, com referências omitidas:
quarta-feira, 6 de agosto de 2025
Um jornal com memória
Todos os números da edição portuguesa do Le Monde Diplomatique, desde o primeiro, de abril de 1999, estão agora acessíveis no sítio Internet do jornal, em exclusivo para os assinantes. São mais de 26 anos, a que se acrescenta sempre o número do mês, com os artigos inéditos publicados online. São já mais de 300 edições completas, mais de 850 mapas e infografias detalhados, mais de 3200 autores de referência, mais de 5300 imagens e obras de arte, mais de 8800 artigos completos. Tudo acessível à leitura online, através de um motor de busca avançado, por temas, palavras-chave, datas, países, personalidades, entre outros. Tudo organizado cronologicamente, por temas e com ligações inteligentes entre eventos, regiões, autores e temas relacionados.
terça-feira, 5 de agosto de 2025
No coração do Douro
Já perdi a conta ao número de vezes que fiz o percurso ferroviário entre o Pinhão e o Pocinho. Não conheço percurso mais belo, parte da linha do Douro que o serviço público de televisão, sempre ameaçado, documentou com realismo, ou seja, com beleza. O serviço público ferroviário também está ameaçado. Tudo o que é decente está sob ameaça do liberalismo até dizer chega.
segunda-feira, 4 de agosto de 2025
Trabalhadores descartáveis como modelo de desenvolvimento
Nas últimas duas décadas, cada reforma laboral foi apresentada como um passo necessário para tornar a economia portuguesa mais dinâmica e atractiva para o investimento. Para sustentar essa ideia, refere-se muitas vezes um indicador da OCDE sobre a protecção do emprego, onde Portugal surge entre os países com maior grau de protecção.
Mas há coisas que nunca nos dizem sobre esse indicador. Primeiro, ele
refere-se apenas à protecção contra o despedimento individual sem justa causa;
se olharmos antes para a protecção do emprego em geral (que inclui, por
exemplo, os despedimentos colectivos), os valores de Portugal são semelhantes
aos de países como a República Checa, a Letónia ou a Holanda, que são
frequentemente apontados como economias muito competitivas. Segundo, uma coisa
é o que está na lei, outra é o que acontece de facto: a OCDE tem outro
indicador que mede a eficácia da aplicação prática dessas regras, onde Portugal
cai para um distante 16.º lugar. Por fim, os estudos disponíveis não mostram qualquer correlação robusta
entre o grau de protecção no emprego e o desempenho das economias.
É interessante vermos o que pensam sobre isto os investidores estrangeiros que ponderam investir em Portugal. A consultora EY faz essa pergunta todos os
anos no seu Attractiveness Survey (Inquérito à Atractividade). Sabem o que
os executivos responderam no inquérito mais recente, no que respeita à
protecção do emprego? Que, face a outros países concorrentes, “a facilidade de
contratação e despedimento no mercado de trabalho português” é uma das
vantagens do país, sugerindo que “a regulamentação laboral favorece a agilidade
e a adaptabilidade das empresas” (p.36). Não é bem esta história que contam os
partidos de direita, pois não?
Em resumo, o mercado de trabalho português é hoje muito mais flexível do
que alguns sugerem (seria estranho que não fosse, depois de tantas revisões
para o flexibilizar). E não é de todo evidente que as regras actuais
prejudiquem a competitividade da economia nacional.
Mas há duas coisas que sabemos. Primeiro, sempre que se reduz a protecção
dos trabalhadores, seja qual for o impacto económico, degradam-se as condições
de vida de pessoas concretas e, com frequência, transferem-se rendimentos de
quem tem menos para quem tem mais, tornando a sociedade ainda mais desigual.
Segundo, esta obsessão com a liberalização do mercado de trabalho envia um
sinal claro aos investidores sobre o tipo de economia que queremos desenvolver.
