segunda-feira, 23 de abril de 2007

Liberalismo Intransigente (I)

Pedro Arroja tem a honra de ter sido um dos pioneiros do liberalismo mais extremo em Portugal. Desde há algum tempo tem vindo a defender a pesada herança da ditadura Salazarista. Contradição? Muito pelo contrário. Por detrás do liberalismo mais extremo, da defesa da liquidação total do Estado social ou do direito do trabalho, encontramos o mesmo autoritarismo. No fundo, os neoliberais sabem que tal projecto exige o fim da democracia e das liberdades. Já Hayek, uma das suas grandes referências, tinha, em 1981, viajado até ao Chile de Pinochet para declarar, numa entrevista a um diário governamental, que «a minha preferência pessoal inclina-se para uma ditadura liberal e não para um governo democrático de onde o liberalismo esteja ausente». Tudo em nome da liberdade claro. Liberdade para os que têm dinheiro. Muito dinheiro.

8 comentários:

Nuno Teles disse...

Não lhe bastava ser salazarista, agora deu em anti-semita (http://ablasfemia.blogspot.com/#titleof8193431448650106149)

A. Cabral disse...

O que e' que aconteceu aos comentarios do post em baixo?

Nuno Teles disse...

problema resolvido. não sei o que se passou. ainda estamos a aprender a andar nesta bicicleta

João Rodrigues disse...

De facto, parece que também é anti-semita. O que será que os seus colegas de blogue vão fazer? Onde é que eles traçam a linha?

NGC disse...

Caro João,porque é não nos dá a origem da sua citação sobre Hayek. Parece-me que o que Hayek disse foi bem diferente...

João Rodrigues disse...

Caro ngc,

Li pela primeira vez a citação no excelente livro de Thomas Coutrot, Democratie contre capitalisme. Retirei-a de http://deciamos-ayer.blogcindario.com/2005/12/00036-hayek-pinochet-y-algun-otro-mas.html. 1º parágrafo. Recomendo o artigo todo.

Em inglês a mesma citação tem umas ligeiras diferenças, mas o sentido é basicamente o mesmo: "Personally I prefer a liberal dictator to democratic government lacking liberalism". Pode encontrar a entrevista toda (na versão inglesa) em http://www.fahayek.org/index.php?option=com_content&task=view&id=121

NGC disse...

Caro João:

Deverá convir que a sua tradução livre da frase de Hayek deturpa-lhe totalmente o sentido. O que Hayek diz é que prefere uma ditadura liberal a uma democracia de onde o liberalismo esteja ausente. Hayek não faz da ditadura liberal a sua escolha óptima, o que está implicito na frase é uma escolha de second best ou até de third best. Mas já agora diga-me:
o João preferia uma democracia sem nenhumas garantias para os cidadãos individuais para além da vontade da maioria ou uma ditadura minoritária que assegurasse alguns desses direitos (liberdade de expressão, liberdade religiosa, direito a uma defesa justa em tribunal, direito à vida, etc...)?

João Rodrigues disse...

Caro ngc,

Peço-lhe desculpa expliquei-me mal. A minha tradução foi feita a partir do original em castelhano. A entrevista foi publicada em castelhano originalmente: "Mi preferencia personal se inclina a una dictadura liberal y no a un gobierno democrático donde todo liberalismo esté ausente". Ver http://deciamos-ayer.blogcindario.com/2005/12/00036-hayek-pinochet-y-algun-otro-mas.html

Esta citação diz-nos apenas que Hayek prefere uma ditadura «liberal» (como a de Pinochet) com liberalismo económico (propriedade privada e mercados sem direitos políticos ou liberdades civicas ou "checks and balances" a uma democracia em que o liberalismo económico seja posto em causa (caso de Allende). Sem nunca se referir aos personagens em concreto. O cúmulo da hipocrisia intelectual. Ao menos M. Friedman dizia ao que vinha. É verdade que se ler a entrevista toda poderá ver Hayek a dizer que é contra as ditaduras no longo prazo. Mas no curto elas podem dar jeito. Ou seja, sempre que os povos decidam contra os arranjos que Hayek preconiza. E já agora quanto é que dura o longo prazo...