quarta-feira, 8 de março de 2017

Sem amos


Em articulação com as organizações políticas e sindicais de classe do proletariado dos seus respectivos países, as mulheres socialistas de todos os países devem assinalar anualmente o Dia da Mulher, com o propósito principal de obter o direito de voto. Esta reivindicação deve ser conjugada com a questão da mulher na sua totalidade, de acordo com os preceitos socialistas. O Dia da Mulher deve ter uma natureza internacional e deve ser cuidadosamente preparado.

Luise Zietz, socialista alemã, dando voz à proposta de um dia internacional na conferência das mulheres socialistas da Segunda Internacional, em 1910. Nas suas origens socialistas, este dia é de lutas de classes, no plural, como sugere a boa história intelectual; lutas das mulheres trabalhadoras pelos direitos possíveis no capitalismo e pelos direitos para lá dele.

Há cem anos, no dia internacional da mulher, a 23 de fevereiro de 1917, segundo o calendário juliano então ainda em vigor na Rússia, as operárias têxteis de Petrogrado mobilizam-se em protesto contra as duras condições de vida e começa a queda do Czarismo, acelerando a história, naquela que foi talvez a mais importante greve de sempre, seguindo aqui outra boa resenha publicada na Jacobin, uma das melhores publicações socialistas da actualidade.

Hoje, num país a ocidente, a miséria intelectual e política que ainda marca estes tempos está bem à vista, simbolicamente, por exemplo, na forma como poder municipal da cidade onde vivo, Coimbra, decide assinalar este dia, num exercício tão desmiolado quanto desmemoriado, como oportunamente denuncia Pedro Rodrigues.

9 comentários:

Anónimo disse...

A memória como fonte do saber e de intervenção social. Também inevitavelmente na luta por outras condições de vida e por um outro modelo social

Muito bom post. E uma grande denúncia de Pedro Rodrigues que é obrigatório ler

Anónimo disse...

A 8 de Março de 1917 (23 de Fevereiro no calendário antigo) as mulheres da industria têxtil de São Petersburgo desencadeiam uma greve que coincide com a manifestação de 8 de Março do Dia da Mulher (na foto), manifestação que é um ponto de viragem da contestação popular ao Czar da Russia.

Ao contrário do que era habitual a policia recusou disparar sobre as manifestantes, no dia seguinte o numero de grevistas na área sobe de cerca de 70 mil para mais de 150 mil, as manifestações sucedem-se, 5 dias depois o Czar da Russia é derrubado (Revolução de Fevereiro), e 8 meses mais tarde os bolcheviques iniciam a Grande Revolução de Outubro de que este ano comemoramos o 100º aniversário.
(Eduardo Brissos)

Jose disse...

«a questão da na sua totalidade, de acordo com os preceitos socialistas.»
A CMC não está a par desses preceitos, que seguramente não incluem a zumba.não devia

Esta ideia que as 'lutas' vão todas dar ao socialismo é coisa de gajo e pelo menos hoje não devia ser enunciada.

Anónimo disse...

Não devia pois não?

Já que "a questão da na sua totalidade" não se referir agora nem ao Núncio nem a Maria Luís Albuquerque, pode o das 22 e 11 fazer entrar, galhofeiro, a zumba. É ele e a CMC.
Que diacho, há que estimular as glândulas salivares dos paleolíticos machistas e impotentes marialvas

Já quanto às "lutas"...aí percebe-se um franco mau-estar. Não só porque o modo submisso é o pregado pelo sujeito das 22 e 11, submisso como ele é ao Capital, como também porque lhe dão muitos frenicoques quando se lembra de lutas poderosas, que o apanharam com as calças na mão...como em Abril de 74.

Quanto às lutas serem coisa de machos...ainda deve estar a digerir o exemplo das operárias têxteis de Petrogrado.

Pelos vistos a estimulação das glândulas salivares dos paleolíticos machistas e impotentes marialvas não é suficiente para se comportarem de modo decente

Anónimo disse...


Sem amos
Nos dias que correm, quando as perdas de valores sociais e políticos estão em queda livre, torna-se um «elixir de vida» festejar e lutar no dia internacional da mulher. Todavia não se deve usá-lo como um qualquer ritual para descargo de consciências colectivas ou individuais…
A meu ver, não esta´ certo o que a C.M. Coimbra fez e no entanto constata-se que não esta´ só.
Cabe a´ esquerda definir os parâmetros do próximo Dia Internacional da Mulher em Portugal. Porque este e´ o dia de mais de metade da população portuguesa, a responsabilidade se torna maior para as instituições democráticas eleitas por sufrágio universal.
Claramente, foi, e´ uma opção de classe – foram as mulheres trabalhadoras - nas fábricas e nos campos que se sublevaram e sacrificaram por melhores dias. de Adelino Silva

Jose disse...

Jessica,
Bem sei que és uma excepção mas as lutas das mulheres não vão ter ao socialismo, o que só abona a favor das mulheres.

Anónimo disse...

Inquieto volta herr jose mais a sua "Jessica.". Um seu alter-ego ou reminescências de madame Cuca?

Não interessa, embora seja notória a inquietação encrespada. Comprovada pela sua afirmação apatetada sobre o destino da luta das mulheres mais o seu abono em seu pretenso favor

Ainda não consegue engolir a luta das oeprárias textéis há 100 anos.

Percebe-se porquê

Unknown disse...

No país das amplas liberdades socialistas onde a miseria de todos foi a herança o putin que lá impera acha que as mulheres devem levar e calar. Tudo culpa dos capitalistas e neiliberais.

Anónimo disse...

Cristóvão

Por favor, o senhor tem idade suficiente para não dizer estas bojardas próprias dum ignorante das cavernas,

No país das "amplas liberdades"?

A Rússia? Então não sabe o que por lá se passou? E que quem lá governa são precisamente os capitalistas e onde o peso dos neoliberais é grande?

Tudo culpa mesmo do Capital . Que piorou não só as condições daquele país em geral, como da mulher em particular. E por arrasto, as nossas, neste ocidente

E quanto ao "amplas" faz lembrar um ressabiado menor a tentar escarafunchar nas suas particulares frustrações.
Por isso mesmo "amplas só mesmo se referentes a esta indigência que teima em escancarar.