sábado, 29 de junho de 2024

Dramatizar

Roubado a Vítor S.

A desdramatização daquilo que é dramático é uma modalidade nacional. Escrever deve servir para o contrário: dramatizar problemas para que outros sintam a energia que é precisa para os resolver.

As crónicas de Carmo Afonso no Público muitas vezes valiam por uma frase, um parágrafo, que ia à essência das coisas. Guardei vários como este. 

As crónicas de Carmo Afonso muitas vezes valiam por conseguirmos ver uma pessoa a pensar, como se estivéssemos ao seu lado, na sua cabeça, em frente ao computador. 

As crónicas de Carmo Afonso muitas vezes valiam pela coragem rara de afrontar poderes estabelecidos, com nomes e tudo. 

As crónicas de Carmo Afonso muitas vezes valiam por nos dar vontade de responder, dado que as discordâncias entre camaradas, no melhor e mais amplo sentido, são as que permitem aprofundar uma ideia. 

Vou sentir falta das crónicas de Carmo Afonso. 

O Público tem muitas explicações a dar. Na sua ausência, ficamos por enquanto pela mais simples.

Adenda. Para substituir uma advogada firmemente ancorada à esquerda, o Público escolhe Pedro Adão e Silva, um sociólogo do centro-centro-centro-esquerda. João Miguel Tavares, liberal até dizer chega, alternará com um social-liberal. Assim se aprofunda a deriva para a direita na opinião.   

4 comentários:

Silva disse...

Era o que mais faltava, passar a vender o jornal por algo que as pessoas pagassem para ler! Não é assim que se administra um perdócio!

Anónimo disse...

Não, o Público não tem explicações a dar. Não gostaram, despediram.

E eu também não tenho explicações a dar. Não gosto do Público, não compro. Quando abro o site lá vem a proposta: só 1 euro ou coisa parecida por mês. Uma fortuna acima das minhas possibilidades.

Porquê? Porque não suporto a propaganda do Público. Não suporto o enviesamento intelectual de Teresa de Sousa, detesto a feira de João Miguel Tavares, não tenho paciência para as homilias de Manuel Carvalho, nem para a ideologia de direita de Maria João Marques.

Ah, e nem tentava ver o que Carmo Afonso escrevia. Bastava ver o título e seguia em frente.

Faço excepção para Pacheco Pereira e Guerreiro. Ainda assim, dispenso.

O Continente que pague a folha. Se quero notícias e análise tenho de ir ao google..ali o que há disso é só a Lusa e pouco mais. Já repararam como há notícias de última hora saídas direitinhas do Politico? Se eles vão ali eu também lá posso ir. Por acaso não vou. Cheira-me que também é uma banca de peixe mal cheiroso.

Anónimo disse...


É preciso explicar: não se tratou de um despedimento mas da não renovação de um (verdadeiro) contrato de prestação de serviços.
Se se tratasse de um contrato de trabalho e houvesse despedimento, o Público teria muito que explicar, mesmo não gostando. Especialmente ao tribunal de trabalho.
Já agora, quem é que dá explicações ao mesmo tempo que diz não ter explicações a dar?
E quem é que não gosta do que não lê? Sejam as crónicas da Carmo Afonso, o Politico ou o que for?

Anónimo disse...

Eu comprava o público nos dias da crónica da Carmo Afonso. Azar. Passo a ler o do café.