terça-feira, 25 de fevereiro de 2020

Facebook não gosta que se fale de falhas do mercado

Resposta do Facebook quando se tenta partilhar o link referido na mensagem

Tentei partilhar no Facebook este post do Paulo Coimbra, mas veio "devolvido", com a mensagem que se pode ler na foto em cima.

Devo ter feito algum gesto mal malfeito ou que vá contra o algoritmo. Mas que tem muita piada, tem.

Teria muita piada se não fosse um assunto demasiado sério. As falhas do mercado são demasiado graves para serem deixadas ao seu critério: desigualdades agravadas, desregulação financeira, desarticulação do Estado como instrumento regulador e equilibrador na repartição do rendimento e na provisão universal de direitos, empobrecimento geral, alterações climáticas com risco de colocar em perigo o próprio planeta. Porque se trata, na verdade, de falhas do sistema

Foram demasiados anos de desvario.

Diria a seguir uma palavra, se ela não fosse o nome do verdadeiro contrasenso nacional, já que representa a ponta de lança moderna dos interesses mais desbragados do neoliberalismo, como forma de manter esses interesses no centro do poder.

11 comentários:

Geringonço disse...

Parece que Mark Zuckerberg meteu o Ladrões de Bicicletas na lista negra das Fake News...

Mário Reis disse...

O jaime santos também não.

Anónimo disse...

A palavra que falta no texto do post é censura.

Cacim Bado disse...

O face aprendeu com os habituais censores.

António disse...

Aconteceu-me o mesmo...

Jaime Santos disse...

Eu não me importo nada que se fale das falhas do mercado, Mário Reis :). O que me incomoda é que quem aqui o faz depois cante loas a sistemas alternativos que são cem vezes piores que o dito mercado.

Lembre-se que o João Ramos de Almeida veio falar de 'socialismo real' aqui há muito pouco tempo. Ora esta palavra tem uma conotação bem carregada, refere-se aos sistemas que vigoravam no antigo Bloco de Leste. Não exactamente o exemplo mais egrégio de Liberdade, Prosperidade Económica e cuidado pelo Ambiente...

O João Rodrigues, por outro lado, lamenta o colapso da URSS e encontra nela virtualidades (para os que viviam fora dela, claro), mau grado os seus crimes. Isto a mim parece-me de um franco desrespeito pelas suas muitas vítimas, para começar...

Se algumas das pessoas que aqui postam se limitassem a uma posição soberanista social-democrata, crítica de todo o tipo de ditaduras, incluindo as de Esquerda, como na URSS, na RPC, em Cuba, na Venezuela, etc, eu teria pouco por onde as criticar.

Poderia, como aponto ao Jorge Bateira, criticar-lhes a falta de detalhe das suas propostas políticas, porque se a Esquerda quer fazer uma crítica séria do Capitalismo, convém que enumere os riscos e as oportunidades de tais políticas. Não basta interpretar, é preciso transformar, dizia alguém :), e convém que para se transformar não se reduza tudo primeiro a ruínas, mau grado o entusiasmo que os leninistas de sofá de todas as cores têm por elas...

Eu sei que a Direita pode ser demagógica, mas a Esquerda não pode, porque se assim for, as pessoas não confiam nela...

Eu certamente não confio em quem me diz, não te preocupes com os detalhes, depois logo se vê. Não tenho o respaldo de uma posição no funcionalismo público que me permita não me preocupar com o estado das minhas poupanças, por exemplo. É uma posição de classe(-média), se quiser :) ...

Mas não é apenas isso que aqui se lê, o que se encontra é um enviesamento que acaba por branquear regimes muito pouco recomendáveis...

Quanto à censura do Facebook, é natural. Se alguém diz que o Rei vai nu, e vai, o Facebook censura. Toda a nudez será castigada :) ...

O João Ramos de Almeida que experimente escrever um post sobre as falhas do Socialismo Real, ou a crise dos anos 70 que levou à ascensão do neoliberalismo (muito embora o uso dessa palavra reduza uma realidade complexa a uma mera caricatura), para ver se também é censurado... Um pouco de auto-crítica é saudável...

Se não for, admitirei que desta vez não se trata disso :) ...

São Canhões? Sabem mesmo a manteiga... disse...

o facebook censura tudo, quanto ao mercado ele vem por aí abaixo com o novo coronavirus sempre a abrir

Anónimo disse...

