segunda-feira, 17 de fevereiro de 2025

A cada crise, a tentação do federalismo europeu

Após meio século de transformações institucionais profundas, a resposta que muitos anseiam continua a ser a mesma: ainda maior transferência de poder para Bruxelas. Como se as alterações marginais que ainda se possam introduzir conseguissem fazer o que décadas de integração política, económica e financeira não fizeram.

Entretanto, a pulsão federalizadora continua sem responder às falhas na arquitectura económica da UE, que têm vindo a penalizar a coesão política dentro de cada país europeu e entre Estados. É reconhecido que as regras orçamentais da UE dificultam a resposta às crises económicas e conduzem ao sub-investimento público em todo o continente.

A crise da zona euro de 2010-2012 tornou claro o problema de submeter às mesmas regras economias nacionais com características tão distintas. Sobre aquele viés recessivo, ou a necessidade de reforçar a convergência entre capacidades produtivas de diferentes países e regiões, pouco ou nada nos dizem as soluções agora propostas.

A sua preocupação é alinhar cada vez mais as acções e recursos de cada Estado com as prioridades europeias, identificadas a partir das capitais dos países mais poderosos. Já seria altura de assumirmos que a UE não é nem nunca será o que os EUA ou a China são: nações de enormes dimensões, com populações razoavelmente homogéneas, ligadas pela mesma língua, história e instituições comuns de longa data. A tentativa de competir directamente com aquelas potências, forçando uma unidade política e cultural que não existe, seria a receita para o desastre.

O resto do meu texto pode ser lido no Público de hoje, em papel ou online.

2 comentários:

Anónimo disse...

Pode ser. De certa maneira a Europa não deixa de ser o que Metternich dizia de Itália, apenas uma expressão geográfica.

No que eu não acredito é que um pequeno país como o nosso tenha grande futuro fora de uma Europa unida, seja lá o que tal for.

Um pequeno país culturalmente atrasado há séculos, periférico, sem indústria (nunca ninguém conseguiu meter cá tal coisa), sem império colonial (andámos a sugar os outros 550 anos), sem universidades dignas desse nome, sem investigação científica, sem sequer força anímica intelectual, posso estar enganado, mas a miséria estava ou está à porta.

São Canhões? Sabem mesmo a manteiga... disse...

então a solução é a desagregação da ue após décadas de união? um euro mais ou menos forte que garante poder de compra a pensões e salários que não acontecia com o escudo deslizante