quarta-feira, 14 de agosto de 2019

Do outro lado do mundo

Se há coisa a greve dos camionistas revela é que os jornalistas, mais uma vez, não parecem entender o que está em causa.

A greve dos motoristas tem todos os contornos para ser considerada estranha:

1) um grupo profissional que esteve "parado" durante 20 anos, de repente "acorda" e é capaz de fazer greves por tempo indeterminado (como se não precisassem dos salários) e durante um período pré-eleitoral, em que está em julgamento um governo apoiado à esquerda; 2) uma greve que surge mesmo após outra greve por tempo indeterminado - a dos enfermeiros dos blocos operatórios - que afectou apenas hospitais públicos (nos privados não havia blocos operatórios?) e que foi financiada por um fundo de greve pouco transparente, em que, nalguns dias, entravam a cada hora centenas de euros; 3) um sindicato dos motoristas que nasceu com um dirigente que é advogado, especialista em offshores e até há bem pouco tempo desconhecido do movimento sindical; 4) e em todas as lutas, numa e noutra, com um apoio maciço das suas centenas de profissionais, capaz de ter efeitos generalizados sobretudo sobre a população e capaz de desestabilizar um país, tudo cheirando a demasiada organização, com traços semelhantes a outras manobras que já se viram noutros países, como no Chile em 1973, visando derrubar o governo legítimo do socialista Salvador Allende. 

Por isso, primeiro, sente-se o seu embaraço. Em geral, os jornalistas andaram ao colo com os novos "sindicatos independentes" - que eram genuínos e renovados -, desvalorizando o velho papel sindical, sobretudo dos sindicatos "afectos" (não são capazes de usar a palavra filiados) a uma central sindical, a CGTP.  Mas agora parecem assustar-se. Hoje de manhã, o pivot da SIC designou-os como os sindicatos "ditos independentes" e em crónicas várias quase que se pede o regresso dos "civilizados" sindicatos "afectos" ao PCP. E não foram precisos muitos meses.

Antes, sentia-se que estavam a favor das lutas desses sindicatos independentes - talvez porque atingiam o Governo socialista. Antes da greve, um outro pivot da SIC, noutra emissão, quase trucidou em entrevista o representante da ANTRAM. Agora, aceitam a requisição civil que, claramente, dá força a um dos lados do conflito e põe em causa o direito à greve, mesmo que respaldado num parecer do conselho consultivo da Procuradoria-Geral da República, favorável à ideia da requisição preventiva, coisa que não existe no ordenamento jurídico.
 
No programa Praça Pública desta manhã, na SIC, os dois jornalistas em estúdio questionavam-se sobre a quem mais favorecia esta luta. E dizia um deles: "Ao Governo: já não se fala de mais nada senão na greve. Nem se fala dos hospitais, nem dos fogos...". Veja-se bem: eles a queixar-se de que os jornalistas não se preocupam com mais nada senão com a luta dos motoristas, porque aquilo com deviam preocupar-se era apenas... com a ruptura dos hospitais  e com os fogos!

Segundo, os jornalistas não conseguem entender uma luta por jornadas de trabalho de 8 horas ou uma greve a trabalho extraordinário porque, eles próprios jornalistas, acham que isso faz parte de uma reivindicação do tempo da Revolução Industrial. Todos recebem subsídios de isenção de horário e aceitam que o trabalho seja "o que for preciso fazer". Mesmo que isso corresponda ao trabalho de duas pessoas!

Nas entrevistas aos membros do Governo, raramente ou nunca os jornalistas lhes perguntam como é possível que a Autoridade das Condições de Trabalho (ACT) não tenha -  durante 20 anos - fiscalizado e posto na ordem um sector com jornadas de trabalho como as dos motoristas! A jornada de trabalho é tão adulterada que a própria requisição civil fortalece a greve em curso, ao impor um horário de 7 horas - que é o dos funcionários públicos -, que fura os próprios "serviços mínimos", estimados - pelo Governo - com base em jornadas de trabalho mais alargadas, porque verificadas no período homólogo!! Numa entrevista recente no programa 360, Ana Lourenço fez essa pergunta ao ministro Vieira da Silva e sentiu-se o seu embaraço.



Terceiro, em geral os jornalistas não entendem que um sindicato use a sua vantagem negocial de fechar a torneira do único combustível que move esta sociedade, ou de conter as exportações ou de parar o fluxo turístico (como foi o caso nos anos 90 dos pilotos da TAP cuja greve levou um ministro socialista a criticá-la em conferência de imprensa...). Na verdade, os trabalhadores são isso mesmo: o sangue de um sistema que o pode fazer parar quando tomam consciência disso.

