quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019

Branqueamento ideológico

Público, 27/2/2019
Deixem-me ver se eu entendo a notícia.

Em vez de criar mecanismos que disciplinassem os mercados financeiros, a Comissão Europeia deixou-os à solta e, ao mesmo tempo, pressionou o governo português - e de outros países - a receber um empréstimo da troica que elevou a dívida pública para níveis incomportáveis face aos níveis de crescimento económico e à luz do Tratado Orçamental. E aplicou um programa fortemente ideológico que afundou a economia, criou uma maré de desempregados (25% da população activa), uma emigração histórica e destruição de empresas. Criou uma situação de crédito malparado como nunca se vira antes. Afectou a banca nacional, fragilizando-a ainda mais.

E para quê? Para pagar os investimentos feitos pelos bancos franceses e alemães em tíulos portugueses e livrar essa banca de perdas possíveis. E aproveitar a boleia para aplicar um programa ideológico que se demonstrou desastroso.

E agora temos uma situação desequilibrada? Na realidade, trata-se antes de mais um branqueamento das políticas seguidas falhadas que se pretende reformatar e replicar, em mais políticas falhadas, seguindo a mesma receita. 

Nada aprendem! E fazem de nós parvos.

11 comentários:

Geringonço disse...

Mentalizem-se, enquanto não acabarmos com a eurocracia, a eurocracia vai continuar a dar cabo de nós...

A "União Europeia" está, inequivocamente, a caminhar para uma distopia!

Até o europeísta Varoufakis admite isto....

Jose disse...

Fazem dw nós parvos? Inadmissível.

Já se fizessem de nós 'os que se armam em parvos' seria muito justo.

Unknown disse...

Ter uma dívida pública demasiado elevada é um desequilíbrio não desejável. Desejável seria termos uma dívida pública na casa dos 60%.Se a isso adicionarmos o endividamento privado, então piorou.
Mas promover o poder de compra dos trabalhadores,e o desenvolvimento económico sustentável é estarmos no bom caminho, ao contrário do que se passava com as imposições da TROIKA.

João Ramos de Almeida disse...

Caro José,

Talvez a última frase me tenha saído muito a quente. Mas não creio que a sua o tenha sido menos. Ao menos, a minha era o corolário de uma ideia, a sua apenas deixa subjacente precisamente a ideia ventilada para justificar tudo o que nos foi imposto e - repita-se mil vezes! - não funcionou!

Jose disse...

Caro João,

Admito que haverá influência da temperatura.

Agora, a frio, estou inclinado a dar-lhe razão. A confirmar-se que após anos de ajudas de miles de milhões o resultado final for 'não funcionou' - somos mesmo parvos!

S.T. disse...

Há uma palavra que resume e define a actuação das diversas instâncias da EU desde o deflagrar da crise.

E essa palavra é húbris

https://pt.wikipedia.org/wiki/H%C3%BAbris

S.T.

Anónimo disse...

Realmente por essa União Europeia vai-se percebendo que aqueles inúmeros burocratas e funcionários, em roda livre, sem controlo, não conseguiram construir lá grande coisa. Apenas agradaram aos mandões o que já é um mérito, mesmo que discutível.

Quando estiver mais generalizada, na opinão pública, a verdade sobre o que é e como está esta União Europeia provavelmente -além, quiçá, de se incriminarem algums bodes espiatórios- será tarde para muitos. Surgirá a monumental questão "e agora?". Ao longo dos tempos foram criadas dependências muito pouco ordeiras, consequentemente nada fáceis de re-ordeirar.

O Reino Unido nunca esteve completamente "dentro" de esta UE. Agora está de saída. Saída que se anuncia cada vez mais como pouco ordeira, na prespectiva dos inconformados donos da UE.
Em Bruxelas tenta-se evitar o inevitável. Óbviamente ninguém gosta de perder um seu tão bom negócio....

Seguir-se-ão outras saídas, provavelmente ainda menos ordeiras?. Saídas em grupos?. Tão incontroladas como as "entradas"?. Provavelmente. Haverá baleerias para todos?.

E depois?. Tudo dependerá dos braços em quem o poder irá cair e cuja missão será, sem dúvida: "enterrar os mortos, cuidar dos vivos" e perdurar no poder.
Que o digam os lesados do BES, ou do Novo Benco, ou do pouco insosso cavalheiro, ou do BdP, ou lá quem for.

Anónimo disse...

Mas o camarada ST ainda não aprendeu a fazer hiperligações, passados tantos meses.

https://pt.wikipedia.org/wiki/Hiperliga%C3%A7%C3%A3o

Anónimo disse...

ST, para si, queira por favor ver este vídeo

https://www.youtube.com/watch?time_continue=3&v=7uFPhx5WJMo

S.T. disse...

Ainda não recebemos cá o cheque (só!) referente às compensações pelos prejuízos que a EU nos causa.

Recorde-se que o valor (anual) do cheque deve ser cerca de 10% do PIB do estado português. Para Uma EU tão rica isto são trocos.

Tudo o que seja menos do que isso é "dar uma chouriça a quem lhes dá um porco".

S.T.

S.T. disse...

Ora bolas, falta o link!

https://braveneweurope.com/the-european-illusion-why-we-need-new-strategies-towards-the-eu-and-beyond-by-attac-austria

Para hoje uma perspectiva diferente com que não concordo inteiramente mas que ainda assim merece ser considerada.

S.T.