segunda-feira, 25 de maio de 2009

Negar a evidência (para reescrever a história?)

Vital Moreira continua a negar a evidência e quanto mais provas são coligidas em apoio da tese contrária à sua, mais insiste na negação. Refiro-me à muito reduzida distância ideológica entre o PS e o PSD, que Vital insiste em negar e classifica agora de “visão esquerdista – explorada pelo PCP e pelo BE – de que, sob a liderança de Sócrates, o PS se deslocou «para o centro», estreitando desse modo a distância para o PSD (PÚBLICO, 19/5/09)”. Efectivamente, já antes de Sócrates, vários estudos académicos comparativos (1989-2004), baseados quer em percepções dos eleitores sobre a localização dos partidos no eixo esquerda-direita, quer em inquéritos a especialistas (expert surveys), evidenciavam que a diferenciação ideológica entre o PS e o PSD era comparativamente muito baixa (eu próprio dei conta de um deles aqui: 16/2/09).

Entretanto, na era Sócrates, há várias indicações de aprofundamento dessa situação: por exemplo, a jornalista Helena Pereira evidenciou recentemente que o PSD (61 por cento) e o CDS (52 por cento), ao contrário da esquerda (BE e PCP: 44 e 38 por cento), aprovaram a maioria das “276 leis e iniciativas socialistas” apresentadas entre Março de 2005 e meados de Maio de 2009 (SOL, 16/5/09). Claro que há vários diplomas importantes que ficaram de fora, mas o que seria verdadeiramente dramático era se o conflito político (nomeadamente a diferenciação entre esquerda e direita, necessária à vitalidade da democracia) se esvaziasse em todos os temas…

Portanto, tem havido uma convergência preferencial e predominante entre o PS e os partidos à sua direita, cujo apoio não era aliás necessário tendo em conta a maioria absoluta.

Excerto do meu último artigo no Público, 25/5/2009: "Notas soltas"

7 comentários:

Dias disse...

Esta situação já está a tornar-se caricata.
O Bloco Central emperrou. A noiva não quer casar…
E de um momento para o outro, nova roupagem, outra linguagem.
Numa tentativa de diferenciação, Vital Moreira passou a atacar o seu ex-provavel-desejado(?) parceiro de coligação. Os termos neoliberal e reaccionário voltaram ao léxico. Mode oblige!

A memória é uma arma. Há pouco mais de dois anos o Compromisso Portugal dava o seu “agreement” às políticas deste governo...Para espanto de muita gente e mesmo para algumas hostes PSD.
(O “radicalismo da 3ª Via de Blair” estava a fazer escola…)
Mas esse tempo ACABOU; a oportunidade de mudança está mais perto!

Anónimo disse...

O que Vital Moreira faz(defender o indefensável e que está á vista de toda a gente, só não vê quem não quer ou não pode), não é mais do que a sua obrigação.
Pois então não acabou de lhe ser dado um lugar muito bem remunerado a que se vinha candidatando.!?
Digam lá se não valeu a pena defender o indefensável.!!!

O Puma disse...

Alegremente Vital

lá vão os dois

a esgravatar

umbigos

Anónimo disse...

O Amigo Socrates sabe muito bém quem escolhe.

Sombra não é compatível com protagonismo.

Já agora por causa da direita "versus" esqquerda, neste momento o PSD é mais partido de esquerda que o PS. Mas isto muda.

Miguel Fabiana disse...

Confesso que estou preocupado: o BE está tão focado em "ser governo" que muito provavelmente, depois das próximas eleições legislativas, quando tiver condições para deter pastas ministeriais, vai-se encontrar em uma de duas situações: moralizou, até lá, de tal forma as falhas do PS que é absurdo, para ambos, conseguirem encontrar pontes para um acordo de governação conjunto ou a única opção razoável de o BE participar num governo é num cenário (altamente improvável, para ser o mais politicamente correcto...) de maioria absoluta bloquista!

Estou preocupado porque este discurso do BE, está a criar em mim a sensação de que muito dificilmente o BE terá condições para assumir responsabilidades políticas efectivas e governativas, sobre as expectativas elevadas que está, actualmente, a criar junto do eleitorado!

Fico ainda mais preocupado com a perspectiva de que este discurso "moralista" do BE se torne numa espécie de populismo de esquerda!

Mas isto é só ... preocupação minha!

Abraço,
Miguel

João Dias disse...

Miguel:

Se as pessoas não quiserem que o Bloco seja governo, então o Bloco não será, não há que ter "medo" disso. Pessoalmente gostava que isso acontecesse, mas só com vontade popular clara nesse sentido, ou seja com uma maioria (relativa, não precisa de ser absoluta).

Não sei ao que se refere quando diz "moralista", mas se é sobre offshores, banca, corrupção...etc.
Então prefiro que acusem de o Bloco de ser moralista a optar pelo silêncio para perder o desagradável epíteto.

Miguel Fabiana disse...

João,

Vamos ver isto pela perspectiva do meu primeiro comentário, se não te importas que eu recentre a minha posição.

Se as pessoas quiserem que o Bloco seja governo, então o Bloco deverá ser governo; não devemos (Homens e Mulheres de Esquerda) temer (ter "medo") isso. Pessoalmente gostava que isso acontecesse, mas de acordo com a vontade popular clara nesse sentido, ou seja com uma maioria (relativa, não precisa de ser absoluta), ou em coligação com outros partidos de esquerda (pelos vistos e segundo as sondagens...seria com o PS).

Discurso "moralista", não são os temas lana-caprina (na perspectiva de que é fácil identificar as falhas, os erros e os crimes económico-socio-jurídico-éticos que se têm praticado na economia, na política, nas comunidades e no mundo nda finança) nem estava a pensar em offshores, banca, corrupção...etc (este "etc" inclui os 10 milhões que o Cadilhe recebeu por ter trabalhado na SLN/BPN menos de 1 ano, entre MUITOS outras "trapalhadas" e CRIMES).

Não estou preocupado com "perder o desagradável epíteto" e tenho a certeza que não fui mal entendido. Estou preocupado com a VONTADE POPULAR (leia-se "expressa em votos") e com a consequente RESPONSABILIDADE que isso implica: se o POVO quer o BE no Governo com o PS, demonstrando isso através de votos, é da responsabilidade do BE assumir essa VONTADE POPULAR a priori.

Não sou pelo silêncio nem pelo politicamente correcto, mas inequivocamente sou pela Responsabilidade Política implícita nos protestos, nas críticas e "de o Bloco de ser moralista" (as palavras são tuas).

Fiz-me entender ou necessitamos de "recentrar" este debate, mais uma vez?

Um Abraço Solidário!
Miguel