Conviria que, na luta, se prejudicasse antes o lado patronal - não a população - e, neste caso concreto, não servir para justificar uma subida artificial dos preços dos combustíveis. Mas se essa é a sua força, por que não parar por causa de um acordo a 3 anos? "Não, isso é incompreensível". 

Quarto, os jornalistas não entendem o papel do Estado numa sociedade. Acham que se trata de "um assunto entre privados". No entanto, desde 1976 que assistem - sem protestar - a um PS que adoptou como seus, progressiva e inexoravelmente, os mecanismos legais laborais que o FMI e a direita sustentam como eficazes, mas que degradaram as condições de vida desse sangue do sistema, atacaram o papel dos sindicatos, sem ter trazido ganhos relevantes na competitividade externa. 

O patronato e o Governo queixam-se de que os sindicatos estão a forçar uma negociação com "uma espada sobre a cabeça". Mas nem o patronato nem o Governo nem o próprio ministro Vieira da Silva nem o ministro dos Negócios Estrangeiros (que surge agora a querer alargar a requisição civil a todo o país) se lembraram disso quando, desde 2006, o fizeram para o lado dos trabalhadores, ao terem aprofundado as condições impostas pelo Código de Trabalho de 2003, desestabilizando ainda mais a negociação colectiva, hoje ainda mal refeita desse trambolhão tão bem aproveitado pela troica e o Governo PSD/CDS (2011/2015).   

Os dois jornalistas à conversa no estúdio da SIC apenas julgavam: "Para haver a paz, tem de haver um cessar-fogo"; "E que achas de dizerem querer parar por 3 meses?", questionava o pivot, "Eu não posso!"; "o Governo não pode interferir e obrigar os privados a sentar-se", mas ao mesmo tempo defendia-se: "É preciso encontrar outros protagonistas que estes já não se entendem". Face aos telefonemas dos espectadores que falavam dos imans na caixa de velocidade para não registar a duração da jornada de trabalho (!) e se questionavam por que não actuava a ACT, os jornalistas continuaram a falar do mesmo, sem ater-se ao problema dos horários de trabalho: "Também há pequenas e médias empresas no sector que não podem pagar..."!

Veja-se o programa e questione-se sobre em que mundo vivem os jornalistas. E pense-se por que razão, de repente, o mundo lhes parece ter caído sobre a cabeça.

32 comentários:

Anónimo disse...

João Ramos de Almeida.
Este seu texto é quase tão ambíguo como os dois comunicados do secretariado do CC do PCP acerca da greve dos motoristas de matérias perigosas. Ele, porém, não é sobre a greve dos motoristas, mas sobre o que ela revela: “que os jornalistas, mais uma vez, não parecem entender o que está em causa”. Eles, os jornalistas, parecem não entender o que está em causa, mas você, que não será jornalista (depreendo eu), entende perfeitamente o que está em causa.
Atenho-me só à greve dos motoristas, dando de barato, por tão abjectas, as considerações que tece sobre a greve dos enfermeiros e a analogia que faz desta greve com a situação no Chile que levou ao golpe de Estado que depôs o Allende. E que entende você sobre ela? Que a “greve dos motoristas tem todos os contornos para ser considerada estranha”. Antes de mais, porque “um grupo profissional que esteve “parado” durante 20 anos, de repente "acorda" e é capaz de fazer greves por tempo indeterminado (como se não precisassem dos salários) e durante um período pré-eleitoral, em que está em julgamento um governo apoiado à esquerda”. Isto de “um governo apoiado à esquerda” diz bem sobre o que para você deveria ser a actuação dos sindicatos dos motoristas…
Será necessário recordar-lhe que durante os últimos 40 anos (não apenas 20, como refere) este grupo profissional esteve (e ainda está, nalguma medida) representado por sindicatos agrupados na FECTRANS, aderente da CGTP, a qual ainda antes do fim de 2018 negociou com o patronato do sector um CCT que fixou 650 euros mensais de ordenado e um suplemento de 280 euros por “isenção de horário de trabalho” (quando aqueles trabalhadores estão sujeitos às escalas e serviços determinados pelos patrões) que serve para pagar as 7 horas diárias de trabalho suplementar que fazem em média, à razão de 1 euro por hora (subvertendo tudo, o verdadeiro salário, o pagamento do trabalho suplementar, os limites de quaisquer bancos de horas, as contribuições para a segurança social, os subsídios de doença, o valor das reformas, etc., etc.)? Certamente você sabe isto melhor do que eu.
Mas há coisas sobre as quais você parece não perceber nada ou então faz-se desapercebido. Deduzo que seja da juventude… Não lhe ocorreu que as greves, em princípio, são declaradas por tempo indeterminado, até que quem as declara saia vitorioso ou derrotado? Nem que as greves de um ou dois dias, com prazo marcado, do tipo das que os sindicatos aderentes da CGTP por vezes marcam, apesar de louvadas como “grandes jornadas de luta”, são derrotas anunciadas e apenas perdas de ordenado para os trabalhadores, contribuindo para a desmobilização e o abandono dos sindicatos por parte de muitos trabalhadores? Não acha estranho que os sindicatos (ou a CGTP) não tenham constituído quaisquer fundos de greve susceptíveis de apoiarem os grevistas em greves demoradas, nem desenvolvam quaisquer campanhas de solidariedade para com grevistas? Eventualmente porque greves demoradas não fazem parte do seu sindicalismo a bem da “economia nacional”. Ah! Mas você acha estranhas as campanhas de angariação de fundos de apoio aos enfermeiros grevistas e põe em causa que os fundos angariados provenham da solidariedade por parte de trabalhadores anónimos… O que não deixa de ser interessante sobre as suas concepções de sindicalismo.
(cont.)