É habitual desaparecerem comentários do facebook, mesmo sem texto ofensivo.

Mário Reis disse...

Oh JS na boa, não respondo por ódio, inveja, ressentimento, mas que chega a ser patético a sua argumentação repetitiva e de democrata equivocado, de café.
Então veja:
A experiência da URSS entre outras a que recorre para justificar o anticristo e o deus dos fariseus: o dinheiro a qualquer preço, devia ser amor incondicional (primeira tentativa em muitos aspectos conseguida de libertação e fim de formas de opressão) e não um ódio estúpido baseado em falsidades e o papaguear de hegemonia da narrativa liberal.
O marxismo, as forças de esquerda consequente, foram ridicularizados precisamente por falar da humanidade, da exploração, da salvaguarda dos recursos naturais, por falar de um coração de um mundo sem coração.
E, era bom não esquecermos o monstro.

Mário Reis disse...

JS antes que saque do discurso liberal de que a esquerda revolucionária só fez cagada, nada prestou, foi horror, gulag, ditadura, tudo deu errado e sem proveito, é pensar no estado do mundo no inicio do século XX e no que representou revolução russa apesar do cerco e agressão dos donos do mundo: a Russia czarista, a cativeira dos povos; a maioria da humanidade a viver segundo regimes coloniais pelo 'mundo civilizado', povos sem direito ao reconhecimento humano e trabalho análogo a escravidão. Veio o nazismo e não foi nenhum capitão américa de bigode que chacinou aquela máquina de ódio, nem o barrigudo racista, do coaching e de charuto. Foi essencialmente o povo soviético de mais de 50 nacionalidades mobilizado pela sua revolução. Com a derrota do nazismo, começou a falar-se de direitos humanos, que o racismo e o colonialismo era uma coisa má, a ONU trabalhou para elaborar uma carta universal para dar corpo a ideias que constavam da Constituição da URSS desde 36. No plano social e humano a revolução soviética foi dos mais importantes marcos do século XX. Digo com isto como se tudo tivesse sido bonito, que o que dizem os liberais é mentira ou que é a CIA comprou toda a gente para dizer mal da URSS? Não! Mas é necessário olhar para experiência e perceber a conjuntura história, as fontes teóricas e como, onde e porque se errou. Não pode é negar que os comunistas tiveram um papel fundamental na história do séc. XX e na modernidade em geral. O que o JS faz em cada comentário que aqui deixa é destilar anticomunismo, deturpar a história, pretender apagar as experiências passadas e presentes, ignorar as condições terríveis, mesmo criminosas, que a classe dominante impõe aos povos que se lhes atravessam... Não é um chuto na escada, é a chacina e a morte sem contemplações.
Para si não há alternativa ao desenvolvimento do capitalismo, que se tem consolidado nos últimos 40/50 anos, porque tem dinheiro a rodos, e se formou como bloco homogéneo desde sempre apoiado por guerras, assassínios e golpes de estado sem qualquer pudor, o domínio de meios académicos que crescentemente financia e de formação de massas que controla.
Convém não esquecer o monstro. As tragédias atuais da Libia, do Iraque, da Siria, da Palestina, mas também da Argentina, da Bolivia, de El Salvador, do Haiti e um sem numero de outros países. Pode não ter conotações negativas para o mundo liberal cordeiro, ou que vive montado nesses povos e nos seus recursos, mas são bem o exemplo do desespero e do que são capazes de fazer ao mundo, autorizados por democratas liberais zarolhos e emocionados.
Sim, os comunistas foram derrotados em algumas das experiências do século XX. Parece chatear que ainda assim, não se conformem com a miséria ultraliberal que destrói recursos, nega a condição de ser humano a milhões e milhões Homens e espalha a guerra e destruição entre os povos. Mas é por isso que respeito e admiro os que pensam e agem lutando na teoria e na pratica por soluções alternativas e emancipadoras, como é corrente neste blogue.

Vitor Correia disse...

Também já reparei que o algoritmo do FB anda muito intrometido - o capital tem as suas exigências... Palavras, expressões e frases perfeitamente anódinas, mas remetendo para um determinado espaço semântico/conceptual, não passam. Para mais, é tão bronco como os nossos coronéis do lápis azul. Sugiro o seguinte: fazer de conta que se pretende comprar espaço publicitário. Aí, o acolhimento do FB será caloroso...