terça-feira, 12 de março de 2019

11 de Março de 1975, um passado cheio de agora

"Em última análise, foi a percepção do poder incomensurável do sector financeiro e dos riscos da sua má utilização por interesses particulares que levou à nacionalização da banca em 1975 e à sua inscrição como trave-mestra do regime pela generalidade dos partidos com representação parlamentar.

Entre 1975 e 1989 a banca nacionalizada foi um instrumento decisivo para ajudar os governos a lidar com a sucessão de crises que o país enfrentou. Por contraste, a reconstituição dos grupos monopolistas assentes no poder bancário, que teve lugar nos últimos 30 anos, surge hoje mais como uma fonte de problemas do que de soluções.

Não devemos pois surpreender-nos que a possibilidade da renacionalização da banca volte a ser tema de discussão. Mesmo que as posições de alguns partidos sobre o tema se tenham alterado radicalmente desde então."

Excerto do meu texto de hoje no DN.

5 comentários:

Anónimo disse...

Nacionalizar o quê ? Prejuízos e dívidas incobráveis.
Enquanto os economistas de esquerda ou os economistas sérios não disserem ás pessoas que a economia bancária / financeira se baseia em confiança e que nada é seguro vocês não terão qualquer hipótese. As pessoas foram novamente anestesiadas, pensam sempre que não lhes tocará a elas e é esse sentimento da falsa segurança que faz o actual sistema (que não é capitalismo - no capitalismo as empresas vão á falência) sobreviver. Nem 1% de nós em Portugal tem verdadeira consciência de como o sistema está montado e tem vindo a ser aperfeiçoado inclusivamente sob a capa de medidas neutras, a ultíma das quais é facto de os bancos terem de comunicar quem tem mais de 50 mil euros no banco ao fisco o que é metade da garantia que o Banco de Portugal dá em relação a depósitos, não acham isso estranho...?
A economia reside em bens palpáveis / duradouros não em bits fabricados no computador, a economia de casino é que reside em bits, já nem acções ou titulos fisicos existem, é tudo bits sujeito a desaparecer de um momento para o outro.
O caminho é o controlo como já fazem na China, cá e noutros lugares o controlo tende
a ser o mesmo mas por outros meios nomeadamente cercear os mais fracos de qualquer forma de resistência ainda que passiva.
Esqueçam a economia como sendo uma área mutável mediante os interesses dos povos / Nações, estudem-na como ela agora é um dos mecanismos de controlo dos povos / Nações.

WW

Jaime Santos disse...

Olhando para a forma criminosa como o setor público ou o privado geriram a banca nos últimos 30-40 anos, eu diria que venha o diabo e escolha. Não é de admirar que fora a CGD e o Montepio, os restantes bancos estejam todos nas mãos de estrangeiros. Se eles trouxerem alguma competência à sua gestão, são muito bem vindos.

O problema, Ricardo Paes Mamede, não é, parece-me, um de ideologia mas sim de manifesta incompetência, quando não de total falta de ética. E a ser assim, não há linha política que resista...

Anónimo disse...

Este crime continuado de todas as administrações bancárias, nacionais e internacionais de gerirem com dano público e privado, porque também afetam os acionistas,já criou e vai acentuar a descrença total no modelo de gestão que vigora. Estas coisas demoram, mas acabam por ser inexoráveis. Quem é que há 10/12 anos não acreditava nos bancos, nos banqueiros e em todo essa corporação de gestores que agora verificamos com clareza que é no geral é corrupta, bafienta e não tem moral, muito menos atua éticamente? Muito poucos.

Agora quase ninguém já pensa assim. Só que muitos ainda acham que o problema está nas pessoas. Está de facto nas pessoas até porque estão intelectual e pessoalmente comprometidos com o modelo de gestão que assenta na maximização do lucro a todo o custo, mesmo da moral e da ética. Mas está fundamentalmente no paradigma da gestão bancária que assenta na referida maximização do lucro, no risco máximo, na especulação e no favorecimento de alguns, mesmo aqueles que não têm suficientes provas de eficiência nos negócios, em desfavor dos inovadores, das médias e pequenas empresas fiáveis, isto é do interesse geral e comum.

Falta dar esse passo de a maioria da população compreender que uma banca privada, pela sua própria natureza, não visa o interesse comum, para que aconteça o que RPM prevê de se discutir seriamente a propriedade dos bancos.

13.03.2019

Anónimo disse...

O Jaime Santos que enumere aí uns bancos internacionais ou só nacionais mas estrangeiros que não caiam de um dia para o outro se os estados lhes retirarem as vigas que os sustentam.
Incompetência e falta de ética foi como foi visto pelo cidadão normal há 10 anos hoje já é visto por muitos e felizmente cada vez mais como dolo.

WW

Jose disse...

Num país em que as empresas podem - com plena impunidade dos seus gestores - apresentarem-se à falência sem limite de capitais negativos nos balanços, e as falências podem durar anos a esgotarem-se em obsolescência e despesas, saber o que sejam créditos credíveis é matéria de adivinhação.

E para adivinhações temos uma muito sortida e abundante dotação de treteiros.