Anónimo disse...

(continuação)

Você tem razão numa coisa: o SNMMP foi fomentado e constituído com base nos serviços prestados por um advogado (que por qualquer razão que desconheço, a que não será alheia alguma estupidez do dito cujo, integrou os corpos-gerentes do sindicato, facto que sendo ridículo paradoxalmente ninguém até hoje impugnou). Mas o que está em causa na greve são as razões dos motoristas para a declararem ou o currículo de advogado do indivíduo que os aconselha e é de facto seu consultor jurídico? É claro que a inexperiência sindical dos motoristas é notória, mas não apenas dos motoristas, nem destes motoristas, mas da generalidade dos trabalhadores portugueses (daí que todos os sindicatos, como de resto as associações patronais, tenham os seus consultores jurídicos, que actuam como seus porta-vozes). Longe vai o tempo em que os trabalhadores eram capazes de dirigir sindicatos e os consultores jurídicos pouco mais eram do que isso. Mas você não é desse tempo…
Apesar de todas as suas limitações e inexperiência, será que estes motoristas tomaram a iniciativa de formar um novo sindicato para sabotarem as lutas levadas a cabo pelos sindicatos filiados na FECTRANS, na falta de sindicatos da UGT, ou porque não se sentiam representados pelo sindicalismo de conciliação e de frete ao patronato daquela federação de sindicatos? Basta saber-se o que a FECTRANS acordou no CCT de há poucos meses, dando cobertura a toda a pulhice do patronato do sector, para se fazer uma ideia aproximada do que terá motivado as poucas centenas de trabalhadores para formarem um novo sindicato. E a pulhice foi tal que é agora o próprio patronato, perante o escândalo dos salários e condições de trabalho que têm vindo a público, que vem propor novos salários e condições de trabalho, não aos grevistas, mas aos amarelos que lhe têm aparado os golpes, a FECTRANS.
Seria bom que você se fixasse, de forma clara, no que assiste aos trabalhadores motoristas em greve, na actuação do “governo apoiado à esquerda” e nas posições tomadas pelos partidos (“de esquerda”, pois claro) apoiantes, e não se ficasse apenas pela referência àquilo que os jornalistas não percebem do assunto. Digo mesmo que seria interessante que você abordasse as posições expressas pelo PCP e as ligeiras declarações feitas pela dirigente do BE acerca desta greve. E, já agora, que dissesse alguma coisa sobre o papel de muleta dos patrões e do Governo desempenhado pela FECTRANS, agora na nova modalidade de sindicato amarelo de reserva para as faltas de comparência da UGT, que tudo o indica se prepara para fazer mais um acordo com o patronato sabotando as reivindicações dos motoristas grevistas. Será capaz disso?
JMC.

Anónimo disse...

Parece que JMC quer que o autor da posta se debruce sobre a posição do PCP e do BE

Curiosamente foge como o diabo da cruz do "dirigente que é advogado, especialista em offshores e até há bem pouco tempo desconhecido do movimento sindical"

Isto, segundo a sábia opinião de JMC, revela apenas "alguma estupidez do dito cujo"

Tanto tempo com paleio e apenas uma linha dedicada ao advogado

Cheira um pouco mal

Anónimo disse...

Mas afinal parece que não foi apenas uma linha dirigida ao dito advogado

Parece que este facto ( o tal advogado), sendo ridículo paradoxalmente ninguém até hoje impugnou.


Quem quereria o dito JMC que impugnasse?

O advogado vice-presidente e porta-voz do Sindicato Nacional dos Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP) cabeça-de-lista pelo partido democrático republicano?
O Marinho e Pinto? Os sócios do sindicato? Algum informador de outro sindicato, invejoso da actuação do Pardal Henriques?

