quinta-feira, 26 de novembro de 2020

A realidade em tempos financeiros


Qualquer pessoa sensata sabe que os EUA estão enviesados a favor dos ricos e poderosos. Um estudo científico particularmente iluminador (...) quantifica este problema (...) Mostra que as mudanças de opinião entre os 1% mais ricos da população tornam a mudança política muito mais provável (...) Trump não foi a causa, mas antes um sintoma de um pêndulo que oscilou demasiado para a concentração de capital e para a corrupção da política e dos negócios. Tivemos décadas de mudanças legislativas, da política fiscal às regras de governo das empresas, que favoreceram o capital em detrimento do trabalho (...) Isto fez com que a economia política dos EUA se pareça hoje perigosamente com um oligopólio. Olhem para a forma como a Uber, Instacart, Lyft e outros grupos digitais triunfaram em relação à legislação laboral californiana, gastando 200 milhões de dólares para ganhar o referendo que isenta os trabalhadores destas empresas de benefícios sociais (...) Como Karl Marx observou, é só sob ameaça das massas que os donos dos meios de produção reconhecem os seus interesses comuns. A grandes empresas norte-americanas obtiveram o que queriam de Trump, ou seja, cortes de impostos e desregulação. Sabem que hoje já não há mais nada que possam obter dele.
 

Rana Foroohar, editora do Financial Times (minha tradução) 

De Joe Biden, a avaliar pelo seu percurso passado e pelas suas presentes nomeações de lobistas empresariais, temo bem que o grande capital possa continuar a obter o essencial, incluindo no plano internacional. Segundo uma sondagem, dois terços dos norte-americanos são a favor da travagem pelo senado de um tipo de nomeação que diz tudo sobre a conversão do capital em poder político. 

Entretanto, imaginem um jornal português, do Público ao Expresso, com considerações destas, mesmo que ocasionais, por parte dos seus editorialistas. A verdade é que a realidade tem hoje um enviesamento mais marxista. Isto salta por vezes à vista no jornal de referência da segura burguesia do centro, mesmo que as formas mais violentas desta realidade se manifestem tantas vezes nas periferias e semiperiferias. Aí, os jornais dos grupos dominantes e dirigentes, mais inseguros, têm de fazer um esforço adicional para tudo ofuscar.

7 comentários:

Jose disse...

As banalidades que são as tiradas marxistas acerca das lutas de interesses, são evidências que fazem a política funcionar pelo menos desde que se inventou a primeira ferramenta.

O que os marxistas têm por fundamental é assegurar que a corrupção vem dos corruptores e não dos corruptos.
E fazem-no por boas razões: têm o marxismo como instrumento essencial ao domínio da sociedade e, reservam-se as benesses de serem seus dirigentes políticos.
Desprezam a promoção dos valores individuais da honradez e do trabalho, preferindo quase universalizar o conceito de vítima. E sempre estão dispostos a acordos que os aproximem do poder.

Tudo é imputado ao 'sistema' seja o doutros ou o próprio, que esse sempre asseguraram estar 'a caminho de ser perfeito' por entre atrocidades e corrupção do mais elevado grau.

JE disse...

"As banalidades"

Este bebe das banalidades dos discursos claros e lúcidos do outro traste.

E depois vem com estes trejeitos.

Alguma coerência precisa-se


Mas há mais.

Parece que essa história das "lutas de interesses, são evidências que fazem a política funcionar pelo menos desde que se inventou a primeira ferramenta."

Regista-se com gozo o pavor que estas coisas têm do simples termo "classes"

E ei-los a refugiarem-se ao lado, nas "evidências" que poriam aquele traste do Salazar a dar pulos na tumba e, acobardados, a fazerem dissertação filosófica sobre a política e a ferramenta.

Não é só coerência que se precisa.É também honestidade

JE disse...

Há mais?

Há...

Diz jose:
"O que os marxistas têm por fundamental é assegurar que a corrupção vem dos corruptores e não dos corruptos."

A piroseira fundamental dum que diz que o fundamental é esta frase fundamental, fundamenta alimentar dúvidas sobre o estilo e o conteúdo do fundamentalista em causa

Falta-lhe algum amigo que o aconselhe de que estas cenas só como motivo de galhofa

Já o paleio sobre os corruptores e os corruptos é todo um programa ideológico de cumplicidade com a corrupção

Para além do óbvio ( os corruptores de ontem são os corruptos de hoje ou vice-versa), para além da realidade, (um Facilitador de Processos corruptor é de facto um Falicitador de Processos canalha e os seus esquemas sórdidos estão contemplados no direito nacional como crimes), o que ressalta é este levantar do dedozinho de jose em prol de coisas abjectas.

Identificar-se-á com os corruptores?

Passou a ter este paleio de branqueador dos trastes quando foi obrigado a calar-se com as suas odes de lambe-botas aos terratenentes banqueiros. A ameaça de prisão do outro obrigou-o a deixar os decibéis apologéticos. E a refugiar-se no "omo lava mais branco" para ver se limpa os dejectos destas coisas

A luta de classes, perdão de "interesses" tem destas coisas. Desnudam-se que nem numa sessão de striptease manhosa

JE disse...

Pelo que irremediavelmente quem profere esta benção urbi et orbi aos corruptores, tem como destino ver as suas tretas sobre "a promoção dos valores individuais da honradez e do trabalho" ser apontadas como um exemplo da hipocrisia repelente de beato chocho em desespero impotente

Por entre "atrocidades e corrupção do mais elevado grau". Como é norma entre os corruptores que se tornam corruptos e vice-versa. Ou mesmo só nos corruptores, que se amesendam à mesa e salivam como se fossem deuses na terra

Jose disse...

«a promoção dos valores individuais da honradez e do trabalho»

Silêncio...que tal embaraça a tralha marxista, até que chegue o apelo à 'emulação socialista' ao dia de trabalho pela nação, ao silêncio como tributo de fé.

JE disse...

Vejamos.

O único que defendeu alguma tralha aqui foi este jose.

A dos corruptores,como aqui explicitamente expresso

JE disse...

Apanhado na sua própria linguagem, desmascarado junto com a tralha que defende, encostado à parede como modelo que depois de branquear corruptores, ousa falar em valores como honradez e trabalho, jose revela mais alguma coisa

A pindiriquce de alguém que ainda está apoquentado por quem mandou para o esgoto da História a trampa dum regime de fantoches fascistóides?

É que depois de apanhado a benzer corruptores, agora saca do seu breviário, um tal "dia de trabalho" de que guarda tão memorável recordação.

Isto é a imagem dum traumatizado patológico ou a de alguém que tenta esconder os seus amantes, depois de ter sido apanhado a abençoá-los no leito?