terça-feira, 29 de dezembro de 2020

Sem programa, e embalados por sondagens (II)

Desde o exercício anterior, em agosto, com base nos dados mensais das sondagens da Intercampus, parecem reforçar-se o processo de fragmentação da direita, com acumulação de ganhos percentuais dos «novos partidos» (Chega e IL), sem que PSD e CDS-PP recuperem espaço nesse campo do espectro político-partidário. De facto, recuando em dezembro 2 pontos percentuais face ao resultado obtido nas legislativas de 2019 (de 29 para 27%), estes partidos não conseguem suster o crescimento do Chega e da IL, que quadriplica as intenções de voto no mesmo período (de 3% para 12%). E sendo certo que PS, Bloco de Esquerda e CDU recuam igualmente 2 pontos percentuais entre outubro de 2019 e dezembro de 2020 (passando de 53 para 51%, mas mantendo a maioria), os «novos partidos» à esquerda, PAN e Livre, recuam para cerca de metade face ao resultado conjunto obtido nas legislativas (de 8 para 4%).


Estas diferenças na reconfiguração das intenções de voto à esquerda e à direita ficam ainda mais claras quando se analisa o peso relativo, em cada caso, dos «novos partidos». Se o Chega e a IL representavam cerca de 10% do voto à direita em outubro de 2019, hoje quase atingem quase 1/3 (31%) das intenções de voto. À esquerda, pelo contrário, o peso relativo do PAN e do Livre passa de 13% do voto à esquerda (legislativas de 2019) para cerca de 8%, reforçando em termos relativos as intenções de voto no PS, Bloco de Esquerda e CDU. Assim, se a ideia de aproximação ao Chega e à IL, por parte do PSD e do CDS-PP - que continuam sem um verdadeiro programa alternativo de governação - é a de conquistar o poder com os votos daqueles partidos, mas metendo-os no bolso, talvez valha a pena que avaliem o que está a acontecer.

2 comentários:

Anónimo disse...

A Uniao Europea e uma ditadura .
Portugal a caminho!

Anónimo disse...

Várias pistas abertas que infelizmente o primeiro comentário não segue, preferindo antes dizer patetices ao estilo dessa mesma direita.