Ou isto não passa de um apelo, paradoxal pois claro, à impugnação alheia num sindicado ao pé de si?

Paradoxalmente este paradoxal revela muita coisa

Jose disse...

No país em que a informação é um cangalho de oportunismos e repentismos regados a estupidez e onde sempre sobressai o total de respeito pelo trabalho.

Alguém se preocupa em pelo menos definir a profissão destes motoristas?
Os manga de alpaca com horário sedentário sabem qual é o tempo necessário para abastecer em limitado número de locais e descarregar um camião em múltiplos destinos, em diferentes áreas do país?

E dizem os cretinos que esses profissionais têm direito a parar de trabalhar ao fim de oito horas contadas a partir da sua entrada na empresa. Param aonde? Fazem o quê quando param, vão de taxi para casa? Regressam à empresa a tempo de picar o cartão ao fim de 8 horas?

Ou vale tudo para sacar mais algum?

Anónimo disse...

Uma posta importante a de João Ramos de Almeida.

Que de forma equilibrada chama a atenção para o "desacerto" informativo dos jornalistas. E fá-lo com dados e factos concretos


Parece que tal posta não caiu no goto de JMC. Que patati e patata e a ambiguidade de João Ramos de Almeida e a dos comunicados do PC. E que não se fale na "ambiguidade" dos jornalistas já que JMC não quer

Acontece que João Ramos de Almeida foi jornalista. Do Público, de onde foi saneado

JMC "entende perfeitamente o que está em causa"

Anónimo disse...

JMC também não quer outra coisa.

Que se fale na greve dos enfermeiros. Nem do Chile

Porque dá de barato,diz ele. Porque são abjectas, diz ele

Mas porque estes entraves à livre opinião e discussão de ideias? Porque não se ajustam ao paleio de JMC, que também não gosta que se discuta o papel dos jornalistas na situação em causa?

Anónimo disse...

JMC acusa JRA de parecer "não perceber nada ou então faz-se desapercebido." E deduz que tal "seja da juventude…"

O pedantismo tem também uma marca. E geralmente é uma marca de classe das classes possidentes.


Podia-se retorquir que se pode deduzir que esta atitude de JMC pode ser atribuída à sua velhice, quiçá senilidade.

Mas seria igualmente feio

Anónimo disse...

Anónimo das 23,48.
Afinal, quem faz esta greve são os motoristas ou é o advogado/dirigente sindical "especialista em offshores"? Conheço de ginjeira essa conversa apalermada de tentar desviar as atenções para o acessório, típica da falta de argumentos, nomeadamente por parte de gente habituada a cumprir as directrizes do partido e cujo fanatismo nem lhe permite enxergar a mais clara das realidades. E também conheço de ginjeira o sindicalismo do frete ao patronato e aos governos levado a cabo desde o 25 de Abril de 1974 pelos sindicatos dirigidos pelo PCP (leu bem, anónimo, dirigidos pelo PCP). Não se trata de sabedoria, mas de experiência vivida e de observação do que se tem passado.
E esse sindicalismo de frete ao patronato e aos governos, geralmente a cargo da UGT, é desempenhado pela CGTP e os seus sindicatos na ausência da UGT. Como foi o caso do CCT negociado pela FECTRANS há 8 ou 9 meses e volta a ser o caso com o “entendimento” que esta se prepara para assinar (ou já terá assinado) com o patronato, sabotando luta e as reivindicações dos motoristas grevistas. Amanhã eventualmente saberemos mais acerca desse “entendimento”. O CCT era tão bom que são agora os próprios patrões que vêm propor novos salários e condições de trabalho.
É de um sindicalismo de entendimento, a bem da “economia nacional”, que o patronato gosta, e é em entendimentos que sabotam as reivindicações e as lutas dos trabalhadores que os sindicatos dirigidos pelo PCP são useiros e vezeiros. Eles não defendem os interesses dos trabalhadores, defendem a táctica do partido e cumprem as suas ordens. Recordo-me perfeitamente do “entendimento” que há uns anos a FENPROF fez com a ministra Lurdes Rodrigues, sabotando a luta dos professores, mas poderia dar-lhe outros muitos exemplos, uns mais recentes, outros mais antigos. Sem falar, é claro, nas posições reaccionárias do PCP acerca das greves desencadeadas à revelia dos seus sindicatos, quer nos idos de 74 e décadas seguintes, quer ultimamente, nomeadamente as greves dos estivadores e dos enfermeiros. Tudo o que não seja dirigido pelo PCP ou é obra da reacção (como era antigamente) ou é movido por “obscuros objectivos políticos” (que é como o PCP classificou a actual greve dos motoristas).
É uma tristeza esta dita esquerda que nos calhou, do PCP ao BE, que mesmo perante atentados ao direito de greve cometidos pelo Governo conluiado com o patronato, para além das campanhas mediáticas e de intimidação contra os grevistas (como já fora o caso durante a greve dos enfermeiros), têm o desplante de vir acusar os sindicatos e os trabalhadores grevistas de serem os causadores de eventuais futuras revisões reaccionárias do direito de greve. A posição assumida pelo PCP, então, um partido que enche a boca com a defesa dos interesses dos trabalhadores, é a mais reaccionária, fruto do “entendimento” ou “posição conjunta” que acordou com o PS ao contribuir para recolocá-lo no poleiro. Esta a razão por que me pareceu que o autor poderia abordar este assunto.
Compreendo que ao anónimo lhe cheire mal tudo o que não venha do partido. É natural. Quem está permanentemente rodeado de merda até a brisa da montanha lhe cheira mal… Parece ser o seu caso, anónimo.
JMC.

