segunda-feira, 2 de maio de 2016

Sem muros


A economia moral de Karl Polanyi parte do reconhecimento de que as instituições que organizam o processo de provisão dos bens necessários à vida, a economia substantiva, sendo “emanações de sentido e de propósito humanos” e tendo, ao mesmo tempo, fortes influências naquilo que os indivíduos vão poder ser e fazer, nos seus hábitos, no seu carácter, nunca podem ser neutras, quer nos seus efeitos, quer no necessário trabalho ideológico envolvido na sua justificação, ao contrário do que certas correntes liberais gostam de afirmar. A economia moral de Polanyi chama-nos a atenção, por exemplo, para o problema central da hipótese da prevalência do egoísmo racional, presente no esforço para generalizar e naturalizar mercados e incentivos pecuniários sempre desiguais: não é tanto ela ser verdadeira, já que os indivíduos tendem a exibir um repertório motivacional diverso, em que a generosidade nunca está ausente, embora possa ser invisibilizada, mas sim poder tornar-se cada vez mais verdadeira, por persuasão visível e invisível, e desse modo minar os valores e práticas não-mercantis de que os próprios mercados funcionais, na realidade, não prescindem.

Excerto de um curto texto sobre Karl Polanyi, que escrevi há uns anos e que recuperarei para uma apresentação em mais um ciclo, organizado pelo Colectivo Economia Sem Muros, na Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa.

6 comentários:

Jose disse...

A economia moral esteve na base das doutrinas liberais.
Foi preciso chegar o marxismo-leninismo para tudo reduzir à sordidez materialista, que adorna um discurso sempre presente no LdB.

Anónimo disse...

Sórdido comentário a mostrar duas coisas: que não percebe o que lè...a ileteracia a mostrar do que é feita a extrema-direita em Portugal....e não sabe o que diz

Sórdido comentário duma sórdida coisa. Adornado do discurso da ordem da Ordem Velha

José Cruz disse...

A moral das economias liberais é uma farsa, travestida de liberdade de escolha entre a fome e a morte, para quem não disponha de estatuto, provento ou legado que o classifiquem como homem (ou mulher) de moral e bons costumes e uma mentira redutora que oculta o fim último do lucro,da acumulação de capital e património, como a religião a quem serve.

Anónimo disse...

Quem , referindo-se aos que não concordam com o seu trajecto ideológico, faz este tipo de afirmações:
"Às bestas serve-se a força bruta se forem insensíveis a outros meios"
está a papaguear a sórdida moral materialista do cacete e da porrada, que adorna o discurso e a acção dos extremistas de direita?
A resposta é sim

Jose disse...

Destruir todo o aparelho moral do capitalismo foi e é o esforço do marxismo-leninismo, que reduz toda a moral às aberrações pseudo científicas de um qualquer 'homem novo' totalitário e abjecto.
Mas há que reconhecer que vem contribuindo para a construção de um capitalismo amoralizado, mais próximo do que lhe atribuem ser, e para essa regressão moral há que reconhecer o contributo dos treteiros de esquerda e dos governos que fazem eleger.

Anónimo disse...

-Aparelho moral do capitalismo?
Mas o que é isto?

-Alterações pseudo-científicas de um qualquer homem-novo?
Mas que é isto?

-Contribuindo para a construção de um capitalismo amoralizado?
Isto não é preciso perguntar o que é isto.Isto é a prova concreta da falência ideológico-argumentativa. Já nem sequer os têm no sítio para assumir o que são e para assumir esta sociedade venal , podre e corrupta em que o lucro acima de todas as coisas e a desumanidade são os padrões dominantes. Ainda nos lembramos dos berros de ódio contra quem trabalha e vive do seu salário, contra os funcionários públicos, contra os sindicalistas, contra os que não obedecem a o padrão formatado dos ideólogos neoliberais, contra quem ousa dizer Não

Agora quer que nos calemos perante a podridão e o cheiro fétido que emana deste tipo de sociedade? Mas era o que mais faltava. As coisas têm que mudar e mudar para melhor.
Regressão moral é a que nos conduz este tipo de sociedade.Tal como o confirma quem aí em cima instiga ao tratamento pela força bruta a aplicar aos demais.