quarta-feira, 25 de novembro de 2020

Um pedido e uma lição simples


Por favor, parem de publicar notícias sobre as taxas de juro da dívida pública nacional, cuja taxa a dez anos se aproxima de zero e isto no quadro de uma dívida recorde, tendo por rubrica os chamados mercados, só aparentemente apolíticos: trata-se de um preço directa e inevitavelmente político. É em última, ou em alguns casos em primeira, instância determinado pelo banco central, qualquer que seja a sua escala. E isto é assim mesmo que a arquitectura do euro conspire sempre, de forma aliás cada vez mais difícil de disfarçar, para manter a ficção mercantil. Há razões políticas que só a razão de classe conhece.

A lição também é simples: endividamento na moeda emitida pelo banco central coloca os seus termos nas mãos do banco central, por acção ou omissão. Nós estamos nas mãos do BCE. Eu quero estar nas mãos do Ministério das Finanças a mandar no Banco de Portugal, banco emissor, ou seja, nas mãos da democracia. Tudo que nos afasta disto, coloca-nos perante um problema de política anti-democrática, como se viu na Grécia do oxi. Foi um momento histórico marcante, mas que tantos gostariam que se esquecesse, por tantas e tão contrastantes razões.

9 comentários:

Manuel Galvão disse...

"Banco de Portugal, banco emissor". Só contaram pra você! emissor só se for de escândalos!

Óscar Pereira disse...

«Nós estamos nas mãos do BCE. Eu quero estar nas mãos do Ministério das Finanças a mandar no Banco de Portugal, banco emissor, ou seja, nas mãos da democracia. Tudo que nos afasta disto, coloca-nos perante um problema de política anti-democrática, como se viu na Grécia do oxi.»

Na mouche. Pese embora as sobejamente conhecidas falhas dos sistemas democráticos, a democracia continua a ser, e de longe, a menos má das alternativas (como dizia penso que Churchill).

JE disse...

Banco de Portugal, banco emissor, banco de Portugal, banco emissor, banco de Portugal, banco emissor

Calcula-se que isto seja um escândalo para alguns.Aqui e na Holanda

Anónimo disse...

"em primeira, instância determinado pelo banco central, qualquer que seja a sua escala"
Qualquer que seja a sua escala?! A mesma ação, realizada pelo BCE em euros ou por um BP em escudos, teria o mesmo efeito? É indiferente a escala e o poder do banco central na eficácia das suas ações junto dos mercados financeiros?

Jaime Santos disse...

A Grécia do Oxi acabou a render-se à UE porque não tinha plano para sair do Euro. Não vale a pena travar-se batalhas para as quais não se tem armas. A pureza de princípios é muito bonita mas não coloca pão na boca de ninguém.

Ando à espera que o João Rodrigues e o PCP apresentem esse plano desde 2011 e se submetam a votos, como é próprio das democracias. Quero lá saber se os leninistas são Portugueses ou Europeus, quero é que me mostrem a cor das suas políticas...

Anónimo disse...

O regresso ao escudo tem duas vias: ou ordenado ou caótico.
PS e PSD resolveram enfiar a cabeça na areia e vamos ter o caótico um dia destes.
Lembram-se de quando os bancos fecharam e os multibancos foram desligados na Grécia, aí pelo ano 2012(salvo erro...)?
Foi quando a Grécia esteve para ser expulsa do euro e estava já a entrar no caos.

Anónimo disse...

Essa admiração pela escala do BCE vai de par com a admiração pela posição de cócoras perante quem decide é quem manda. Contra os nossos interesses
Já percebemos anónimo das 23 e 15

Anónimo disse...

A Grécia rendeu-se porque não tinha plano?
Maus uma mascarada. A Grécia rendeu-se porque houve quem traísse o resultado eleitoral. Assim com coisas como Jaime Santos que tentou convencer-nos que os ingleses deviam ter feito o mesmo

Jaime Santos quer lá saber Mas nós queremos mesmo saber. A linguagem da cobardia confunde-se com a linguagem anti-democrática

Anónimo disse...

"Essa admiração pela escala do BCE "
Não se trata de admirar ou deixar de admirar. Trata-se apenas de reconhecer que as medidas do BCE que garantem juros negativos a Portugal não teriam o mesmo impacto num "Escudo" se tomadas pelo BP. As mesmíssimas medidas.
Isso não significa que não devêssemos optar por ter um BP/"Escudo". Significa apenas que não podemos, como faz o post, fazer tábua rasa desta realidade na análise que é feita das vantagens e desvantagens.