Anónimo disse...

Vamos a factos concretos, sobre a "natureza" das lutas laborais por onde se começa a ver o que pretende JMC

"as greves, em princípio, são declaradas por tempo indeterminado, até que quem as declara saia vitorioso ou derrotado"

Ora aí está um bom tema de conversa para aquilatar dos propósitos de quem a faz

Tais greves não seriam derrotas anunciadas nem apenas perda de tempo dos trabalhadores. Nem de todo perdas de ordenados para os mesmos

Claro que a solução para tal seriam os "fundos de greve susceptíveis de apoiarem os grevistas em greves demoradas" ( já nos esquecemos que as greves são em princípio declaradas por tempo indeterminado")

Os trabalhadores são uns privilegiados. Podem deslocar fundos para fundos de greves, assim por tempo indeterminado. Assim como o caso do fundo de greve dos enfermeiros.

Mas não tinha o tal JMC dito que não iria falar da greve dos enfermeiros? Por dar de barato e ser abjecto?

Esqueceu-se do barato ou do abjecto?

Ou das suspeitas que recaem sobre a "angariação de fundos" no caso dos enfermeiros?

E os casos de campanhas de solidariedade dos trabalhadores para com grevistas? Ignorará JMC esses casos ou está demasiado ocupado a dizer como se devem dirigir as lutas sindicais?

Assim por tempo indeterminado, sem perdas de tempo para os trabalhadores nem dos seus ordenados, mais a colecta de fundos por tempo indeterminado de gente que tem dinheiro como a greve dos enfermeiros?

O que não deixa de ser interessante sobre as concepções de sindicalismo de JMC

Como um verdadeiro revolucionário.

Anónimo disse...

JMC fará depois uma autêntica dança contorcionista para apagar a figura do advogado prestador de serviços. Vai até ao ponto de tentar justificar estas figuras de consultores jurídicos (não dos consultores jurídicos vice-presidentes, claro) e até de invocar o tempo antes do tempo de JRA.

(Parece mesmo que o tal prestador de serviços jurídicos é vice-presidente do sindicato em causa)

Não por acaso o sujeito em causa confirma que que está em conversações com o PDR de Marinho e Pinto e revela que foi abordado pelo partido de André Ventura.

Pois é. Por mais que doa e custe ao nosso revolucionário dançarino é mesmo bom esclarecer todas as coisas um pouco estranhas em torno desta greve

E do confluir da direita e da extrema-direita para a limitação do direito à greve,junto com sectores do PS

Com a ajuda voluntária ou involuntária dos revolucionários de ocasião. Assim quase ao jeito de JMC, embora este não seja nem de ocasião nem revolucionário.

Anónimo disse...

Excelente trabalho de João Ramos de Almeida.
E regresso de uma espécie de revolucionários de trazer por casa, calada que nem rato durante 20 ( ou 40 anos) e que agora volta à boleia dum consultor jurídico e dum palavreado adequado ao regresso da tralha que andou desaparecida durante tanto tempo

Anónimo disse...

Ler JMT hoje no Publico, fez-me lembrar JMC
Acho que ele se inspirou nele ou vice-versa

Anónimo disse...

Este jose pretende sacar algum

As suas negociatas na área da indústria transformadora vão- se revelando

Isso e a linguagem típica do patronato medíocre e pesporrento. Desta e doutras aéreas

“Cretinos ” é

Anónimo disse...

O revolucionado de pacotilha volta.
Cheio daquela baba anti-comunista própria dos “amigos” do capital

E depois do seu ar de dandy burguês a apregoar os valores da idade, temos agora a assumir-se como “ brisa da montanha”

Ahahahah

Anónimo disse...

