terça-feira, 5 de agosto de 2014

Dúvidas sobre o BES

Se percebi o novo balanço do BES (“banco mau”), este ficará com activos considerados tóxicos que serão compensados pelo capital dos accionistas, credores com dívida subordinada e depósitos dos seus grandes accionistas. Fica uma dúvida: se os valores destes últimos não chegarem, quem vai tapar o buraco?

No balanço do “Novo Banco” ficam os credores seniores, os restantes depositantes e o novo capital vindo do fundo de resolução. Ou seja, antes de reembolsar o fundo de resolução pelo seu capital, os credores dívida sénior (muita dela garantida pelo Estado) terão prioridade nas receitas de uma futura liquidação do “Novo Banco”, certo? Vale a pena lembrar que o BES nas suas operações quotidianas era ainda um banco com prejuízo. Estes 4 900 milhões não só podem ser curtos, como dificilmente reembolsáveis. 

Finalmente, imagino que os empréstimos do BCE ao “Novo Banco” tenham super-senioridade, certo?

Para melhor ilustrar as minhas dúvidas, fiz um boneco tosco com o que penso ser o balanço (obviamente simplificado) dos dois bancos.

9 comentários:

Anónimo disse...

Eu tenho alguma esperanca que havendo novos problemas com bancos (o tal sistema), que tenham lugar o mais depressa possivel, de forma a que o crash de 2008 nao tenha ja sido esquecida. So assim vejo meio de haver solucoes que nao sejam apenas e simplesmente bail-out pago pelo Ze.

Mário Estevam disse...

o novo banco é um banco zombie, sem marca, sem estratégia e com prazo de vida de 6 meses...

em 6 meses ficará sem clientes pois estes vão saindo de fininnho, apesar da garantia do estado.

um novo banco não interessa a ninguém, se a operação em portugual fosse lucrativa já os ctt tinha posto a sua licença bancária a funcionar.

Jose disse...

Se o pessoal do Novo Banco vale nada, emtão o banco nada vale.
Se vale alguma coisa e a administração não atrapalhar, o banco vai ter compradores.

Unknown disse...

Viva Nuno,

Os T's simplificados parecem-me bem feitos mas a leitura não é bem essa, no que toca ao banco mau. O capital do banco mau (no esquema, os accionistas) vale a diferença entre (i) o que se conseguir realizar com a liquidação dos activos tóxicos e (ii) o passivo, ou seja os depósitos mais a dívida subordinada. Só no caso de essa diferença ser positiva é que os accionistas receberão alguma coisa. Se, no limite, os activos tóxicos valerem zero, ninguém recebe nada. O "buraco" seria, nessa circunstância, custeado por estas três categorias de credores (depositantes accionistas, subordinados e accionistas). Abraço

Anónimo disse...

o que podem ser na pratica os chamados activos toxicos?
e os activos não toxicos da familia ES espalhados pelos offshores do mundo para que balanço vão?

Anónimo disse...

Por essas e por outras é que guardo o dinheiro fruto do meu trabalho debaixo do colchão!!!! Não quero nada com bancos nem com gatunos!!!!

Anónimo disse...

Pois claro que o banco vai ter compradores.
Então não vai?
Lembram-se do BPN? O buraco do BPN está entre 5 mil e 8 mil milhões de euros pagos pelo contribuinte. O banco claro que também teve compradores.Foi vendido a um privado por 40 milhões de euros.
É fazer as contas e começar a chamar as coisas pelo nome

De

Anónimo disse...

Veja-se esta magnífica peça de Nuno Ramos de Almeida:

"Em Portugal tudo na mesma, continuamos a pagar os buracos e o roubo dos banqueiros. Está a chegar a hora de exigir o fim deste regime de políticos ligados a interesses privados
O primeiro-ministro frisou que os contribuintes não vão ser prejudicados com os custos dessa medida tomada em relação ao Banco Espírito Santo.

"Faremos tudo o que estiver ao nosso alcance para valorizar os activos do Novo Banco e para diminuir os encargos para os contribuintes portugueses, que serão muito menores do que aqueles que seriam se não tivesse sido feito nada", disse o primeiro-ministro.

Estas declarações parecem-lhes familiares? Estão descansados? Agora façam o favor de substituir BES e Novo Banco por BPN. E fiquem cientes de que são declarações do primeiro-ministro Sócrates em 2009, transcritas em notícia do site da TSF em 11 de Fevereiro desse ano."

(cont)

(De)

Anónimo disse...

"Recordemos então a sequência. O BPN tinha um buraco anunciado de 700 milhões de euros, o governo e o então governador do Banco de Portugal garantiram-nos que tudo estava sob controlo. No final, estamos ainda a descobrir o buraco do BPN. Está entre 5 mil e 8 mil milhões de euros pagos pelo contribuinte, e o banco foi vendido a um privado por 40 milhões de euros. Neste momento ninguém está preso, os inúmeros políticos e ministros que estiveram no BPN continuam a ser gente feliz e com dinheiro. Lembrem-se das simpáticas mais-valias das acções do SLN ganhas pelo actual ocupante de Belém. Em compensação, a maioria dos portugueses estão muito mais pobres. A crise portuguesa deu cabo da vida da população e continuou a enriquecer os muito ricos e os políticos que eles empregam.

Dizem-nos que o caso do BES é muito diferente dos casos BPN, BCP, BPP, Banif. O banco é sólido, dizem com voz poderosa. "O banco novo, Novo Banco, não vai custar um cêntimo aos contribuintes." O governador do Banco de Portugal, Carlos Costa, repetiu isso, várias vezes, na sua comunicação ao país na noite de domingo.

Voltem a recordar-se, foi o mesmo governador que garantiu ao longo deste ano a idoneidade bancária de Ricardo Salgado. Foi este mesmo governador que garantiu há menos de um mês que o BES era sólido. Foi o Presidente da República, Cavaco Silva, que disse, e Passos Coelho fez coro a 11 de Julho, que "os depositantes podem confiar no BES".

O que sabemos é que os contribuintes vão emprestar mais de 4400 milhões de euros, do empréstimo da troika que o Estado português garante com os nossos impostos, a um sindicato bancário que vai "sanear" o banco e vendê-lo a um privado. Pode garantir-se que não vamos pagar um centavo? Tanto como se podia garantir que o BPN não nos ia custar um cêntimo Se o BPN tivesse sido vendido por 8 mil milhões, em vez de 40 milhões, claro que os contribuintes não seriam penalizados. Mas pensem: na sexta feira o valor em bolsa do BES era 674 milhões de euros e agora querem convencer-nos que o vendem por mais de 4400 milhões de euros.

Por isso, é preciso apoiar as pessoas que não querem mais ser roubadas e que vão no próximo sábado às 15 horas para a frente do BES. Não há democracia com corrupção. É preciso acabar com este regime de banqueiros que usa quem trabalha e os reformados como porta- -moedas para salvar os amigos. Temos o direito a decidir que economia queremos: se para salvar os empregos se os banqueiros. E façam o favor de devolver o país - sequestrado por um regime de políticos que saltitam alegremente nos grupos financeiros privados - aos portugueses. Democracia significa o governo do povo, com o povo e para o povo, e não esta roubalheira."

Nuno Ramos de Almeida

(De)