Se o objectivo é promover uma economia baseada na inovação, nas qualificações e na elevada produtividade, talvez estes não sejam os melhores incentivos. Um mercado de trabalho que privilegia a flexibilidade total e o despedimento fácil pode ser atractivo para algumas empresas no imediato. Para o conjunto do país, no médio e longo prazo, só favorece a especialização numa economia sem futuro.
O resto do meu texto pode ser lido no Público de hoje, em papel ou online.
O que vai para a guerra não vai para proteção social, salários e pensões
Parece-me importante levar a sério a afirmação de Mark Rutte, o atual secretário-geral da NATO, quando diz que nós, europeus, estamos confrontados com a necessidade de escolher entre proteção social, saúde pública e pensões, por um lado, e, por outro lado, essa opção.
Embora seja menos eficaz economicamente e moralmente repugnante, é verdade que este gasto adicional em armas pode funcionar como funcionam todos os estímulos em que o Estado coloca dinheiro na economia e a economia cresce.
Nesse sentido, esse crescimento pode, em teoria, ser usado para, na fase seguinte do ciclo económico, financiar esta despesa. Mas isto coloca-nos problemas muito complicados.
Por exemplo, seria assim se as regras da dívida e do défice para tudo o resto não permanecessem em vigor. Só que não é assim. Como permanecem - e apesar de algumas das despesas em armamento não contarem para o défice - isto de facto quer dizer que o que vai para a guerra não vai para proteção social, para salários e para pensões.
A Alemanha tem um modelo económico assente em exportações. A ideia de exportar indefinidamente é uma ideia absolutamente errada por várias razões.
As exportações, do ponto de vista mais essencial, são produção nacional. São o produto social do trabalho de quem o executa que não é consumido por quem produz esse trabalho.
Isto, na Alemanha, o que é que significa? Significa que as indústrias exportadoras acumulam lucros, mas que não se refletem nos salários, o que cria a primeira contradição interna.
Mas cria ainda outras contradições, como vemos agora no caso das tarifas de Trump: o que os Estados Unidos (EUA) estão a fazer, independentemente do carácter mais ou menos errático das decisões do Trump, é executar um plano que decorre da avaliação por parte de uma certa elite económica e política norte-americana, que diz que os déficits norte-americanos são outra face da moeda do superávite alemão. E o que as tarifas visam é precisamente impedir a continuação deste jogo.
E, portanto, agora a guerra serve à Alemanha nesse sentido; permite substituir parte das exportações da indústria automóvel por exportações e consumo interno de material de militar promovendo desta forma o reequilíbrio da sua balança corrente, ou seja, comprimindo os escandalosos superávites – que desrespeitam, aliás, o ordenamento económico da UE que proíbe superávites superiores a 6% do PIB e que a atual administração dos EUA denuncia como sendo comercialmente hostis e mercantilistas, usando-os como justificação para impor tarifas e vender armas.
Contudo, é importante salientar que, ao contrário do que se ouve e lê quase por todo o lado, a acusação à Alemanha de manter um comércio internacional injusto não é uma originalidade de Trump e remonta, pelo menos, à Administração Obama, que acusou reiteradamente aquele país de se esconder atrás de uma moeda para si subvalorizada, o euro, para exportar mais do que importa e, assim, obter vantagem indevida sobre os seus parceiros comerciais.
O excerto acima faz parte de uma entrevista que o jornal “A Voz do Operário” teve a generosidade de decidir fazer-me e que pode ser lida integralmente aqui. Agradeço ao Bruno Amaral de Carvalho e à Rita Morais o trabalho que tiveram.
domingo, 3 de agosto de 2025
Bens públicos a sério, liberdades a sério
A economia convencional fixou um conjunto de condições teóricas para que os mercados sejam considerados eficientes: da ausência de incerteza a agentes económicos omniscientes, passando pela ausência de interdependências sociais. A partir desta ficção, construiu uma tipologia de “falhas de mercado”, tão circunscritas quanto possível, que incumbiria ao Estado, qual caixa de ferramentas funcional, corrigir.