Este JMC esteve escondido debaixo da secretaria do Barroso

E saiu agora depois do colorido funeral do Arnaldo. E da queda de Passos, claro

(E continua a querer que lhe escrevam as prédicas de padre reacionário a seu gosto. Embrulhadas no seu cheiro peculiar)

Alberto Jorge Silva disse...

Está bem, mas quem é o JMC? Há de ter um nome. O meu é
Alberto Jorge Silva

Anónimo disse...

Ah eu também conheço de gingeira estes treteiros, tão defensores dos trabalhadores como amigos dos acessores jurídicos do Capital

Ah mais uma vez. O PC é um grande partido. Mas eu por acaso não faço parte dele.

Temos o cheiro a brisa marinha mais a merda referida por JMC a cair-lhe em cima

Mas ele já está habituado


João Ramos de Almeida disse...

Caro JMC,
Se não se tivesse deixado tomar pela emoção, teria compreendido pelas minhas palavras sobre os jornalistas que considero que, naquilo que se conhece, os camionistas têm razões para lutar por algo que lhes tem sido negado há décadas.

E que mesmo as formas de luta que adoptaram são aquelas que consideram mais adequadas depois de tudo o que se passou. Estão no seu direito. E a defesa das suas opiniões, a autonomia dos seus actos, em defesa de uma causa generosa e colectiva, é bem-vinda.

É justo considerar que, por diversas causas, o movimento sindical atravessa um dos seus piores momentos. E um dos aspectos dessa situação é a sua situação financeira. A sua afirmação de que os sindicatos deveriam criar fundos de greve parece esquecer que o movimento sindical vive precisamente uma das suas piores situações financeiras. E que é por isso mesmo que se considera estranho que, sem se perceber como, os novos sindicatos estejam já em condições de suportar os custos salariais dos trabalhadores que, eles também, estão já disponíveis para greves de tempo indeterminado quando nunca antes o estiveram.

Dirá que essa razão deve ser encontrado no conformismo dos dirigentes sindicais da CGTP. Considero porém, pelos olhos de quem está de fora, que a melhor defesa dos interesses dos trabalhadores nunca será aquela que passe por dividi-los. Mesmo que se entenda que possam estar a ser mal conduzidos. Criar sindicatos ao lado ou criar sindicatos de “sindicatos ao lado”, na minha opinião, criará sempre condições para retirar força a uma força maior. As críticas que faz à actuação de outros sindicatos é já um sinal dos efeitos dessa ideia de que dividir dará mais força. Enquanto os trabalhadores se dividirem entre si, outros decidirão por eles. E ora se apoiarão nuns ora noutros. E maior fragilidade criarão em cada força sindical.

Verá que neste movimento, a greve em curso acabou por beneficiar o fecho de um acordo assinado por outro sindicato e possivelmente esse acordo acabará por beneficiar os grevistas. Agora, imagine o que seria se não houvesse diversos sindicatos a que o patronato pudesse recorrer para negociar.

Anónimo disse...

É uma tristeza estes tipos que saem de debaixo das pedras da calçada a repetir os salmos com que os esquerdistas da treta tentaram arrumar a luta dos trabalhadores. Depois foram para Bruxelas e para secretários de estado e para magistrados, para o PS ou para a direita conservadora ou mesmo fascista. Agora voltam com as tretas do costume.

Anónimo disse...

