segunda-feira, 31 de agosto de 2020

O estado da doença


É sabido que, certa retórica liberal à parte, os capitalismos realmente existentes nunca prescindiram dos Estados. Nem doses cavalares de ideologia obscurecem hoje a crescente dependência. A questão então nunca é intervir ou não intervir, mas sim que interesses e que valores são protegidos pela inevitável intervenção pública. 

Isto é particularmente visível na área da saúde, uma das que mais está fadada a crescer: sem Estado não existe o igualitário SNS, mas também não existe o desigual capitalismo da doença que o corrói. Como assinalou Isabel Vaz, quando estava no BES-Saúde, melhor negócio por sinal só a indústria de armamento. 

Os interesses capitalistas da doença têm estado bem sentados à mesa do orçamento, em modo bloco central: lembrem-se, por exemplo, que o actual líder da associação dos hospitais ditos privados é Óscar Gaspar, antigo dirigente do PS. 

Como sublinhou recentemente Manuel Esteves no Negócios: “Dos 12.444,4 milhões de euros transferidos pelas administrações públicas para a prestação de cuidados de saúde em 2018, 41% dizem respeito a entidades privadas (...) num setor especial como a saúde, a faturação dos prestadores de cuidados de saúde privados depende muito do financiamento público. Estes 41% do ‘orçamento’ público da saúde asseguram 47% da faturação dos prestadores privados.”

13 comentários:

JE disse...

Mais uma vez na mouche

Somos nós que pagamos os lucros privados de interesses ainda mais privados.

Como alguém de uma forma néscia repetia constantente:
"Gostam de mamar". Do Estado,à custa do Estado,à nossa custa

Jose disse...

Quem quer que trabalha na saúde faz da saúde o seu negócio.
Mas diz-se que o trabalho é um direito, não é um negócio.

Palavras!

Anónimo disse...

Há quem acredite que é possível vivermos num país civilizado sem que haja saúde de qualidade para todos, há ainda uns mais idiotas que acreditam que será a medicina dita privada que irá providenciar a qualidade necessária e desejada neste tipo de serviços. Os outros são os indecentes.

Anónimo disse...

O estado "pequenino", afinal, tornou-se na GRANDE segurança social dos ricos.
Apenas mais uma MEGA contradição do neoliberalismo.
Nada a que não estejamos habituados.
Talvez, como dizia Bill Mitchell no artigo de ontem, as narrativas dos neoliberais estejam a ser postas em causa pelo banco que liderou o processo neliberal nos anos 1980: o banco central federal americano liderado, na altura, por volcker.
Felizmente que o ser humano tem prazo de validade e, agora, tem lá gente com outros objetivos.

Anónimo disse...

Ao post falta-lhe referir o colaboracionismo activo da classe médica, incluindo a afecta ao sns, nesse processo.
Há dias, minha mãe, 87 anos e várias morbilidades, teve ( mais )um problemazeco que sugeria infecção urinária. Além da bateria habitual de exames complementares de diagnóstico ( todos feitos nos privados, a senhora tem ADSE...) o médico de familia mandou também fazer um TAC ( tb no privado, claro !)
Assim tive oportunidade de chegar à fala com o clinico, questionei :
- O TAC foi para quê, doutor?
- Para despistar a existência de tumor.
- Muito bem ! E se tivesse tumor, o que se seguiria, doutor ?

Continua a aguardar resposta.

Cump.

JR

Jose disse...

O das 8:34 conta uma história indicativa:
- A mãe está em fim de vida.
- O médico, à cautela, atira-lhe com a bateria de testes que o iliba de qualquer negligência
- Provavelmente sabe que se a hipótese for a pior, não terá vaga a tempo ou não resistirá ao processo clínico.
- Mas tem de fazer tudo, não em termos clínicos, mas em termos de que a família e a vizinhança fique segura de que tudo foi feito, como é de direito!

Não morrer é quase um direito, e já quase ninguém morre em casa; os ricos andam com os moribundos pelo estrangeiro, os pobres juntam-se à porta dos hospitais e dos tribunais.

JE disse...

Palavras foram as coisas que jose lançou para cima de um fragmento de um texto de Martin Luther King

Palavras que denunciam um propósito fundamentalmente desonesto. E com a marca do ódio próprio de coisas que abraçam posições eugénicas. Como as de jose

Agora jose vira-se para o lado e afina o alvo para a saúde. Desta forma destrambelhada como o faz

Porque quer apenas uma coisa. Esconder que os interesses privados saqueiam o erário público e que também na saúde somos nós que pagamos os lucros privados

"Quem quer que trabalha na saúde faz da saúde o seu negócio."

