segunda-feira, 1 de abril de 2019

O elogio da troika onde não era suposto

Acabei de ler neste documento do governo que a economia portuguesa continua a ter constrangimentos à melhoria da produtividade, “apesar de algum progresso verificado nos anos mais recentes, na sequência de um conjunto de reformas implementadas no âmbito do Programa de Assistência Económica e Financeira”.

Li o documento todo à procura de dados ou estudos que apresentassem evidências claras da relação entre as "reformas" adoptadas no tempo da troika e o desempenho económico actual. Não encontrei.

Compreende-se que as instituições da troika e os membros e apoiantes do governo anterior insistam na ideia mítica de que a política de austeridade e a desestruturação das regras laborais são responsáveis pelo actual desempenho da economia portuguesa. É a forma de tentarem legitimar o que andaram a fazer ao país.

Que essa tese seja subscrita por um organismo conjunto do Ministério das Finanças e do Ministério da Economia do actual governo - ainda por cima iludindo o facto de muitas das reformas referidas (na educação, na modernização administrativa, na segurança social, na inovação, etc.) terem sido introduzidas antes da troika - não compreendo.

Este 1º Relatório do Conselho para a Produtividade é um documento estranho. Alterna passagens de análise económica rigorosa e sofisticada, com passagens que não são mais do que puro preconceito. Não deixa de ser uma boa iniciativa. Só espero que a segunda edição aprofunde o que é bom e deixe cair o resto.

1 comentário:

Jose disse...

«o que andaram a fazer ao país»

Alguma relação com o Programa de Assistência Económica e Financeira negociado pelo governo do PS (Sócrates)?