João Ramos de Almeida.
Agradeço a atenção de ter respondido ao meu comentário ao seu texto. É claro que quem estiver do lado da luta dos trabalhadores por melhores salários e condições de trabalho não pode deixar de se emocionar e indignar perante a situação actual, da actuação do Governo do PS apoiado pelo PCP e o BE às posições destes dois partidos sobre as greves dos últimos tempos (estivadores, enfermeiros e, agora, a dos motoristas de matérias perigosas). De qualquer modo, a emoção não me tolda a razão. E no seu texto você dá uma no cravo e três na ferradura, reconhece a justeza das reivindicações dos motoristas, mas… a “greve dos motoristas tem todos os contornos para ser considerada estranha”, etc., etc.
Compreendo que quem defenda um sindicalismo de frete ao patronato e aos Governos, um sindicalismo bem comportado, a bem da “economia nacional”, ache estranho um pequeno sindicato declarar uma greve por tempo indeterminado; compreendo igualmente que ache que a criação de um novo sindicato constitui uma manobra divisionista; tudo isto é compreensível para quem sempre conviveu com o sindicalismo de conciliação de classes a favor dos interesses do patronato e não conheceu outro. Mas tudo na vida tem um limite e há situações que de tão intoleráveis deixam de ser suportáveis. E, que se saiba, o SNMMP não apareceu a fazer fretes ao patronato e ao Governo, ao contrário do que aconteceu com a criação da UGT.
A minha posição sobre os fundos de greve não é de agora, mas de há mais de 40 anos. De outro modo, os trabalhadores não têm como suportar greves mais demoradas. Campanhas de solidariedade para com grevistas e de angariação de fundos é a coisa mais natural no mundo do trabalho. Não em Portugal, porque o movimento sindical dominado pelo PCP nunca teve tais princípios. E mesmo assim os sindicatos atravessam uma situação financeira grave (admito que sim), quer porque a taxa de sindicalização anda pelas ruas da amargura, quer porque são uma fonte de emprego para quadros e militantes do PCP, aliviando as contas do partido. Infelizmente, o PCP considera os sindicatos como coisa sua (o que nem no tempo do fascismo salazarista acontecia de forma tão descarada).
Diz você que “a greve em curso acabou por beneficiar o fecho de um acordo assinado por outro sindicato e possivelmente esse acordo acabará por beneficiar os grevistas”. Deixe-me dizer-lhe que é uma forma obtusa de pensar. Um sindicato do frete ao patronato que já fora usado para o CCT em vigor volta a ser usado para fazer um acordo que sabota a luta e as reivindicações dos grevistas e você tem o desplante de afirmar que um tal acordo “acabará por beneficiar os grevistas”. Faz-me lembrar o paleio da UGT de que os acordos que firma com o patronato e o Governo acabam por beneficiar todos os trabalhadores. Lamento ter de dizer-lhe isto de forma tão contundente.
JMC (José Manuel Correia)

Anónimo disse...

João Ramos de Almeida,

Tem alguma recomendação de leitura sobre a evolução da política laboral em Portugal e os seus efeitos?

Anónimo disse...

JMC deixou-se levar pelas suas emoções

Estava tão exaltado , desejoso de despejar a sua bílis biliosa contra o PC que nem percebeu o que JRA escrevera


Tinha que despejar a cassete que trazia.

Como ele acaba as suas prédicas: amén

Anónimo disse...

Emociona-se o jose manuel correia.

(Assim daquele modo como tentou achincalhar os demais com historietas sobre juventudes, numa de assumido paternalista burguês?

Assim daquele modo como tentou negar o direito de critica aos jornalistas e o modo como estes transmitem a informação?

Assim daquele modo como publicita o seu perfume de montanha e a sua "merda" que esgrime deste modo tão aburguesado?

Não. Prefere fugir com o rabinho entre as pernas e repetir a mesma cassete. Foi para isso que veio


Anónimo disse...

Quase que se adivinham as lágrimas de JMC e o seu pranto quando, emocionado, fala na greve dirigida por esse baluarte rebolucionário que é a sra Cavaco qualquer coisa, a tal dirigente duma ordem dos enfermeiros que se "esqueceu" de fazer greve nos hospitais privados

Quase que se adivinham as suas lágrimas quando salta como cão por vinha vindimada sobre a justa luta das panelas das pinochetianas do Chile. (Que todavia não têm qualquer comparação com as justas reivindicações dos motoristas em Portugal)

Ter-se-á comovido tanto com as dondocas? Isso são mesmo lágrimas?

Curioso como este paleio sobre as emoções acomete assim todos estes malteses e burgueses que repetem as mesmíssimas coisas nas mais variadas ocasiões. Sempre com a lágrima e a comoção assim a jeito, qual carpideiras veramente rebolucionarias


Uma coisa tem que se referir todavia. A comoção lacrimosa acaba quando, de forma enfadonha repete o mesmo paleio,velho e revisitado assim desta forma monótona e confessemos decrépita

Anónimo disse...

Voltamos então aos fundos da greve, cuja ideia parece que tem uma vetusta idade. Jose manuel correia todavia, apesar de ter tal idade, ainda não fez vencer as ideias que tinha tido em tão tenra idade.

É o que acontece a estes dirigentes burgueses de opereta. Não conseguem que os outros vejam a solução para os problemas que "de outro modo" como ele próprio diz, não terão solução

Uma injustiça que este iluminado não seja iluminado pela graça dos crentes

Voltamos então ao discurso de ódio rangente contra o PCP. (Foi para isso que terá saltado do sofá)

E voltamos ao seu discurso assumidamente de frete.De frete aos assessores jurídicos que coitados, são apenas um pouco estúpidos mas merecem o perdão de coisas assim como o zé manel.

E de frete ao Capital, que parece que sabe há muito que são estas coisas que lhes atapetam o caminho quando as coisas ficam mais perigosas para esse mesmo capital


Por isto estas coisas desaparecem nos períodos em que os Passos tomam conta da loja. Reaparecem quando a dona cavaco e o sr pardal chamam por eles.

