sábado, 21 de novembro de 2020

Remake

Em Agosto de 1985, já em campanha eleitoral depois de ter rompido com o governo de bloco central (atirando para o PS as culpas do programa do FMI), Cavaco Silva discursa no Pontal: 

“Defendemos a iniciativa privada como motor do crescimento económico do país". É preciso "acabar com o Estado desperdício que paga salários a quem não trabalha, subsídios a empresas que não produzem, que gasta dinheiro com serviços sem utilidade e cobra impostos excessivos sobre os trabalhadores e operários para criar riqueza (...). Passados onze anos sobre a revolução de Abril, depois de muitos erros cometidos, é preciso governar de forma a que o Povo acredite nas virtualidades do regime democrático”. 

Dois meses antes, no congresso da Figueiras da Foz depois de ter ganho a presidência do PSD, Cavaco Silva tivera outra citação muito venturosa:

"Parece-me que já é tempo de dignificarmos a vida política neste país, onde o povo, passadas as justificadas esperanças dos primeiros tempos, olha à sua volta desiludido e se interroga: mas afinal que democracia é esta onde vemos imperar a corrupção, o compadrio, a injustiça social, onde os políticos parecem não saber discutir as suas divergências sem se insultarem?

E mais:

Direita-Esquerda são palavras para políticos velhos, sem qualquer significado na segunda parte da década de 80 e quando nos aproximamos do final do século

Aqueles que estiverem no poder nos últimos anos e não resolveram os problemas fundamentais do país, não têm perdão

E depois os insultos: 

O PSD é um partido  de rosto sem véu, ao contrário do PS que é uma miscelânia de esquerda laboral, nova esquerda, velha esquerda e monárquicos. Não é um partido político, é uma sopa de verduras.

Na verdade, a direita é a direita. Reformata-se sempre que direita cai. Nessa altura, Cavaco Silva era o candidato de Marcelo Rebelo de Sousa, José Miguel Júdice, Pedro Santana Lopes, entre outros.

3 comentários:

Anónimo disse...

A direita apoia-se em mentiras para se mostrar ao povo como campeão da economia.
40 anos depois do arranque do neoliberalismo no mundo (Reagan e Thatcher), o resultado das mentiras está à vista.
No entanto, a direita encontrou novas mentiras para continuar a mostrar-se como campeões da enconomia.
Aproveitando a omissão da esquerda dita democrática, que evita mencionar o assunto para não se comprometer, a direita continua a vender-se como o único caminho ("não há alternativa" dizia o outro...).
Se não fosse a pandemia, Trump teria ganho as eleições nos states.
Segundo o jornalista de investigação David Sirota (Jacobin Magazine), 82% dos eleitores americanos que consideram a economia o assunto mais importante da eleição, votaram Trump.
Ainda segundo Sirota, "(...) we could get something worse than Donald Trump.".

Jose disse...

A direita vive a perplexidade de verificar o sucesso económico da China, Vietnam e outras sociedades que invocam o socialismo ou coisa que se lhe assemelhe, e questiona-se se o que verdadeiramente ofende os ideólogos do socialismo que pululam por todo o universo ocidental, será o provável custo económico da preservação das liberdades cívicas.




JE disse...

Jose e.

Isso mesmo

Mais uma sua contribuição político-ideológica notável. Confessemos que um pouco impotente perante os factos.
E preocupado sobre o lugar onde irá colocar o custo económico das liberdades cívicas na sua estante, ao lado dos discursos do outro.

Sem sombra de dúvida algo pulula no universo de jose.E não pode, que raio. Então não estamos na coutada privilegiada do universo ocidental? Aquele que viu nascer Mussolini e Hitler, Franco e Salazar...e os Chega tão chegados ao peito do PSD