sábado, 21 de março de 2020

O peso das escolhas orçamentais

O Financial Times de hoje discute a capacidade de resposta à pandemia no Reino Unido. Um dos problemas é o legado de décadas de restrição do investimento público na saúde. “As políticas, assim como o financiamento reduzido, moldaram o serviço [NHS, o Serviço Nacional de Saúde britânico]. Durante décadas, cortou o número de camas hospitalares a um ritmo superior à maioria das restantes nações."

Um dos entrevistados no artigo lembra que o NHS tem operado "no fio da navalha" durante anos e que a sua capacidade é posta à prova todos os invernos devido aos surtos de gripe e outras doenças, sendo que "não é preciso muito para que o sistema enfrente dificuldades severas das quais tem cada vez mais dificuldade em recuperar".

Não é novidade que o Reino Unido tem atravessado um longo período de austeridade, marcado pela contenção da despesa pública e diminuição do peso do Estado. O NHS não escapou a esta tendência. Os últimos dez anos de governos Conservadores foram, neste sentido, uma "década perdida" e ajudam a explicar alguns dos problemas que o país enfrenta hoje. Sem surpresa, as escolhas orçamentais têm mesmo um grande impacto nas nossas vidas.

3 comentários:

Jose disse...

Ao quadro descrito só falta acrescentar que tudo foi um despropósito injustificável e que o SNS lá do sítio tinha que ter em permanência camas preparadas para uma qualquer pandemia.

Jose disse...

Recordo um tempo em que portugueses 'emigravam' para usufruir do SNS britânico!

Anónimo disse...

O professor Steve Keen explica as implicações económicas da pandemia de coronavirus:

https://www.youtube.com/watch?v=HE-44ngyYoA