E quando é necessário saltar a bílis e o seu ódio de classe contra o pc

Anónimo disse...

Eis assim JMC com o papel de evangelista tresloucado que perante a turba pragueja, irado, furibundo e emocionado:

"A culpa é do PC".

E agora já comovido, recebe também o abraço comovido, dos que se desfazem em merda sempre que ouvem falar no dito PC

Amén, dirá o zé manel

Lowlander disse...

As criticas do JMC sao muito pertinentes.
O amigo anonimo faria melhor em concentrar a sua retorica nos verdadeiros atrasados mentais que poluem estas caixas de comentarios.

Escusado sera dizer que subscrevo quase tudo do que o JMC escreve. Creio que neste caso em especifico, a posicao do PCP e por arrasto a posicao assumida neste post do Joao Ramos de Almeida, contribuidor deste blog geralmente muito claro e luminoso nos textos que publica, esta(s) posicoes dizia, e(sao) lamentavelmente ambigua(s) e a unica justificacao que encontro para a ambiguidade e uma apego "clubistico" aos sindicatos sob a esfera de influencia do PCP e um ressentimento que a iniciativa politica nao pertence neste caso especifico ao PCP.
E para mim tambem lamentavel ver um sindicato na esfera do PCP fazer o papel "sindicatos porreiracos" habitualmente reservado a UGT...
Ora o PCP deveria acarinhar todos os aliados que possa arranjar, como o Joao Rodrigues ja aqui escreveu noutros contextos: "clareza estrategica e flexibilidade tactica" tem de ser o lema da parte mais fraca nesta guerra de classes.

Lowlander disse...

As criticas do JMC sao muito pertinentes.
O amigo anonimo faria melhor em concentrar a sua retorica nos verdadeiros atrasados mentais que poluem estas caixas de comentarios - para ser claro refiro-me especificamente aos inerraveis "Jose" e "Pedro Aonio Marco Pimentel (...)".

Escusado sera dizer que subscrevo quase tudo do que o JMC escreve. Creio que neste caso em especifico, a posicao do PCP e por arrasto a posicao assumida neste post do Joao Ramos de Almeida, contribuidor deste blog geralmente muito claro e luminoso nos textos que publica, esta(s) posicoes dizia, e(sao) lamentavelmente ambigua(s) e a unica justificacao que encontro para a ambiguidade e uma apego "clubistico" aos sindicatos sob a esfera de influencia do PCP e um ressentimento que a iniciativa politica nao pertence neste caso especifico ao PCP.
E para mim tambem lamentavel ver um sindicato na esfera do PCP fazer o papel "sindicatos porreiracos" habitualmente reservado a UGT...
Ora o PCP deveria acarinhar todos os aliados que possa arranjar, como o Joao Rodrigues ja aqui escreveu noutros contextos: "clareza estrategica e flexibilidade tactica" tem de ser o lema da parte mais fraca nesta guerra de classes.

Anónimo disse...

João Ramos de Almeida
Não tenho recomendações de leitura a fazer-lhe. Você saberá encontrá-las por si. Deixo-lhe uma recomendação genérica para sua reflexão: pense um pouco no facto de durante 20 anos os sindicatos da FECTRANS/CGTP (representantes dos trabalhadores motoristas de mercadorias e de matérias perigosas) não terem tido capacidade para obrigar o patronato a negociar um novo CCT; terem acabado por negociar no fim de 2018 um CCT de merda (que o patronato nem cumpria); e um pequeno sindicato (constituído por trabalhadores que não se sentiam representados por tais sindicatos) ter tido a “ousadia” de romper com a paz pôdre dos cemitérios do sindicalismo de conciliação de classes e de frete ao patronato e com isso ter posto a nu os interesses defendidos pelo Governo “apoiado à esquerda” (como você diz) e os partidos apoiantes.
Como dizia um outro há muitos anos “Portugal não é um país pobre”. De facto, Portugal é apenas um país de trabalhadores pobres. E isto, de algum modo, é também revelador do sindicalismo de frete que temos tido.
JMC

Anónimo disse...

Gosto dessa
Clareza estratégica e flexibilidade táctica
E por isso aplaudo, não sendo pc, a posição desse partido
G

João Fraga de Oliveira disse...

“Coerência” ...
O jornalismo de trabalho e o trabalho de jornalismo
https://www.publico.pt/2017/01/05/sociedade/opiniao/o-trabalho-de-jornalismo-e-o-jornalismo-do-trabalho-1757197 ou https://pt.mondediplo.com/spip.php?article1159