Não faz.É falso. Que um tipo que foi consultor para os assuntos de trabalho, de uma sociedade patronal mal afamada, tente confundir as coisas é bem significativo do tipo, da qualidade de consultor, da associação patronal e do suporte ideológico que suporta o tipo.

"Em economia, negócio é referido como um comércio ou empresa que é administrado por pessoa(s) para captar recursos financeiros a fim de gerar bens e serviços e, por consequência, proporciona a circulação de capital de giro entre os diversos setores. Em apertada síntese, podemos dizer que se entende por negócio toda e qualquer atividade econômica com o objetivo de gerar lucro".

A saúde é um negócio,dizia um néscio do clube patronal de jose.E alisava o ventre, enquanto registava mentalmente o a haver com o negócio da saúde.

JE disse...

Jose tem uma definição do homem de negócios característica do que é este tecido patronal que prima pela obesidade rotunda do lucro fácil e do saque aos que trabalham:

" o que caracteriza um homem de negócios, ( é ) aproveitar as oportunidades; e não ser honesto ao ponto de não ignorar a desonestidade alheia."

Um homem de negócios para jose é um desonesto encartado com justificações para aproveitar como um fdp as oportunidades que lhe surjam

Em prol do lucro, como é evidente.

O resto é o rancor do jose ao trabalho, ao trabalho como direito e ao desmontar da mama ( segundo o vocabulário de jose) dos privados interesses. Em prol do lucro , como é evidente. E à nossa custa

JE disse...

Depois de jose,chega à boca de cena joão pimentel ferreira.

Voltámos a ter direito de novo às citações de Bill Mitchell.Mas tão ao lado do que se posta que até dói como alguém pode andar a pescar algo e só lhe saiam estas "coisas". Adornadas com algo que é a imagem de marca de JPF: Parece que o ser humano tem prazo de validade e já lá está outro blablabla"or

A idiotia profunda desta frase ignora a sabedoria daquela outra: "As moscas mudam, mas a merda é a mesma“

JE disse...

No caso de JPF há todavia uma peculiar novidade. É que a mosca é sempre a mesma.

Ganha à peça. Directa e indirectamente. Das apostas feitas, até à ideologia que professa. Com o carácter ( ou a falta dele ) que o acompanha.Faz também o possível para adquirir artes de mimetismo, embora falhe com frequência


Assim temos "os outros que são indecentes". E temos a portentosa história de JR,sobre a mãe de JR, com o colorido local de JR, que de tão idiota, só pode provir mesmo de JR pimentel ferreira


(Já agora, o coitado pensa que, por ele ser colaboracionista, todos os demais o são.

É aquela sua velha pecha de demagogo sem escrúpulos a tentar instrumentalizar o descontentamento como um adepto da coisa . Desde que não se fale que o Estado gasta 41% do dinheiro destinado à saúde com privados.Nem das PPP.)

Anónimo disse...

Continua a aguardar resposta é a separação das águas entre o público e o privado. A exclusividade dos médicos ligados ao SNS que é tão combatida pelos interesses privados. O fim das PPP que é um maná para os que vivem de rendas. O reforço do SNS.

Jose disse...

«Mas diz-se que o trabalho é um direito, não é um negócio.»

Negoceiam preços em contratos, fazem lockout a que chamam greves para obterem ou manterem vantagens, controlam a concorrência com carreiras e diuturnidades, investem o que sobra das despesas correntes - mas nada disto equivale a negócio, tudo são direitos e sempre podem proclamar-se vítimas de exploração.

JE disse...

Ah

Os "negócios" de jose são definidos de acordo com a carteira das reivindicações dum patronato, que vivia sob o cassetete da pide e os ventres de batráquio dos legionários que lhes enxameavam as mesas. Ainda por lá permanece.

Confirma-se que jose está com perturbações. Ignora o que são negócios. Confunde o verbo negociar com o substantivo "negócio". Confirma que de facto a iliteracia patronal em Portugal anda pelas ruas da amargura e brada tanto aos céus que já é citada na imprensa internacional. Confirma que há quem trabalhe e há quem se aproprie do trabalho alheio. Confirma que os negócios de jose vão muito mais além do que as diuturnidades ( o que será isso?); ficam-se mais pelos milhares de milhões dos banqueiros, que andou a bajular e a venerar

O resto são cogitações de interesse variado, usando como mote uma historieta contada por um da espécie. O não conseguir distinguir o que é óbvio, confirma também a sobranceria dum treteiro que determina o que é "provável" sobre o modo de agir dos demais

E aqui começa o asco pelas crenças (senis?) que adornam os comentários de autênticos coscuvilheiros sociais, em modo de folhetim telenovelesco à jose castelo branco