quarta-feira, 18 de maio de 2022

O que pode correr mal?


Deixem ver se percebo o plano das elites euro-liberais, cada vez mais na sombra dos EUA e da sua aposta na exportação de armas e de gás: insistir na escalada sancionatória, com as respetivas pressões inflacionárias a serem combatidas, de forma ineficiente e injusta, por via da subida das taxas de juro pelo BCE, ou seja, por via da recessão e do desemprego. O que pode correr mal? 

Entretanto, por cá, espera-se que o medíocre e desigual modelo “Florida da Europa”, assente numa economia com cada vez menor pressão salarial, torne este país periférico num beneficiário líquido da periclitante circunstância internacional, isto a fazer fé no amoral entusiasmo do promotor de capitalismo de servir à mesa que também é Presidente da República. O que pode realmente correr mal?

9 comentários:

Anónimo disse...

Entre os homens mais ricos do mundo há os que produzem tecnologia e os que vendem roupa, tesla ou zara, amazon ou bugigangas de luxo. Pensar que o turismo é uma actividade menos válida do que artigos de moda ou relógios de pulso é de quem não sabe grande coisa de como ganhar dinheiro.

Anónimo disse...

A questão não é como ganhar dinheiro. É dignidade!

Paulo Marques disse...

Sanções? Quais sanções?

https://www.bloomberg.com/news/articles/2022-05-14/eu-drafts-plan-for-buying-russian-gas-without-breaking-sanctions

Descobriram que isto não vai lá com vibes de um dia para o outro. Quem poderia ter adivinhado?

Paulo Marques disse...

Anónimo,

o turismo dá perfeitamente para ganhar dinheiro; não falta quem, com garantias do estado, de infraestruturas a subsídios.
Outra coisa é se essa dependência frágil e de baixo valor acrescentado na procura externa facilmente alterável serve para sustentar uma economia, e a resposta é um claro e redondo rebolar no chão.

Anónimo disse...

O tiro passou-lhe ao lado!
O ponto é, obter ganhos à custa da miséria (guerra) alheia

TINA's Nemesis disse...

É o turismo uma actividade económica válida? Pode ser. Mas a questão não é essa, a questão é que as “elites” não sabem fazer mais nada senão condenar a classe trabalhadora a actividades como o turismo… Actividades que limitam o desenvolvimento de competências do trabalhador. E são estas mesmas “elites” que limitam os trabalhadores, as que querem criar fluxos de importação de mão-de-obra o mais barata possível que depois exigem mais produtividade e valor acrescentado.

O desenvolvimento de um país está directamente relacionado com as competências da classe trabalhadora.
Portugal é um país sabotado pelas “elites”, não pela classe trabalhadora. São as “elites” que criam as condições para que a aquisição de competências não aconteça. A promoção da precariedade, dos baixos salários, chamarem a Troika criando para criar desemprego, incluindo de longa duração, o grotesco problema da habitação que afecta tanta gente em idade produtiva são exemplos de como as “elites” sabotam o desenvolvimento de Portugal e causam sofrimento a muita gente.
Portugal é um país onde as patronato tem constante espaço na “comunicação social” para essencialmente dizer que os salários não podem aumentar e para tornar a vida do trabalhador o mais precária possível.

Anónimo disse...

O turismo como actividade económica faz sentido se os trabalhadores forem particularmente bem pagos, se o modelo tem por base a exploração não há razão para existir.

Amélia Nunes disse...

A questão de transformar o turismo na principal atividade econômica do país, faz-me lembrar uma canção que se cantava na escola fascista do meu tempo de criança. Dizia alguma coisa como Portugal ser "um jardim à beira-mar plantado"...Só que nos nunca íamos à praia!

TINA's Nemesis disse...

Só quero acrescentar que muito do trabalho que não precisa de muita formação não deixa de ser trabalho indispensável ao funcionamento da sociedade, trabalho que devia ser muito melhor remunerado.