segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Não há alternativas?

Para os que andam por aí a dizer que a esquerda não tem propostas tecnicamente fundamentadas sobre nada e coisa nenhuma, e nada é fundamentado para alguns enquanto não der resultados políticos convencionais, o trabalho que tem vindo a ser desenvolvido pelo colectivo intelectual da Iniciativa para uma Auditoria Cidadã à Dívida é de leitura indispensável: vejam, por exemplo, o anexo da sua carta aos deputados que acompanhou a petição.

Na minha modesta opinião, a qualidade do trabalho da IAC vê-se, entre outras dimensões, pelo que é para mim o teste do algodão em matérias de seriedade intelectual e de coragem política no campo da reestruturação da dívida por iniciativa dos devedores na zona euro: encarar o cenário da saída do euro como um dos resultados, no mínimo, do eventual enfrentamento com as instituições europeias. Quem não quiser encarar isto, tem sempre a alternativa: esperar sentado que algo aconteça entre Bruxelas e Frankfurt e, entretanto, fazer como diz Ulrich e aguentar, aguentar.

5 comentários:

José M. Sousa disse...

Esse trabalho tem que ser divulgado pelos bairros; os intelectuais têm que sair das universidades e virem falar com o povo sobre esses temas. Se ficam pelos 3D, pela aula magna e pelo parlamento esse trabalho sera quase o mesmo que nada. Desculpem o meu cepticismo, mas já andámos de movimento falhado em movimento falhado há muito tempo. Não admira que eles digam que não temos alternative; não é por não a termos, é porque as pessoas a desconhecem e eles sabem disso e tiram daí proveito!

menvp disse...

Fiscal das finanças, não... todavia, no entanto... ter uma palavra a dizer na forma como é gasto o dinheiro!...
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Lobbys pró-despesa/endividamento é algo que há por aí aos montes: políticos, sindicatos, construtores de autoestradas 'olha lá vem um', swaper's (e afins), etc.
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-» Qualquer cidadão não abdica, como é óbvio, de «ter uma palavra a dizer» na forma como é gasto o dinheiro do seu orçamento familiar!
---» Apesar de existirem por aí montes de lobbys sempre a acenar com maravilhosos investimentos (despesa/endividamento)... quem paga (vulgo contribuinte) - ainda por cima depois de já ter 'sido comido a torto e a direito' montes de vezes - não pode abdicar de «ter uma palavra a dizer» na forma como é gasto o dinheiro dos impostos!!!
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-» O REGABOFE NA DESPESA/ENDIVIDAMENTO TEM DE ACABAR!... Leia-se: os políticos e os lobbys pró-despesa/endividamento poderão discutir à vontade a utilização de dinheiros públicos... só que depois... a 'coisa' terá que passar pelo 'crivo' do contribuinte: leia-se, quem paga (vulgo contribuinte) deve possuir o Direito de defender-se!!!
-> De facto, deve existir o DIREITO AO VETO de quem paga!!! [blog 'fim-da-cidadania-infantil'].

Jose disse...

Durante séculos navegamos, comerciamos, assaltamos e conquistamos porque eramos pobres e queríamos ser independentes.
Agora vêm dizer-nos que basta deixar de pagar a dívida para recuperar a independência perdida para os credores, que após perderem o seu dinheiro vão de cara alegre pagar pelos nossos pouco concorrênciais produtos e financiar a nossa anémica economia?
Mudou o mundo?

R.B. NorTør disse...

Ponto prévio, arrisco dizer que o discurso do "não há alternativas" só passa porque não há comunicação alternativa que chegue ao coração do Cavaquistão...

Quanto ao pagar ou não, não é tanto uma questão de deixar de pagar dívidas, mas a de avaliar que parte dessa dívida corresponde a usura. O que os adeptos do pagar tudo a qualquer custo conscientemente, ou não, ignoram, é que há uma fracção da dívida manipulada.

Quanto ao deixarmos de pagar, tomemos por exemplo este desgoverno que nos governa: que se pode chamar ao perdão fiscal que concedeu a empresas, para lavarem mais branco o fruto das suas dívidas fiscais, senão uma renegociação da dívida? Como o Estado (todos nós) precisava de dinheiro, foram buscar o que podiam. Nesse sentido e no contexto actual, uma discussão no sentido de se fechar a torneira pode conduzir a uma redução da quantidade de água para encher o tanque. Não se trata de não pagar, mas de pagar aquilo que usufruímos, e retribuir a gentileza com aquilo que é razoável.

Como nas faculdades que nos deram estes excelsos governantes, ser o mau aluno acaba por ter os seus benefícios a longo prazo.

Anónimo disse...

Comentário roubado mas gostaria de colocar à vossa apreciação a seguinte analise :

" o que acaba de pôr é a IAC e que no meu entender cometeu um erro gravíssimo porque usou a expressão Iniciativa Auditoria Cidadão para depois irem à AR solicitar que oficializem a renegociação da dívida e que nomeiem uma entidade que acompanhe a renegociação. Ora esta expressão Iniciativa Auditoria Cidadão exige uma auditoria e não renegociação e é coordenada pelo cidadão não necessitando ser aprovada por nenhum órgão do Estado. Apresentam-se à sociedade com bom trabalho de recolha de informação e depois apunhalam o cidadão com essa atitude que tiveram há dias e que foram á televisão falar o que me leva a crer que se trata de mais um filtro do poder político para impedir a auditoria financeira ao Estado pois lembre-se que Portugal é o único país que não quer a auditoria ao Estado enquanto outros Países lutam pela auditoria. " ... Alguém tem alguma coisa a dizêr sobre isto?! :)