terça-feira, 16 de abril de 2024

Governar para as grandes empresas


Não há coincidências nesta economia política de total liberdade para o capital, graças à abolição de controlos de capitais indissociável da UE criada em Maastricht: o governo quer precisamente reduzir a taxa de IRC para a taxa mínima de 15% acordada internacionalmente, confirmando os efeitos perversos da convergência de mínimos neste contexto institucional. 

Governa-se incondicionalmente para as grandes empresas: aparentemente, só a EDP pode esperar ter logo uma borla de 250 milhões de euros, obviamente canalizada para o bolso dos acionistas. O “orleanista” Lobo Xavier tem razões para sorrir. O distinto fiscalista sempre defendeu esta corrida para o fundo em matéria de IRC. 

As coisas estão de tal forma que o marxismo mais elementar expõe os mecanismos básicos desta economia política de forma mais eficaz do que a sabedoria convencional supostamente sofisticada.

4 comentários:

Anónimo disse...

Portanto querem dar do dinheiro de todos 250 milhões aos mais ricos...a EDP tem de ser nacionalizada, presta um serviço essencial à comunidade e em regime de monopólio e já agora devíamos revisitar a privatização, o porquê de ter sido feita e de que forma foi feita.

Francisco disse...

Com o inevitável halo da inovação e da descoberta, lá foi anunciado, entre nós com discreto estertor, "Capitalism and Crises: How to Fix Them — a plea for radical change", da autoria de
Colin Mayer, que é prof. em Oxford. Da sucinta apresentação que vi, feita pelo seu autor, ficou-me aquela estranha sensação de fuga para a frente. Reconhecemos que o sistema tem os problemas de sempre, reconhecemos que conduz às inevitáveis disrupções, mas no final negamos que necessite de ser substituído: tudo se resume a umas reparações e ele aí está (Deus nos livre!), pronto para mais 500 anos. No fundo no fundo, isto anda mesmo tudo muito ligado.

L. Rodrigues disse...

Todo o "mercado" da energia é uma aberração. É preciso aberrações para o gerir, portanto.

Lowlander disse...

Francisco:
E um sintoma da forca hegemonica que o capitalismo detem no "senso comum" (senso comum de acordo com o conceito Gramsciano) que actualmente para a esmagadora maioria das pessoas e mais facil imaginar o fim do Mundo do que o fim do Capitalismo.